Top5 Livros Escritos Por Brasileiras

1aee215a96803333140a69fae3bcc7f3Eeeeeeeeeeeeeeeeee hoje é dia da mulher, viva!! Para comemorar (?!!) decidi depois de muito tempo voltar ao Top5, fazendo uma lista com cinco livros escritos por brasileiras. Eu quase caí em tentação e elaborei uma lista de personagens femininas marcantes, mas aí pensei que isso seria perder o ponto: valorizar o trabalho das minas. Desculpa, homens, adoro muita coisa que vocês escrevem, mas vocês aparecerão em um outro top5 por motivos óbvios, ok?

Porque é isso, né. Igualdade. E eu não digo só em termos de validação de uma crítica que parece ver em nomes femininos estampados na capa um sinônimo de chick-lit 1. Por exemplo: dia desses li um cara argumentando que não há sexismo no mercado editorial porque olha lá a J K Rowling que ganhou milhões com o Harry Potter. Será que a gente conta para ele a razão do “J K” e não um Joanne Rowling estampado na capa? Podemos também mostrar o artigo da guria que depois de adotar um pseudônimo masculino passou a receber mais respostas das editoras. Enfim, não dá para botar a cara num buraco na terra e ficar repetindo que tá tudo bem, tá tudo certo, porque não está.

Então, justamente por isso, a ideia do top5 é lembrá-los do que acontece quando a irmã do Shakespeare ganha oportunidades. Vamos lá, fora de ordem: TOP5 LIVROS ESCRITOS POR BRASILEIRAS.

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  1. eu vou me dar ao trabalho de fazer uma nota de rodapé lembrando que eu adoro chick lit, mas que não nego que o termo tenha lá uma conotação negativa, como literatura mais rasa que se concentra unicamente na busca da mulher pelo príncipe encantado e blablabla 

Operação Impensável (Vanessa Barbara)

Acho que toda pessoa que sai de uma roubada em termos de relacionamentos amorosos eventualmente chega no momento em que junta várias pistas do que parecia mostrar de forma óbvia que aquilo era uma cilada, e então se pergunta: ONDE DIABOS EU ESTAVA COM A CABEÇA? Um questionamento injusto, convenhamos. Quando tá tudo bom, quando os hormônios ainda estão lá despirocando nossa cabeça, nosso julgamento fica completamente prejudicado. Uma coisa é ver o relacionamento depois que já acabou, outra completamente diferente é enxergá-lo enquanto ele está vivo. E tem mais: alguns eventos parecem completamente banais até o momento do rompimento, quando só aí notamos que na realidade os motivos já estavam se empilhando há tempos.

O bom de saber o futuro é que podemos selecionar, reinterpretar e editar o passado à luz do que sabemos que veio a ocorrer.

E não só é algo bastante comum em nossas vidas, mas a Literatura também está cheia de histórias sobre rompimentos e esse momento do ONDE DIABOS EU ESTAVA COM A CABEÇA?. O que parece que poucos até hoje conseguiram perceber é que muitas vezes não é só uma questão de hormônios exaltados ou fatos escondidos que nos levam ao que seria uma cegueira temporária. O lance é que bem, a resposta às vezes é simples. Nossa cabeça estava num bom lugar, porque estávamos felizes e as coisas iam bem.

E digo tudo isso porque provavelmente o que mais gostei em Operação Impensável de Vanessa Barbara1 foi o trabalho da autora em mostrar esse momento de paz. Aliás, não estou usando por acaso o termo aqui – como a narradora Lia é uma historiadora especialista em Guerra Fria, as quatro partes do livro são divididas exatamente como fases do conflito: Período de paz, Early War, Mid-War e Late War (já volto a falar da divisão). Continue lendo “Operação Impensável (Vanessa Barbara)”


  1. A primeira edição pela Biblioteca Pública do Paraná era bem chatonildo de achar por aí, agora benzadeus, está saindo pela Intrínseca e super acessível 

Só para manter o registro

O bom e velho post com um breve comentário sobre livros que li mas dos quais não falei aqui.

The Subject Steve (Sam Lipsyte): Fiquei sabendo sobre esse livro porque a Sutil Companhia tinha feito uma peça baseada nele, mas como só tinha livro de papel fiquei me enrolando até sair uma edição para o kindle. Enfim, é legal, mas acho que fiquei no “meh” porque li com as expectativas lá no alto já que outros dois livros que renderam peça da Sutil eu adorei, Alta Fidelidade (A Vida é Cheia de Som e Fúria) e Love is a Mixtape (Trilhas Sonoras de Amor Perdidas).

A proposta é bem maluca e o desenvolvimento mais ainda: um cara saudável (Steve) é diagnosticado com uma doença que lhe dá poucos dias de vida. Detalhe é que mal avançamos na leitura e ficamos sabendo que o que o que Steve tem é meio que o que todos nós temos: a certeza de que morreremos eventualmente já que estamos vivos.

Boa parte das melhores piadas saem disso, mas a metralhadora do Lipsyte dispara para todo lado da nossa vida “moderna” e todas as maluquices inclusas no pacote. Em um outro post já tinha comentado um tico dele aqui, dizendo que “é um livro com bons momentos mas que não mexeu comigo o suficiente para sentar aqui e escrever sobre ele. Basta dizer que tem uma pitada de Tibor Fischer (alou, Sol!), que tem uma ideia bem sacada só que em determinado momento ele começa a se repetir tanto, tanto, que cansa. Seria uma novela excelente, e é um romance mediano“.

“Was I living?” I said.

“Wow”, said Desmond. “Don’t talk. Don’t say another thing. Those should be your last words. Mythic, man. I knew you had style.”

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Melhores (e piores) leituras de 2013

Então, sem mais enrolações, a listinha do ano. Clicando no link do título do livro você poderá ler minha resenha (trocentos anos escrevendo sobre livros e ainda não gosto de chamar post de blog de resenha, mas vá lá), por isso o comentário aqui no post é mais breve. Só ressaltando que a lista não conta só com livros lançados em 2013, por isso chamo de “melhores leituras” e não “melhores lançamentos”.  E quando eu vi que ia dar uma roubada descarada com mini-listas, resolvi fazer um top 10 mesmo (só para explicar a quebra de ~~tradição~~, já que normalmente faço só top5). Vamos lá, para a lista:

MELHORES LEITURAS DE 2013

1. Haunted (Chuck Palahniuk)

Eu sou da opinião que livro bom é livro que fica com você mesmo depois de muito tempo, e Haunted é exatamente o caso. Li em junho mas ainda não posso ver uma piscina e não lembrar da história do Saint Gut-Free e aí consequentemente de como esse livro mexeu comigo. E é isso: a galeria de personagens criada pelo Palahniuk acaba te assombrando, objetos ordinários fazem com que você lembre dos relatos extraordinários de cada um dos confinados. Mas mais do que os contos que mostram o que fez com que aquelas pessoas fossem ao “retiro de escritores”, o comportamento delas no tal retiro é bastante chocante também, e acaba trazendo bastante questões sobre a natureza humana. Saiu no Brasil como Assombro, pela Rocco.

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Noites de Alface (Vanessa Barbara)

Otto e Ada viveram juntos na casa amarela por muitos anos, até que um dia Ada morre, e Otto fica para trás tendo que lidar não só com a perda da esposa, mas com a solidão que chegara depois de anos pensando e fazendo tudo em dupla. Assim, pense em uma versão com idosos de alguns versos de I just don’t know what to do with myself: I just don’t know what to do with myself/Don’t know just what to do with myself/I’m so used to doing everything with you/Planning everything for two/And now that we’re through… Esse será o motor principal de Noites de Alface, de Vanessa Barbara. Infeliz com a perda da esposa, Otto mescla memórias dela com observações que vai fazendo da vizinhança da cidadezinha do interior, “adivinhando” o que acontece nas outras casas a partir do que Ada lhe contara, e dos barulhos que escuta.

E aos poucos, nós mesmos vamos conhecendo a vizinhança, num modelo que de certa forma se aproxima de The Brief History of the Dead que eu acabei de ler, com um capítulo concentrado em uma personagem. A diferença é que se no livro americano eu não achei que as personagens foram bem desenvolvidas dentro desse modelo, em Noites de Alface eu fiquei surpresa como a autora conseguiu desenvolver tão bem cada uma das figuras da cidadezinha, de torná-las tão palpáveis e carismáticas ao ponto de prenderem sua atenção mesmo que o que esteja retratado ali seja mero cotidiano: datilografa, vende remédio, bate iogurte no liquidificador, etc. Não há nada de realmente extraordinário (pelo menos aparentemente, já falo disso), mas cada um deles acaba conquistando sua atenção, como se fossem todos protagonistas junto ao Otto.

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