O enredo encanta porque, embora melancólico, é de uma doçura surpreendente. Temos inicialmente um pescador chamado Crisóstomo, que ao chegar nos 40 anos se dá conta que por conta de fracassos na vida amorosa é agora um homem sem filho. E ele realmente acredita que um filho o tornaria completo, tiraria dele uma tristeza na qual mergulhara. “Via-se metade no espelho porque se via sem mais ninguém, carregado de ausência e silêncios como os precipícios ou poços fundos“. Sai então procurando alguém que o aceite como um pai, para encontrar Camilo, metade como ele que com Crisóstomo forma algo inteiro, completo. Até que o menino sugere ao pai que busque uma mulher, para que seja o dobro.
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a máquina de fazer espanhóis (valter hugo mãe)
Já tinha ouvido falar em valter hugo mãe, apontado como um dos grandes nomes da literatura portuguesa do momento. Mas eu realmente não fazia ideia de que sua prosa teria tanta força, tanto esteticamente quando do ponto de vista dos temas que aborda (e como o faz). A comparação com José Saramago (outro lusitano) é inevitável, mas há de se fazê-la considerando como algo positivo. Não trata-se de autor sem talento querendo copiar um grande mestre. valter hugo mãe tem influência clara, mas estilo próprio.
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