(Antes que alguém pergunte: sim, é o Moss do IT Crowd)
Aproveitando que finalmente O Duplo está chegando aos cinemas do Brasil (vão ver, é muito bom!), me parece um bom momento para comentar sobre Ayoade on Ayoade, de Richard Ayoade. Ao ficar sabendo que o livro consiste basicamente em um diretor de cinema se entrevistando, não tenho dúvidas que você deve pensar que as definições de punheta foram atualizadas.
Mas calma. É o Ayoade. Em mais de 300 páginas ele consegue falar muito mais de cinema (e cultura pop) do que sobre si mesmo – até porque, como responde em determinado momento, tudo o que está dito ali sobre ele é mentira (ou, talvez usando um termo mais apropriado, ficção).
Eu não vou entrar nos méritos de definições e afins, tenho certeza que já falaram muito sobre shipping por aí (se você não faz ideia do que estou falando, pula na wiki e depois volta para cá). A questão é que de uns tempos para cá percebi o quanto eu sou azarada nessa coisa de shippar. Tão azarada que dia desses, ao perceber que mais uma vez torcia por um casal que nunca ficaria junto, até cantarolei no twitter:
O que acho engraçado é que isso não acontece tanto com filmes ou livros, meu lado noveleira só fala mais alto quando estou assistindo séries (e quando eu era mais nova, com o X-Men, hehe). Pensando aqui, acho que desde Brenda e Dylan em Barrados no Baile, minha torcida nunca deu certo. NUNCA. E nem é só questão de dois personagens que eu achava que tinham algo a ver nunca ficarem juntos, porque até quando finalmente engatavam um relacionamento, acontecia algo e pans, eles se separavam/morriam/insira aqui um outro final infeliz. Quer ver como sou pé frio? Está aí o meu top5 que não me deixa mentir.
Uma mulher que entende lhufas sobre o universo geek por algum motivo aleatório passa a se relacionar com nerds. Não, eu não estou falando de The Big Bang Theory (que olha, até achava engraçadinha no começo, mas piiiiuf), mas de uma série britânica que foi lançada um ano antes, chamada The IT Crowd. Ok, paremos com as comparações aqui, porque The IT Crowd toma um outro rumo (e talvez por isso me agrade mais): não é só sobre ser nerd, e, embora algumas piadas façam referência à cultura geek, a base do show não é essa, mas a relação entre Roy, Moss e Jen e seu cotidiano como empregados de uma grande empresa. E a graça é que os três são fantásticos, nenhum usa o outro de muleta ou brilha mais. Quando você pensa “Jen é minha personagem favorita”, vem um episódio impagável com o Roy, e aí depois o Moss e assim segue.
Como toda boa comédia britânica, muito do humor vem de situações completamente nonsense em que as personagens acabam se metendo, cito por alto aqui uma em que na empresa pensam que Jen morreu e um dos funcionários acaba achando que ela é um fantasma quando a vê, ou ainda um em que Moss fica preso dentro de uma daquelas máquinas de “pescar” brinquedos. Alguns episódios são claramente montados de modo a criar essas situações inusitadas, com acontecimentos aparentemente bobos que chegam em um momento completamente hilário, como quando no começo de um episódio Moss está assistindo a um comercial que informa que o número da emergência mudou de três dígitos para vários dígitos, e aí quando precisa ligar para a emergência um tempo depois, ele não consegue recordar do número.