Em uma noite de 1918, o Czar Nicolau II e sua família foram brutalmente assassinados pelos bolcheviques na Casa Ipatiev. A tragédia que marcou o fim de uma era para os russos sempre foi cercada de mistérios, baseados principalmente no fato de que quando realizada a exumação dos corpos, faltavam dois Romanovs – que muitos supunham ser os filhos do Czar: Alexei (herdeiro direto do trono) e Anastácia. Por anos especulou-se sobre o que poderia ter acontecido com os dois e, mais ainda, o que de fato ocorre naquela noite. Com O Palácio de Inverno John Boyne nos oferece o ponto de vista de um empregado do Czar, alguém comum narrando os fatos daqueles tempos e seus desdobramentos.
Boyne foi extremamente competente na tarefa de prender a atenção do leitor usando duas fórmulas já bem conhecidas tanto no cinema quanto na literatura: a primeira é a do homem comum vivendo situações extraordinárias. Geórgui, o empregado do Czar, era um simples camponês antes de mudar-se para o Palácio de Inverno (que dá o título da edição brasileira do livro). A segunda é de começar com a história já na velhice do protagonista, mostrando antecipadamente o fim – isso causa empatia imediata, o leitor quer saber como ele chegou naquele momento, o que obviamente se revela aos poucos.
Continue lendo “O Palácio de Inverno (John Boyne)”