(Antes que alguém pergunte: sim, é o Moss do IT Crowd)
Aproveitando que finalmente O Duplo está chegando aos cinemas do Brasil (vão ver, é muito bom!), me parece um bom momento para comentar sobre Ayoade on Ayoade, de Richard Ayoade. Ao ficar sabendo que o livro consiste basicamente em um diretor de cinema se entrevistando, não tenho dúvidas que você deve pensar que as definições de punheta foram atualizadas.
Mas calma. É o Ayoade. Em mais de 300 páginas ele consegue falar muito mais de cinema (e cultura pop) do que sobre si mesmo – até porque, como responde em determinado momento, tudo o que está dito ali sobre ele é mentira (ou, talvez usando um termo mais apropriado, ficção).
Volta e meia quando você assiste a um filme baseado em um livro, o comentário é qualquer coisa como “É legal, mas o livro é melhor”. É tão comum de acontecer que algumas pessoas chegam a dar de ombros, ou mesmo fazer uma cara de enfado, como se com a linguagem corporal quisesse dizer que é óbvio que o livro é melhor. A razão para isso é bastante simples: enquanto você lê, quem molda o rosto das personagens, a ambientação e outros detalhes é você (às vezes até independente do que o narrador descreve). E meu amigo, é evidente que superar nossa própria imaginação é bastante difícil. Mas aí você acha que já tem uma regra pronta e dá de cara com um caso como Submarino. Ao menos para mim, o filme é superior ao livro, muito embora a obra em si também seja legal. Aliás, note que acaba seguindo o caminho inverso do normal: “É legal, mas o filme é melhor”.
Meu primeiro contato foi com o filme, talvez valha a pena dizer, já até falei brevemente sobre ele aqui. Tinha lá um bom tempo que via imagens dele no tumblr, pensava “Hum, acho que vou gostar desse filme”, mas sempre me enrolava, até que finalmente assisti. Quando acabou, eu já estava fazendo uma busca por informações sobre o filme (incluindo aí o choque ao descobrir que o diretor era o Moss do IT Crowd), vi que era uma adaptação e naquela mesma noite já estava lendo o livro do Dunthorne. E olha, fora uma mudança aqui e outra acolá, a versão do Ayoade é BEM fiel ao original. Como é que pode ficar tão melhor? Bem, para responder isso acho melhor seguirmos aos poucos.