Quando falei toda empolgada sobre Retrato de um assassino da Patricia Cornwell para a Kika, ela disse que tinha um pé atrás com esse livro, mais especificamente com a teoria defendida pela autora (a saber, que o pintor Walter Sickert era o famoso serial killer britânico do século XIX). Ela dizia que tinha lido uma obra que acabava com os argumentos da Cornwell, e por isso a desconfiança sobre Retrato ser realmente bom. Aí esta semana ela me emprestou Jack o Estripador, de Paulo Schmidt, o tal do livro do qual ela falava. Antes de continuar qualquer coisa aqui preciso deixar destacado que desde que acabei A vida privada das árvores (Zambra), eu estava em uma maré de preguiça com minhas leituras: começava, até achava legal mas aí acabava abandonando. Abandonei The Cuckoo’s Calling, The Radleys, e outros tantos, durou quase um mês isso, quando hoje finalmente (UFA UFA UFA) terminei um livro que comecei. Sim, exatamente este do Schmidt.
Um dos pontos altos de Jack o Estripador é o modo como o autor consegue nos transportar para a Inglaterra Vitoriana, mesclando fatos sobre os assassinatos e as investigações com o dia-a-dia dos envolvidos (algo que também gostei no texto da Cornwell). Não é uma mera descrição fria de detalhes até perturbadores (se formos pensar especialmente nas descrições das vítimas), mas um texto montado de tal forma que pequenas informações te fazem lembrar uma das principais razões para Jack não ter sua identidade revelada: era a mente de alguém do século XX contra uma polícia que na realidade parecia pertencer ao século XVIII: impressão digital, amostra de sangue e outras pistas que hoje são lugar comum em qualquer investigação hoje sequer existem. Junte a isso um lugar superpovoado, com iluminação fraquíssima e temos o cenário perfeito para que Jack o Estripador cometesse seus crimes.
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