Começando pela versão moderna – vale lembrar que quando o livro saiu, as pessoas ainda compravam cds. Não só pessoas apaixonadas por música, mas pessoas comuns. Não tinha internet para baixar trocentos mil álbuns de bandas de todos os cantos do mundo, a relação ainda era diferente. Eu nem vou me prolongar muito nisso porque sobre as diferenças o próprio Nick Hornby já comentou em um artigo que escreveu há cinco anos para a Billboard (recomendo demais a leitura).
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State of the Union
Esse poderia ser um resumo de State of the Union, série com roteiro de Nick Hornby (autor de Alta Fidelidade) e dirigida por Stephen Frears (diretor da adaptação para o cinema de Alta Fidelidade, hehe). Interpretando o casal Tom e Louise temos Chris O’Dowd (de The IT Crowd, e vá lá, depois de Juliet, Naked virou minha referência para protagonista do Hornby) e Rosamund Pike (de Garota Exemplar). Ou seja: um monte de gente bacana no projeto, não tinha como dar errado.
Alta Fidelidade (Nick Hornby)
Fiquei apaixonada, de ter algumas citações do filme escritas na agenda e por muito tempo aquela cena em que o Rob atacava o Ian foi piada minha e do meu namorado na época. Foi em outubro de 2001 que finalmente li Alta Fidelidade de Nick Hornby. É uma edição de 1998 da Rocco, com uma capa meio xumbreguinha, papel branco toscão mas que depois da primeira leitura, só emprestei para três pessoas: Alex, Sol e Fábio. Medo tremendo de perder o livro, porque nunca antes eu tinha me reconhecido tanto em uma história, e queria tê-la sempre por perto. Não que eu fosse tão fissurada por música como o protagonista, era mais em pequenos trechos que eu me via ali. Na época, eu tinha largado Jornalismo e começado Letras, estava naquela fase em que o namoro começa a entrar em crise e você passa a se arrepender de ter se afastado tanto dos amigos. Eu não estava exatamente infeliz, mas era um reflexo pálido do que era minha vida um pouco tempo antes. Então eu entendia o que Rob queria dizer sobre os habitantes de Pompéia, porque me sentia petrificada naquela situação em que estava para sempre. Entendia Laura e seu “Estou cansada demais para não estar com você”. Ou o que era ter uma Charlie em seu passado. Ou como era ser “o cara mais patético do planeta”. Enfim.
Foras da lei barulhentos, bolhas raivosas etc. (Vários)
E então vou virando as páginas e vejo que os contos contam com ilustrações legais, que o livro mantém a proposta de levar tudo com senso de humor até quando chega lá no final, com “palavras cruzadas tremendamente difíceis” e, puxa, que vontade de ler tudo logo de uma vez. Foi o que fiz. Aí começaram as decepções. A número um foi ver que o conto de Neil Gaiman não era inédito, já foi publicado no Brasil na coletânea Coisas Frágeis, que saiu pela Conrad. O conto em questão é Pássaro-do-sol, que honestamente nem é meu favorito do Gaiman. Sobre ele falarei além, mas continuemos com minha segunda decepção: descobrir que o que tem do Snicket não é propriamente um conto, mas uma introdução (embora eu ache que possa ser lido como conto, apesar do aspecto fragmentado). Sim, é muito bem sacada e tenho certeza que falará muito bem com o público-alvo do livro, mas convenhamos, não é algo exatamente original: Neil Gaiman na introdução de Fumaça e Espelhos inclui um conto dentro da introdução, como um prêmio para os que leem introduções. Snicket faz algo parecido, e até divertido, mas eu sinceramente esperava algo diferente (embora sim, um sorriso tenha aparecido no meu rosto quando li o trecho “Socorro!” gritou o Rei da Terra dos Ursinhos. “Paul Revere está me batendo com uma caixinha feita de madeira brilhante!” Continue lendo “Foras da lei barulhentos, bolhas raivosas etc. (Vários)”
Not a Star and Otherwise Pandemonium (Nick Hornby)
O livro abre com Not a Star, um conto (ou novela, parece um pouco longo mas o fato de eu estar lendo de madrugada e com sono pode ter afetado o meu julgamento) originalmente publicado em 2000. Conta a história de uma mãe que um dia descobre que o filho é ator de filme pornô. Achou ruim? Calma, piora: ela descobre também que o rapaz é extremamente avantajado. É até um conto bacaninha, gostei principalmente das divagações da narradora mais para o final. Vale lembrar também que Lynn é uma narradora feminina até bem razoável, o que acho um ponto positivo, já que o na minha opinião o Hornby não é muito feliz nas histórias com narradoras femininas.
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Everyone’s Reading Bastard (Nick Hornby)
Mas não é só por essa publicação pela Byliner que vejo Hornby circulando com muita segurança no mundo pós-internet. Enquanto alguns autores ainda têm receio de incluir temas e mesmo situações que envolvam o mundo virtual, Hornby parece usá-los como se fizesse isso desde sempre. Repare como mesmo nos livros infantojuvenis, que em teoria deveriam estar melhor conectados com essa nova realidade, a maioria dos adolescentes retratados têm um estranho desinteresse pormessengers, Tumblrs e afins (nunca esqueço da Bella de Crepúsculo pesquisando sobre vampiros… EM UM LIVRO!). Quanto aos romances “para adultos”, parece que aos poucos trocas de e-mail são incluídas, mas é um movimento bastante tímido. As personagens modernas em sua maioria parecem todas presas em 1990, ironicamente. Continue lendo “Everyone’s Reading Bastard (Nick Hornby)”
Balanço Literário: Fevereiro
Leituras em andamento: Falling Angel (William Hjortsberg) e O Despertar do Vampiro (Nazarethe Fonseca)
Livros que chegaram: A Universal History of the Destruction of Books: From Ancient Sumer to Modern-day Iraq (Fernando Baez), The Book of Lost Books: An Incomplete History of All the Great Books You’ll Never Read (Stuart Kelly), Slam (Nick Hornby), House of Leaves (Mark Z. Danielewski), O Violinista e Outras Histórias (Herman Melville), Ubik (Philip K. Dick), O Fio das Missangas (Mia Couto), Papéis Avulsos (Machado de Assis), O Despertar do Vampiro (Nazarethe Fonseca),O Império dos Vampiros (Nazarethe Fonseca), O Pacto dos Vampiros (Nazarethe Fonseca) e Kara e Kmam (Nazarethe Fonseca)
Slam (Nick Hornby)
Digo “finalmente dar uma chance” porque como fã de Hornby, eu geralmente compro o título novo assim que chega nas livrarias. Mas o enredo de Slam me pareceu meio bobo, então foi a primeira vez que adiei uma leitura do autor. A história tem como base gravidez na adolescência, e o narrador-protagonista (figura típica nas histórias de Hornby) é um rapaz ali na casa dos 16 anos, apaixonado por skate e que costuma conversar com um pôster do skatista Tony Hawk. Continue lendo “Slam (Nick Hornby)”
Juliet, Nua e Crua (Nick Hornby)
Se o livro ficasse por aí, seria um daqueles para colocar ao lado de Alta Fidelidade, com toda certeza. Os elementos estão lá novamente: a paixão pela música, a dor e incerteza da separação, o fato de perceber que os anos passaram e você não é tudo aquilo que planejou ser quando jovem. Tudo temperado com o humor típico de Hornby, é claro. Com momentos como quando Duncan fica irritado pela nova namorada não perceber o quão desorientado ele ficou com o fim de um relacionamento de quinze anos, e aí ele se dá conta que “ele tinha dito para ela que era só um arranhão e ficou chateado quando ela não ofereceu morfina”. São pequenos detalhes que estão ali nas disgressões das personagens, aquele tipo de coisa que torna Annie, Duncan e cia. “pessoas de verdade”, gente que tem uma história parecida com a sua e com quem você sentaria para conversar por algum tempo.
Top5 livros em 2009
Continuando com a tradição e aproveitando a onda de retrospectivas de final de ano, resolvi elaborar o top5 de livros lidos esse ano. Lembrando que assim como aconteceu em 2008, não são especificamente lançamentos de 2009. A surpresa para esse ano ficou por conta dos autores nacionais. Li pouquíssimos, mas mesmo assim eles são maioria na lista. E é isso. Se quiserem comentar sobre os melhores livros que vocês leram esse ano, o espaço dos comentários está sempre aberto. No mais, espero que alguns dos títulos sirvam de sugestões para quem está querendo ler algo mas não tem ideia do que.
TOP 5 LIVROS EM 2009!
Eu estava quase deixando o Seth Grahame-Smith entrar com How to survive a horror movie, mas depois lembrei de quanto me diverti me identificando com a relação de Hornby com suas leituras. É para ser divertido e consegue sê-lo do começo ao fim. Lembro até agora de algumas passagens como quando está indignado com os rumos que uma história tomou e aí comenta: “ I just sort of lost my grip on the book. Also, someone gets shot dead at the end, and I wasn’t altogether sure why. That’s a sure sign that you haven’t been paying the right kind of attention. It should always be clear why someone gets shot. If I ever shoot you, I promise you there will be a really good explanation, one you will grasp immediately, should you live.” O senso de humor do Hornby afiadíssimo como sempre, falando de algo que eu adoro. Tinha que vir para o top5.
Eu já ouvi comentários de que ele se inspirou bastante (digamos assim) no livro Uma Questão Pessoal, de Kenzaburo Oe. Como só li O Filho Eterno, prefiro não entrar nesse campo. A verdade é que embora breve, a obra de Tezza é forte, daquelas que realmente mexem com o leitor fazendo não só com que pense sobre o que está ali escrito, mas também sinta. Como já comentei antes, é a melhor prova de que um livro não precisa ter dezenas de inovações estilísticas para ser um bom livro. Uma história que ganhe o leitor como acontece em O Filho Eterno já basta.
Eu preciso confessar que o que chamou minha atenção inicialmente era o enredo, envolvendo zumbis. Um faroeste com zumbis, pense só. E a medida que você vai conhecendo Mavrak (cidade que é quase uma personagem dentro do romance) logo percebe que não se trata de uma obra sobre zumbis, mas com zumbis. O conflito do narrador com suas lembranças, uma tentativa de conhecer-se através do passado, reconstruir-se. Para não falar de recursos que Xerxenesky utiliza, rendendo momentos ótimos que vão além da contação de história.
Leminski não se dedicou tanto à prosa quanto à poesia, o que não deixa de ser uma pena se considerar os trabalhos com os contos (como pode ser visto na coletânea Gozo Fabuloso) e com Catatau, o romance ideia. Quase que uma releitura tupiniquim (e caótica, muito caótica) de Esperando Godot de Beckett, aqui temos um Descartes alucinado no Brasil, esperando por Artiscewsky. O leitor é tragado pelo fluxo de consciência do narrador (Descartes), deixando a lógica completamente de lado. Há ritmo, quase como se fosse para ler em voz alta, um romancepoema inesquecível.
Mais zumbis? Sim, mais. Mas mesmo que você não seja lá muito fã de histórias com mortos-vivos, vale a pena a leitura pelo que Max Brooks faz com o que já é um tema tão batido. A ideia da contrução da história a partir de depoimentos dos sobreviventes do que seria uma guerra mundial contra os zumbis é perfeita para uma metáfora sobre como é fácil simplesmente deixar a humanidade de lado. É uma obra marcante, uma pena que ainda não tenha tradução para o português, embora eu ache que com o filme que está para sair logo chega por aqui.