Areia nos Dentes (Antônio Xerxenesky)

Desde agosto do ano passado, quando li uma resenha da Ágata lá no blog do Meia Palavra comentando esse livro morro de vontade de ler. O fato do autor ter sido tão bacana e topado uma entrevista (10 perguntas e Meia de abril desse ano) aumentaram ainda mais a curiosidade. Faroeste. Com zumbis. Eu sei, eu sei. Eu me vendo fácil para esse negócio de histórias de zumbis, mas no caso de Areia nos Dentes eu fico mais do que feliz por isso. Porque é um daqueles livros que eu colocaria fácil, fácil entre um dos melhores que li esse ano. E ó, nem tem tanto zumbi assim.

A narrativa mostra um sujeito tentando recuperar a história da família ao escrever um livro sobre os tempos em que viviam em um povoado no sul dos Estados Unidos. Aos poucos o narrador vai interrompendo a narrativa, seja por um problema com o computador, seja por embriaguez. E quando você já está afoito pensando: cadê os zumbis, cadê, cadêêê?, Já era.  Xerxenesky já prendeu sua atenção e você quer saber dos dois Juans. Você já consegue sentir o calor e a poeira da Mavrak, cidade dos antepassados do narrador.

Continue lendo “Areia nos Dentes (Antônio Xerxenesky)”

Noturno (Guillermo Del Toro e Chuck Hogan)

Eu não me canso de comentar aqui que um dos meus filmes de terror preferidos de todos os tempos é A Espinha do Diabo, com roteiro e direção do Guillermo Del Toro. E tem um dos filmes mais bacanas que vi recentemente que também carrega a assinatura do Del Toro, O Labirinto do Fauno. Então é natural que eu tenha ficado extremamente curiosa sobre o tal do “livro de terror de Guillermo Del Toro”, certo? Poisé, acabei encomendando The Strain (que chegou nessa semana nas livrarias brasileiras como Noturno), fazendo essa pequena equação na minha cabeça: imagens horripilantes no cinema + bons sustos no cinema = certeza de que na literatura será assim.

Bem. Não é bem assim. É uma obra muito legal, e dá para dizer que pelo menos uns dois terços dela pegam fogo e fazem você devorar todas as páginas. Mas chega para o final e perde o gás. É quase como se fosse uma montanha-russa cheia de loopings que acaba numa sequência meio boba de retas. O resto desse post eu vou dividir em dois tópicos: PARA OS QUE SABEM QUEM SÃO OS VILÕES DO LIVRO e PARA QUEM NÃO FAZ A MENOR IDEIA DE QUEM SÃO OS VILÕES DO LIVRO. Para Noturno ser uma experiência bacana, eu acho fundamental que você tente buscar menos informações possíveis sobre o livro quando for ler, então caso se enquandre no segundo caso, leia só essa parte. MESMO.

Continue lendo “Noturno (Guillermo Del Toro e Chuck Hogan)”

Dicas Literárias II

  • O terceiro (e último) livro da série Millenium de Stieg Larsson chega no Brasil agora no dia 9 de setembro, com o título “A Rainha do Castelo de Ar“. Já dá para encontrar a obra em pré-venda em várias livrarias virtuais.
  • O blog do Meia Palavra publicou hoje o primeiríssimo 10 Perguntas e Meia internacional, com Daniel Waters. Ele escreveu Generation Dead, livro do qual falei aqui no Hellfire no final do ano passado.
  • Agora no final de agosto teremos a 1º Bienal do Livro de Curitiba (mais precisamente do dia 27/8 até 04/09), contando com a presença de nomes como Carlos Heitor Cony, Rubem Alves, Domingos Pellegrini, Cristóvão Tezza e Moacyr Scliar, entre outros. , ‘Bora agitar uma caravana lá no Meia Palavra, pessoal _o/
  • Ótima dica do Palazo: The Book Seer. Você informa um livro que acabou de ler e ele utiliza os dados da Amazon e do LibraryThing para dar sugestões de leituras parecidas para você. Bem legal para quem quer ler algo mas variar um pouco.
  • Saraiva com desconto progressivo em toda a categoria de Livros. Se comprar 2 livros você ganha 10% de desconto, 3 você ganha 15% e 4 é 20%. Vale a pena para aproveitar e comprar aqueles que você sempre deixa para depois por serem um pouco mais caros que os demais.

2001: Uma Odisseia no Espaço (Arthur C. Clarke)

Eu não sei quantos de vocês já viram o filme de Stanley Kubrick, 2001: Uma Odisseia1 no Espaço. Reza a lenda que é o melhor filme de ficção científica de todos os tempos, opinião que eu não posso contrariar uma vez que essa nem é minha praia. Verdade seja dita, essa nunca foi minha praia. O fato de viver com um nerd acaba trazendo certas consequências, e uma delas é de quando em quando ler um sci-fi. Mas ok, eu acho que fico ali com o Philip K. Dick mesmo, não me leve à mal Arthur C. Clarke.

Nada contra espaçonaves e afins. É só que é descritivo demais. Obviamente eu fico pasma ao constatar que o cara conseguiu “profetizar” muito do que viria no campo das viagens espaciais, mas quando eu leio um livro eu espero mais do que a descrição de um quadro, digamos assim. E antes que comecem a atirar pedras: eu gostei do livro. Só não achei que seja um daqueles que mudaram minha vida após a leitura. Li porque a narrativa flui bem, porque tinha curiosidade e porque, diabos! Porque dizem que o livro explica aquele final wtf do filme.

Continue lendo “2001: Uma Odisseia no Espaço (Arthur C. Clarke)”


  1. sou só eu ou vocês também acham estranho o título pós-reforma ortográfica?  

Cristal na Veia (Nic Sheff)

Livros sobre ex-viciados relatando o período no qual consumiam drogas dificilmente são muito diferentes entre si. Quando você começa a ler algum título como Christiane F., Trainspotting ou mesmo o lançamento da editora Agir, Cristal na Veia, invariavelmente somos apresentados à personagens que começaram a drogar-se para escapar de uma realidade incômoda, acreditavam ter controle sobre o consumo e em dado momento se dão conta do estrago que fizeram em suas vidas por causa da dependência química.

Por causa disso, o interessante em livros desse tipo não é exatamente o que se conta, mas como se conta. No caso de Nic Sheff, ele consegue se destacar com o segundo. A escolha é a de uma narração em primeira pessoa, carregado de marcas de oralidade que dão a sensação de que ele está ali, na sua frente, contando como um rapaz de 18 anos se envolveu com a metanfetamina e luta para retomar (e agora manter) o controle da própria vida.

Continue lendo “Cristal na Veia (Nic Sheff)”

Livros grátis (e porque isso pode ser um bom negócio)

E percebia o interesse das pessoas por Literatura quando observava que ao falar de novas tecnologias e os livros, invariavelmente as notícias eram sobre leitores no estilo do Kindle. É muito raro sair alguma nota falando sobre algum escritor pop star puto da vida processando um moleque por disponibilizar o download de seu livro na internet (como aconteceu com o Guns, só para não cair na mesmice de falar da briga do Metallica com o Napster) ou artigos comentando a crise no mercado editorial1 por conta de downloads ilegais de obras.

Aí comecei a observar algo que acontece com bastante frequência lá no Meia Palavra. Uma pessoa comenta sobre um livro que acabou de ler, e outras tantas vão procurar – seja comprando o livro, seja baixando da internet. Ok, a editora não vai ganhar o dinheiro no segundo caso, mas temos aí mais um grupo de pessoas que sugerirão o título para um outro grupo, que sugerirá para outro… e assim vai. Resumindo: as pessoas lerão.

Continue lendo “Livros grátis (e porque isso pode ser um bom negócio)”


  1. verdade seja dita, aqui no Brasil o tal do mercado editorial aparentemente tá sempre em crise, já que sempre falam que brasileiro não lê, né. 

Dicas literárias

  • O segundo livro da série que inspirou True Blood chega dia 24 desse mês com o título Vampiros em Dallas. Lembrando que o primeiro saiu por outra editora (Ediouro) com o título Morto até o Anoitecer.
  • Knolex ganhou a benção do Mr. Gaiman para traduzir o ótimo conto Como falar com garotas em festas. A tradução está disponível lá no Vida Ordinária.
  • O Meia Palavra junto com a Editora Agir e a Editora Frog lançou a promoção Cristal na Veia. Veja aqui como participar.
  • Tá todo mundo comentando, mas acho que vale divulgar: Submarino anda com umas promoções beeeem interessantes. Livros de fantasia a partir de R$9,90, o que inclui as novas edições da Martins Fontes de O Hobbit e O Silmarillion e as antigas de O Senhor dos Anéis por R$12,90. Comprando todos você gasta R$59,90. Eta jeito bom de engordar a biblioteca!

Ah, as personagens!

Falando sério, acho que alguns livros não são legais necessariamente por causa do enredo, mas por causa das personagens. Aquela coisa, história não muito original, mas aí chega aquela figura que se destaca por dizer coisas que você adoraria ter dito, ou por agir de um jeito que às vezes só funciona na Literatura mesmo. Eu tenho certeza que você já passou por isso também – assim como sei que em algum momento na adolescência até uma paixão platônica deve ter aparecido (ou no mínimo o desejo de poder conhecer a personagem na vida real).

Foi pensando nisso que resolvi fazer esse meu top5, só com meus personagens favoritos de todos os tempos. Se eu lembrar, estenderei isso para o cinema também. E fique à vontade para postar sua lista aqui nos comentários, até porque aquela coisa, consequentemente acaba virando sugestão de leitura para todos, né?

Continue lendo “Ah, as personagens!”

O Clube do Filme (David Gilmour)

Ok, acho que passou a maré ruim, finalmente um livro que não fiquei lutando para chegar até o fim. O Clube do Filme é uma história sobre um pai que ao ver o filho odiando a escola resolve oferecer para o garoto a opção de largar os estudos, e não precisar trabalhar nem pagar aluguel, desde que assistissem juntos pelo menos três filmes por semana. Então que eu achava que David Gilmour era o cara do Pink Floyd (e é), mas o autor do livro é um outro David Gilmour, jornalista canadense.

Enfim, a verdade é que eu acho que o charme do livro não é a relação dele com o menino Jess (embora tenha lá alguns bons momentos, especialmente quando estão falando de mulheres), mas as impressões/apresentações de Gilmour sobre os filmes que passará para o filho. Alguns dos filmes dos quais ele fala eu nunca vi, e com um parágrafo só ele fez com que eu ficasse morrendo de vontade de assistir, só para ter uma ideia.

Continue lendo “O Clube do Filme (David Gilmour)”

Como ser legal (Nick Hornby)

Acho que entrei em uma fase ruim no que diz respeito aos livros. Primeiro foi o Pride and Prejudice and Zombies do Seth Grahame-Smith. A decepção foi tamanha que não deu nem vontade de vir escrever sobre ele aqui no Hellfire, e por pelo menos umas quatro vezes pensei em largar sem terminar de ler. Pois é, se você quer dar umas boas risadas com algo que o Grahame-Smith escreveu, acho que o negócio é ficar com o How to Survive a Horror Movie, mesmo.

Eis que ontem (finalmente) acabo o How to be Good do Nick Hornby (lançado aqui no Brasil “Como ser Legal”). Quando incluo o finalmente é porque foi uma leitura arrastada, que durou mais de uma semana e sim, novamente aquela vontade incontrolável de largar o livro e ler outra coisa. Tá loco, nem parece o Nick Hornby.

Continue lendo “Como ser legal (Nick Hornby)”