Não me admira muito que resenhas, orelhas e tudo o mais que falem sobre o livro tragam à tona o nome do escritor Henry James. Apesar da tradução do título aqui no Brasil, o livro em muitos momentos é quase como se A volta do parafuso fosse recontado sob o ponto de vista das crianças, tamanha a semelhança com tema e estrutura. Continue lendo “A menina que não sabia ler (John Harding)”
Tag: Literatura
A sombra da Guilhotina (Hilary Mantel)
E é pela importância desse momento histórico que não surpreende em nada o tamanho (784 páginas) de A Sombra da Guilhotina, de Hilary Mantel. No prefácio a autora chega inclusive a se desculpar por ter que deixar muita coisa de fora, o que mostra o quão complexo pode ser um romance sobre a revolução francesa. E de fato o é, mas Mantel consegue conduzir a história de modo interessante e mais ainda, cativante. Continue lendo “A sombra da Guilhotina (Hilary Mantel)”
O amante de Lady Chatterley (D. H. Lawrence)
Prender-se apenas ao romance de Lady Chatterley com o guarda-caça Oliver Mellors, ou mesmo ao teor “pornográfico” do texto é quase um pecado. A obra de Lawrence vem forte como representante de uma nova Inglaterra que veio a surgir com o fim da Primeira Guerra Mundial. O declínio de um império, a adaptação da nobreza a uma nova realidade. Mesmo que predominantemente de forma sutil, tudo isso está lá, seja no apito da mina que avisa Lady Chatterley que é hora de voltar, seja no que a Guerra fez com os dois homens da vida da personagem. Continue lendo “O amante de Lady Chatterley (D. H. Lawrence)”
Top5 livros em 2010
E como eu adoro tradições, e mais ainda este clima de retrospectiva que impera no final do ano, vamos lá para o top5 de leituras de 2010. Fiz em 2007, 2008 e 2009, e no caso desta lista vale qualquer coisa lida durante o ano, não necessariamente livros que foram lançados agora. 2010 teve pouco daquelas paixões arrebatadoras, o que não significa que não tive meus bons momentos de leitura. Menos brasileiros este ano, o que me deixou com vontade de estipular como meta para 2011 ler mais do que é feito aqui. Vamos ver se eu cumpro isso, hehe.
O começo do ano foi bem devagar, até porque estava trabalhando. Agora com a licença maternidade meu ritmo de leitura subiu um monte, e a maioria dos livros do top5 são, talvez por coincidência, da segunda metade de 2010. Segue então meu top5, lembrando que os links nos títulos levam para os posts que publiquei sobre os livros.
Ficção de Polpa Vol.1 (Vários)
Ficção de Polpa da Não Editora chega justamente para desmentir essa ideia. Ao convidar vários escritores para formar a coletânea, a proposta segundo (Samir Machado de Machado na introdução) era esta: criar um conto de ficção científica, fantasia ou horror com completa liberdade temática. E os autores souberam aproveitar essa liberdade sem usar o conto como “meio” para apresentar brasilidades, eles fazem ficção brasileira, e de qualidade – sem a artificialidade de elementos inclusos única e exclusivamente para dizer que bem, é ficção feita no Brasil. Continue lendo “Ficção de Polpa Vol.1 (Vários)”
A elegância do ouriço (Muriel Barbery)
Inicialmente somos apresentados aos dois fios que conduzem a história: a narrativa da Sra. Michel, uma zeladora de um edifício luxuoso de Paris; e os escritos diários de Paloma, uma menina de doze anos que vive no mesmo prédio que a Sra. Michel e está decidida a fazer duas coisas no dia do aniversário, suicidar-se e atear fogo no apartamento. Continue lendo “A elegância do ouriço (Muriel Barbery)”
Morte na Mesopotâmia seguido de O caso dos dez negrinhos
Tanto Morte na Mesopotâmia quanto O caso dos dez negrinhos foram roteirizados por François Rivière. É óbvio que muito se perde na adaptação, mas Rivière consegue fazer um trabalho razoável na transposição do texto para a linguagem dos quadrinhos. Talvez apenas Morte na Mesopotâmia tenha sofrido alguns cortes que atrapalharam um pouco o ritmo, mas O caso dos dez negrinhos segue eletrizante do começo ao fim – tal como na obra escrita por Agatha Christie. Continue lendo “Morte na Mesopotâmia seguido de O caso dos dez negrinhos”
Bonequinha de Luxo (Truman Capote)
São pequenas manias (como coçar o nariz quando sua privacidade é invadida), o jeito tagarela, inocente e ao mesmo tempo esperto, sonhador e calculista. Não dá para explicar. É uma combinação de elementos que prendem ao leitor da novela porque ele quer mais Holly, saber mais dela. Dia desses ao falar de Amuleto (Roberto Bolaño) comentei sobre a dificuldade de um homem escrever uma personagem feminina e de como eram raros os que conseguiam fazer isso sem cair em clichês. Pois bem, coloquem Capote na lista. Holly é a personagem feminina mais encantadora da qual tenho lembrança. Continue lendo “Bonequinha de Luxo (Truman Capote)”
Os Gatos (T.S. Eliot)
Já conhecia as poesias porque elas estão naquela edição de Obra Completa que saiu pela Arx, com tradução de Ivan Junqueira. Mas ontem enquanto arrumava os presentes de Natal, não resisti e lá fui eu reler as histórias dos bichanos como Mister Mistófelis, Rim Tim Tantã e Gogó. É tão divertido que nem dá para sentir o tempo passar, especialmente se você for um gateiro.
Fight Club (Chuck Palahniuk)
O que falarei sobre isso se baseia em um spoiler, então se você ainda não assistiu ou leu Fight Club, faça um favor para você mesmo e vá atrás disso agora. MESMO. AGORA. Vale muito a pena. Ok, agora que quem não teve contato com o clube já saiu daqui, vamos aos comentários sobre a diferença principal entre um e outro.