Se em muitos casos o que salta aos olhos é o modo como se narra uma história, aqui o importante é de fato a história. Não que a escrita de Coetzee não seja digna de nota, pelo contrário: ele consegue fazer uma prosa que flui muito bem, sem qualquer excesso que venha a causar enfado ao leitor. A tensão vai sendo construída aos poucos, de modo que chega um momento em que não se quer largar o livro. Mas mesmo assim, a força de Desonra está nos diálogos e no desenvolvimento da trama e das personagens.
Tag: Literatura
Balanço Literário: Fevereiro
Leituras em andamento: Falling Angel (William Hjortsberg) e O Despertar do Vampiro (Nazarethe Fonseca)
Livros que chegaram: A Universal History of the Destruction of Books: From Ancient Sumer to Modern-day Iraq (Fernando Baez), The Book of Lost Books: An Incomplete History of All the Great Books You’ll Never Read (Stuart Kelly), Slam (Nick Hornby), House of Leaves (Mark Z. Danielewski), O Violinista e Outras Histórias (Herman Melville), Ubik (Philip K. Dick), O Fio das Missangas (Mia Couto), Papéis Avulsos (Machado de Assis), O Despertar do Vampiro (Nazarethe Fonseca),O Império dos Vampiros (Nazarethe Fonseca), O Pacto dos Vampiros (Nazarethe Fonseca) e Kara e Kmam (Nazarethe Fonseca)
O violinista e outras histórias (Herman Melville)
O livro traz sete contos de Herman Melville, (muito bem) traduzidos por Lúcia Helena de Seixas Brito. São como pequenos recortes da vida do século XIX, e talvez por isso mesmo acabará agradando bastante aqueles que tem gosto pela literatura da época. Mas o que se destaca nesses contos é como a leitura que se faz deles pode ser tão atual mesmo nos dias de hoje.
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O estranho mundo de Zofia e outras histórias (Kelly Link)
Para quem acha que elementos fantásticos como bruxas, fantasmas e zumbis são coisa para livros de crianças, talvez devesse dar uma conferida nos contos de Kelly Link. Morte, solidão, aquela sensação de não se encaixar – está tudo ali, mesmo com a presença do sobrenatural, que aparece para dar contornos de fábulas ou contos de fadas à histórias na realidade bastante urbanas.
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Um dia de chuva (Eça de Queiroz)
O enredo é bastante simples, não vai além do que o próprio título já diz. José Ernesto, um homem da cidade grande resolve comprar uma quinta no interior de Portugal. Porém, ao chegar ao local rapidamente tem sua visão ideal do local desfeita pelo dia de chuva que dá nome ao conto. Sem ter o que fazer ou para onde ir, acaba se entretendo através de conversas com o padre da região.
Medo e Delírio em Las Vegas (Hunter S. Thompson)
Na realidade, a história por trás de Medo e Delírio em Las Vegas é a seguinte: Thompson estava fazendo uma reportagem para a Rolling Stone sobre Rúben Salazar, usando o ativista e advogado Oscar Zeta Acosta como principal fonte para a matéria. Acosta, como o nome já indica, tinha origem mexicana, o que tornava complicada a conversa com um homem branco em tempos de tensão racial em Los Angeles, portanto os dois buscaram uma oportunidade para que conversassem em outro lugar. A tal “oportunidade” surgiu quando a revista Sports Illustrated ofereceu para Thompson um trabalho cobrindo um evento em Las Vegas, o 400 Mint.
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Papéis Avulsos (Machado de Assis)
Minha grande surpresa é que mesmo as releituras viraram novas leituras. Porque o trabalho com as notas de Hélio Guimarães (professor de Literatura Brasileira na USP) tornou textos já conhecidos como O Alienista e O Espelho algo completamente diferente, ampliando a noção do Rio de Janeiro e do Brasil de Machado e, mais do que isso, mostrando a pluralidade de referências do escritor, que citava autores então modernos como Allan Poe e Longfellow, além dos clássicos.
Kindle: Compartilhando trechos grifados
A questão é que o Kindle permite mais do que isso. Comprando a ideia das mídias sociais, o e-reader também oferece uma opção muito bacana, a de compartilhar esses trechos grifados no Twitter e no Facebook. Se for livro comprado na Amazon, chega inclusive a aparecer uma imagem da capa do livro que você está citando para ilustrar o trecho, como você pode ver aqui.
O Palácio de Inverno (John Boyne)
Boyne foi extremamente competente na tarefa de prender a atenção do leitor usando duas fórmulas já bem conhecidas tanto no cinema quanto na literatura: a primeira é a do homem comum vivendo situações extraordinárias. Geórgui, o empregado do Czar, era um simples camponês antes de mudar-se para o Palácio de Inverno (que dá o título da edição brasileira do livro). A segunda é de começar com a história já na velhice do protagonista, mostrando antecipadamente o fim – isso causa empatia imediata, o leitor quer saber como ele chegou naquele momento, o que obviamente se revela aos poucos.
Slam (Nick Hornby)
Digo “finalmente dar uma chance” porque como fã de Hornby, eu geralmente compro o título novo assim que chega nas livrarias. Mas o enredo de Slam me pareceu meio bobo, então foi a primeira vez que adiei uma leitura do autor. A história tem como base gravidez na adolescência, e o narrador-protagonista (figura típica nas histórias de Hornby) é um rapaz ali na casa dos 16 anos, apaixonado por skate e que costuma conversar com um pôster do skatista Tony Hawk. Continue lendo “Slam (Nick Hornby)”