E talvez por isso a leitura de Só Garotos seja tão cativante: porque lemos não só a história do amor de Patti por Mapplethorpe (amor que muda com o tempo, mas mesmo assim é e sempre foi amor), mas também o amor dela pela arte. Desde as leituras que ela cita de quando ainda pequena, antes de ir para Nova York, até o momento em que passa a comentar das amizades com pessoas como ninguém mais ninguém menos do que o grande poeta Allen Ginsberg.
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Na floresta do bicho-preguiça (Anouck Boisrobert, Louis Rigaud e Sophie Strady)
E agora a Cosac Naify lança Na floresta do bicho-preguiça, primeiro livro pop-up da editora. Obra dos franceses Anouck Boisrobert e Louis Rigaud, com texto de Sophie Strady, esse livro ilustrado chega justamente para mostrar ao público como é possível mesclar linguagem e imagem de forma rica, encantadora e – ok, o mais importante para as crianças – divertida.
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Sangue Quente (Isaac Marion)
Mas aí caímos no velho problema das altas expectativas. É evidente que com Sangue Quente finalmente em mãos eu simplesmente devorei o livro, porque precisava ver o que Marion tinha feito daquela história que eu tanto gostara. A questão é que, infelizmente, o romance não fica a altura do conto, talvez justamente por ter que apresentar mais elementos que justifiquem o gênero (mais longo). Então por mais que o livro seja bom e valha a pena conferir, para quem conheceu I am a zombie filled with love fica um gostinho um pouco “agridoce”, digamos assim.
24 Contos de F. Scott Fitzgerald
É por isso que se alguém me perguntasse sobre F. Scott Fitzgerald, por mais que ele tenha em sua bagagem grandes clássicos da língua inglesa como O Grande Gatsby e Suave é a Noite, ainda assim eu indicaria a coletânea 24 Contos de F. Scott Fitzgerald traduzidos por Ruy Castro e publicados pela Companhia das Letras como porta de entrada para a obra desse grande escritor norte-americano.
Alma e Sangue: O Pacto dos Vampiros (Nazarethe Fonseca)
É preciso adiantar: O Pacto dos Vampiros não é ruim, é talvez o que tem mais ação dos três livros e finalmente resolve o problema com o qual eu implicava, daquela parte dedicada a um flashback bem no clímax da história. Ele ainda conta com pontos bastante favoráveis se comparar com o que tem saído de histórias de vampiros atualmente, como por exemplo o fato de a protagonista não ser uma mocinha indefesa que fica sentadinha esperando seu amor a salvar, ou ainda de a trama principal se sustentar só na melação do amor de uma mortal por um vampiro (a saber, Kara já é uma vampira desde o segundo volume).
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Gertrudes e Cláudio (John Updike)
O livro toma como base três fontes diferentes: a mais antiga é o registro da história da Dinamarca por Saxo Grammaticus (século XII). Também usa como referência o texto do francês François de Belleforest (século XVI) e óbvio, o próprio Hamlet de Shakespeare. O romance é dividido em três partes, e em cada uma delas algumas personagens apresentam nomes com grafias diferentes (Getrudes, por exemplo, é Gerutha na primeira parte e Geruthe na segunda). As mudanças não são sempre explicadas, mas o autor explica que tanto Cláudio quanto Polônio “latinizaram” o nome quando o irmão de Rei Hamlet assumiu o poder.
Boa Ventura! (Lucas Figueiredo)
O que de fato é uma pena. O trabalho de investigação que Figueiredo entrega ao leitor é delicioso, repleto de curiosidades mas, o mais importante, muito bem alinhavado. Não é romance (acredito ser algo que se enquadraria em “Jornalismo Histórico”), mas dada a fluidez e coesão do texto, e mais ainda, a galeria de personagens que passam pela obra, poderia muito bem ser lido como tal.
O Longo Adeus (Raymond Chandler)
Feche os olhos e pense em um detetive particular dos filmes e livros noir. Pensou? Provavelmente o que veio na sua mente foi aquele sujeito meio cínico, de atitudes violentas quando necessárias, senso de humor corrosivo e cujo visual assemelha-se muito com Humphrey Bogart usando chapéu e capote, e sempre com um cigarro por perto, como dá para ver nessa imagem aqui:
Isso não acontece à toa. Muito do que se lê/vê de noir teve fortíssima influência de Raymond Chandler (1888-1959), que nos tempos do pós-Guerra e pós-Depressão escreveu várias histórias com uma personagem que viraria modelo de detetive particular, Philip Marlowe. E é lendo obras como O longo adeus (publicada originalmente em 1954) que dá para ter uma ideia de porque a personagem ficou tão famosa e, mais do que isso, porque é tão imitada.
Para ler o livro ilustrado (Sophie Van der Linden)
Como a autora mostra ao longo do seu estudo, o livro ilustrado evoluiu muito desde as primeiras versões em xilogravura do século XVIII até os dias de hoje. Os artistas exploram cada vez mais a infinidade de possibilidades do casamento entre a escrita e a ilustração, indo muito além de um simples contar história. Ele chama o leitor para dentro dela, faz com que ele participe, faça parte daquilo. O livro vem como uma máquina cujo motor é o leitor.
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Luka e o Fogo da Vida (Salman Rushdie)
Luka e o Fogo da Vida foi escrito para o filho mais novo de Rushdie, e assim voltado para o público infantojuvenil. Mas é o típico caso de livro escrito para um público mas que pode agradar todo tipo de leitor, porque resgata não só a magia de histórias já conhecidas (sejam de mitologias milenares, seja do imaginário da cultura pop), mas também a estrutura básica dos contos populares, dando aquela sensação de familiaridade com o texto que permite para quem o lê simplesmente se deixar levar pela história, seduzido página após página pelo mundo encantado criado por Rushdie.