Quando a artista faleceu, sua sobrinha tinha apenas oito anos. A menina recebera o mesmo nome da tia, Tarsila do Amaral, e é ela que escreveu o livro infantil O anel mágico da minha tia Tarsila, que traz consigo a óbvia (e ótima) proposta de apresentar para uma geração de crianças brasileiras as obras mais importantes dessa pessoa que ela tanto admirava. O resultado é um excelente livro que mescla uma história fantástica (que certamente atrairá a atenção das crianças) com obras de Tarsila (a tia) e outras ilustrações. Continue lendo “O anel mágico da minha tia Tarsila (Tarsila do Amaral)”
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The Discreet Pleasures of Rejection (Martin Page)
Este é o ponto de partida do romance The Discreet Pleasures of Rejection, de Martin Page, que chegou aqui no Brasil pela Rocco como Talvez uma história de amor. Assim como em sua obra mais famosa, Como me tornei estúpido, Page parte de uma premissa amalucada para mergulhar fundo nos pensamentos de sua personagem principal, e explorá-los de tal forma que por mais doido e cheio de manias que seu protagonista possa parecer, ainda assim ele lembra muito do próprio leitor, ou de pessoas conhecidas do leitor.
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Pergunte ao Pó (John Fante)
É ele quem abre a edição da José Olympio, com uma ótima introdução que representa muito bem o encontro de um leitor com uma obra que o modificará, que entrará na lista dos favoritos e por lá ficará muito tempo. É quase como mágica, as frases simplesmente vão aparecendo em um ritmo único, como se fosse uma canção feita para hipnotizar uma pessoa. É difícil chegar a uma resposta sobre o que especificamente encanta, mas Pergunte ao Pó é simplesmente apaixonante.
Como me tornei estúpido (Martin Page)
Em Como me tornei estúpido temos Antoine, um rapaz de seus vinte e tantos anos que se dá conta que é infeliz por causa de seu senso crítico e inteligência. A primeira saída que encontra para o problema é o alcoolismo – esse momento é o que Page usa para já alertar o leitor que seu livro é cheio de humor, e principalmente humor nonsense: Antoine não consegue se tornar alcoólatra porque com meio copo de cerveja já entra em coma. Ele busca então o suicídio, e um curso para tal, mas logo acaba deixando de lado a ideia. É aí que começa o projeto de se tornar estúpido.
Por que não sou cristão (Bertrand Russell)
Em uma coletânea de 14 ensaios envolvendo principalmente religião, Russell mostra de forma clara sua visão a respeito do que é crer e dos motivos pelos quais ele não crê. Em alguns momentos, talvez até mesmo pelo senso de humor e simplicidade com o qual discursa sobre tema tão complexo, ele lembre bastante os artigos de Richard Dawkins, biólogo famoso por suas duras críticas às religiões. Mas não achem que por Russell ter sido um filósofo Por que não sou cristão trata-se de um livro apenas para iniciados, qualquer um com um mínimo de curiosidade sobre o assunto pode acompanhar muito bem os ensaios de Russell.
Zuckerman Acorrentado (Philip Roth)
Nesta coletânea, talvez até por termos Zuckerman em cena a questão da identidade do judeu abre espaço para uma combinação entre essa mais a questão da identidade do escritor. O quanto da vida de alguém que vive da escrita está refletido em suas obras, de como por pertencer a um determinado grupo social o autor acaba carregando consigo uma espécie de obrigação em falar de seu povo, e mais – falar bem. São essas as questões que tomam conta de Zuckerman Acorrentado, alinhavando os três romances e o que é considerado seu epílogo. Continue lendo “Zuckerman Acorrentado (Philip Roth)”
A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (Washington Irving)
A escolha do conto de Irving para a coleção é de fato bastante acertada, considerando sua proposta. Eu, por exemplo, já conhecia a história da Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça de cor, embora nunca a tenha lido. E isso por quê? Por causa das diversas adaptações, incluindo aí até uma feita pela Disney (eu não encontrei no Youtube, mas tenho certeza que quando criança assisti uma em que o Pateta fazia o papel do professor Crane), ou uma da década de 90, feita por Tim Burton.
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Paciente 67 (Dennis Lehane)
Se você já ouviu falar no gênero “Thriller”, acredito que não estou exagerando ao dizer que este foi um dos melhores que li em muito tempo (e sim, eu tenho uma queda por esse tipo de história). Lehane desenvolve uma trama que dá sentido a frases como “narrativa eletrizante” que tanto atribuem ao gênero mas que os títulos nem sempre entregam ao leitor. É suspense do começo ao fim, e suspense de qualidade, com um enredo complexo, tenso e muito bem amarrado.A história de Paciente 67 situa-se em 1954, quando o detetive Teddy Daniels encontra no ferryboat o detetive Chuck Aule, que será seu companheiro de missão. Eles devem ir para a Shutter Island, conhecida por abrigar um hospício para criminosos do qual uma paciente fugira na noite anterior, sem deixar qualquer rastro ou pista de como o fizera. Chegando na ilha, aos poucos a história de Teddy nos é revelada, e também aos poucos vamos conhecendo melhor o sanatório – e junto dos detetives passamos a desconfiar do que de fato é realizado ali.
24 Letras por Segundo (Vários)
Por falar em Ficção de Polpa, saiba que se você é como eu mais um daqueles fãs da série que aguarda ansiosamente o quinto volume, 24 Letras por Segundo vem como um ótimo remédio para aliviar a espera. Como boa parte dos contistas já publicaram nos volumes do Ficção de Polpa (Bernardo Moraes, Rodrigo Rosp, Juarez Guedes Cruz, Silvio Pilau, Bruno Mattos, Samir Machado de Machado, Antônio Xerxenesky e Rafael Bán Jacobsen), há ali uma gostosa sensação de familiaridade, é quase o mesmo que dizer que deu para matar saudades.
40 Novelas (Luigi Pirandello)
As novelas presentes na coletânea lembram muito a definição que Nádia Gotlib apresenta em Teoria do Conto: não tanto ligada ao tamanho do texto (alguns são curtos o suficiente para serem definidos como contos), mas por levar “a marca do eu criador (…) que tenta representar uma parcela peculiar da realidade, segundo seu ponto de vista único”. São indiscutivelmente marcados por um tom único que só Pirandello conseguiria imprimir aos pequenos retratos daquela Itália de Pirandello, vivendo a transição do passado com a modernidade, e talvez por isso mesmo misturando a melancolia com o humor de um jeito único. São pequenos recortes, alguns de momentos até bem banais (como o da novela que abre a coletânea, Limões da Sicília), com outros que trazem um toque sutil de fantástico, como O filho trocado. Continue lendo “40 Novelas (Luigi Pirandello)”