O Caçador de Pipas (Khaled Hosseini)

Capa do livro O Caçador de PipasLiteratura tem dessas coisas: desperta paixões, e conseqüentemente gera grupos de seguidores fanáticos que não suportam ouvir uma crítica à obra amada. Veja meu caso, por exemplo: se você chega e diz que Allan Poe é uma droga, eu passarei hoooooooras da minha vida tentando provar o contrário. Então, fanáticos do Hosseini, deixo desde já o recado: calma, eu entendo vocês.

Mas o grande fato é que O Caçador de Pipas foi uma decepção para mim. Até porque nas últimas vezes que arrisquei ler algo da lista dos mais vendidos, eu acabei me surpreendendo positivamente (vide Budapeste, A Estrada da Noite, A Menina que Roubava Livros e Deus, um Delírio). Mas no caso de o Caçador já na metade do livro tinha concluído que tratava-se de uma obra superestimada.

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Feliz Ano Novo!

E para enfrufruzar os votos de um feliz 2008, deixo aqui um trecho de A Canção de Amor de J. Alfred Prufrock1 que acredito se encaixar bem com o momento:

“Roçando suas espáduas na vidraça;
Tempo haverá, tempo haverá
Para moldar um rosto com que enfrentar
Os rostos que encontrares;
Tempo para matar e criar,
E tempo para todos os trabalhos e os dias em que mãos
Sobre teu prato erguem, mas depois deixam cair uma questão;
Tempo para ti e tempo para mim,
E tempo ainda para uma centena de indecisões,
E uma centena de visões e revisões
Antes do chá com torradas.”

E não esqueçam amiguinhos, KEEP CALM AND CARRY ON.


  1. já comentei sobre esse poema anteriormente, até porque é meu favorito do Eliot 

Uma Longa Queda

E eis que finalmente posso conferir o (já não tão) novo Hornby, Uma Longa Queda. Aliás, o período do ano não poderia ser mais apropriado: a história começa com o encontro de quatro estranhos no topo de um edifício de Londres, famoso por ser o local preferido dos suicidas, na véspera do Ano Novo. Martin, Maureen, JJ e Jess, que não têm nada em comum a não ser o fato de que, naquele dia tinham resolvido cometer o suicídio, mal percebem quando pouco a pouco cada um vai tomando um espaço em suas vidas.

O divertido da história é que ela é contada sob o ponto de vista dos quatro, em primeira pessoa. Assim, as características de cada um ficam claras no discurso, como por exemplo a Jess, que fala sem parar e utiliza um palavrão a cada quatro palavras, ou Maureen, que é toda recatada (na verdade um oposto perfeito da Jess). E como a história é contada por cada um deles, de certa forma você vai conhecendo as personagens junto com os demais.

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Demian (Hermann Hesse)

“As coisas passaram-se assim: quando comecei a sentir o desejo de mudar não sabia ainda seguramente onde iria parar. Sabia apenas que queria sentar-me um pouco mais atrás. Minha vontade era reunir-me contigo, mas ela ainda não havia se feito consciente. Ao mesmo tempo, tua vontade puxou por mim, atraindo a minha. Só quando acabei por sentar-me diante de ti foi que notei que o meu desejo se havia cumprindo em parte e percebi que os meus movimentos haviam obedecido ao propósito de sentar-me ao teu lado”

Trecho do livro Demian, do Hermann Hesse. É engraçado que eu estava tão incomodada por não ter lido nada de apaixonante recentemente, eis que dou de cara com esse livro.

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Homem Peixe

A Jô me emprestou Os Versos Satânicos, do Salman Rushdie (a quem apelidamos carinhosamente de ‘homem peixe’). Eu aproveitei que essa semana só estou aplicando provas e estou lendo o livro, que é loco de bom e assim que terminar escrevo comentários aqui. Mas vou deixar um trecho que achei muito legal, e que tem muito a ver…

“(…)Ele se casou antes que ela mudasse de idéia , mas nunca aprendeu a ler seus pensamentos. Quando ela estava infeliz, trancava-se no quarto até se sentir melhor. “Não é da sua conta”, dizia. “Não quero que ninguém me veja quando estou assim.” Ele costumava dizer que ela era como uma concha. “Abra”, martelava em todas as portas trancadas da vida em comum, primeiro no porão onde moraram, depois na casa, depois na mansão. “Eu te amo, me deixe entrar.” Ele precisava tanto dela para garantir a própria existência, que jamais compreendeu o desespero daquele sorriso brilhante e permanente, o terror daquele brilho com que ela enfrentava o mundo, ou as razões por que se escondia quando não conseguia sorrir. (…) não tinha nenhuma segurança, e cada momento que passava no mundo, era cheia de pânico, e por isso sorria e sorria, e talvez uma vez por semana, trancava a porta e tremia e se sentia como uma casca, como um amendoim vazio, um macaco sem coco.”

Maiakovski

Minha cabeça ainda dói. Melhor eu levar a sério as resoluções de ano novo, senão perco o fígado e o namorado.

Poema do Maiakovski:

E Então Que Quereis?…

Fiz ranger as folhas de jornal
abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
de cada fronteira distante
subiu um cheiro de pólvora
perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
nada de novo há
no rugir das tempestades
.

Não estamos alegres,
é certo,
mas também por que razão
haveríamos de ficar tristes?
O mar da história
é agitado.
As ameaças
e as guerras
havemos de atravessá-las,
rompê-las ao meio,
cortando-as
como uma quilha corta
as ondas.

Da manipulação

Ontem quando voltava para casa tive uma conversa sobre manipulação que me fez lembrar do livro do Choderlos de Laclos, o As Relações Perigosas. Muitos já devem ter assistido a versão cinematográfica com a Glenn Close como Marquesa de Merteuil (quem não viu, assista. Vale a pena).Enfim, já que lembrei do livro, vou colocar aqui um dos momentos mais bacanas da história (que é toda contada através de cartas, o que faz do livro algo bem original).

Carta CLIII

(do Visconde de Valmont à Marquesa de Merteuil)

Respondo imediatamente a vossa carta, e tratarei de ser claro; o que não é fácil convosco, quando tomais a resolução de não entender. Continue lendo “Da manipulação”

Chaucer e Os Contos da Cantuária

Pouco se sabe da vida e da personalidade de Geoffrey Chaucer. O escritor nasceu em Londres, por volta de 1340, filho do comerciante de vinhos John Chaucer. Com a ajuda de algum parente influente, Chaucer tornou-se pajem junto ao Príncipe Lionel, terceiro filho do rei Eduardo III, o que lhe concedeu a oportunidade de receber uma educação privilegiada, que incluía aulas de Latim e Francês.

Há informações de que Chaucer teria freqüentado uma escola de Direito de Londres e que em 1359 esteve lutando na França. Sempre próximo à realeza, Chaucer exerceu as funções de Inspetor Alfandegário junto aos mercadores de lã, até o Duque de Gloucester delimitar os poderes do então rei, Ricardo II, o que fez com que o escritor perdesse seu posto de Inspetor. Continue lendo “Chaucer e Os Contos da Cantuária”

O Retrato de Dorian Gray

(Aquela citação sobre A Insustentável Leveza do Ser me deu idéia para isso…)

SÉRIE: LIVROS DA MINHA VIDINHA

Livro: “O Retrato de Dorian Gray”
Autor: Oscar Wilde
Se gostar, leia também: “O Marido Ideal”

Único romance de Oscar Wilde, já reconhecido como clássico, O Retrato de Dorian Gray desde o início revela a marca fundamental do autor: seu sarcasmo. Esse tom é fácil de ser percebido em suas diversas frases paradoxais, outras de humor cáustico, em sua grande maioria proferidas pelo personagem Lorde Henry Wotton.

Continue lendo “O Retrato de Dorian Gray”

O Retrato de Dorian Gray

(Aquela citação sobre A Insustentável Leveza do Ser me deu idéia para isso…)

SÉRIE: LIVROS DA MINHA VIDINHA

Livro: “O Retrato de Dorian Gray”
Autor: Oscar Wilde
Se gostar, leia também: “O Marido Ideal”

Único romance de Oscar Wilde, já reconhecido como clássico, O Retrato de Dorian Gray desde o início revela a marca fundamental do autor: seu sarcasmo. Esse tom é fácil de ser percebido em suas diversas frases paradoxais, outras de humor cáustico, em sua grande maioria proferidas pelo personagem Lorde Henry Wotton.

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