The Graveyard Book (Neil Gaiman)

neilEm agosto do ano passado comentei sobre a coletânea de contos M is for Magic do Neil Gaiman, alegando que ao contrário de Coraline, o livro agradaria tanto crianças quanto adultos (apesar de ser infanto-juvenil). O mesmo acontece com The Graveyard Book, uma das obras mais recentes do autor. Muito embora o próprio Gaiman se refira à história como “livro para criança”, o tom sombrio da história acaba de certa forma equilibrando as coisas, tornando The Graveyard Book agradável também para os mais “crescidinhos”.

Um dos capítulos do Graveyard Book (The Witch’s Headstone) foi publicado no M is for Magic em 2006, quando Gaiman ainda estava escrevendo o livro. Na hora não chamou minha atenção, na verdade um dos meus favoritos foi October in the Chair, que segundo Gaiman foi escrito como um exercício para o Graveyard. Mas agora lendo desde o princípio a história de Nobody Owens, um menino que foi adotado por fantasmas e criado em um cemitério, a história ficou muito mais interessante.

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Frenesi Polissilábico (Nick Hornby)

Então que no mês passado chegou nas livrarias o Frenesi Polissilábico do Nick Hornby. Eu fiquei bem curiosa, primeiro porque é o Nick Hornby (sei que só li quatro livros dele, mas adorei os quatro). Segundo porque o Moacyr Scliar escreveu uma resenha bem legal lá na Veja. Terceiro, porque li um dos capítulos e vi que lá estava o Hornby do jeito que eu gosto: como que conversando com você, falando das obras que leu e o que pensa delas.

De primeira você pensa que será uma coletâneas de resenhas, o que em teoria é. “Frenesi Polissilábico” é a reunião das colaborações de Hornby para um jornal meio alternativo, chamado The Believer. A questão é que você mal começa a ler e já se dá conta que a idéia vai além, porque ao falar sobre livros, Hornby acaba fazendo um belo livro sobre o que é ser leitor. E é aí que ele nos fisga, porque em vários momentos você acaba se reconhecendo no que ele está falando (seja no “sofrimento” ao se obrigar a ler determinados livros até o fim, ou seja o prazer da descoberta de uma obra, por exemplo).

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A Menina que Brincava com Fogo (Stieg Larsson)

Dando continuidade à leitura da trilogia Millenium, eis que leio o segundo título da série, A Menina que Brincava com Fogo. Dessa vez sem qualquer confusão de títulos e já devidamente apresentada às personagens, tudo levava a crer que seria uma leitura divertida e interessante, tal como o primeiro volume. Não, não foi. Infelizmente, confesso que cheguei até a perder qualquer vontade de ler a conclusão (que ainda não tem tradução no Brasil).

Vamos por partes: o fato é que para quem se apaixonou pela heroína Lisbeth Salander, talvez o livro sem MUITO bom. Sabe como é, às vezes nos encantamos por personagens e quanto mais podemos saber sobre eles, melhor. E aqui todos os detalhes sobre o passado de Salander ficam abertos ao leitor. E talvez aí que esteja um dos pecados do livro, na minha opinião. O que faz (ou fazia) de Salander uma personagem legal não era a quantidade absurda de tatuagens ou o fato de ela ser uma hacker ou algo que o valha. Era o mistério. E sem mistério, ela fica bem sem graça.

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Os Homens que Não Amavam as Mulheres (Stieg Larsson)

Primeira história: Em 2004 Stieg Larsson (respeitado jornalista sueco, conhecido por seus estudos sobre movimentos antidemocráticos), deixa os manuscritos de Män som hatar kvinnor e os outros dois livros seguintes da coleção em uma editora.  Pouco tempo depois, no mesmo ano, morre subitamente. O primeiro livro é publicado e torna-se um fenômeno editorial mundial, e tragicamente o autor não pode saborear o sucesso de sua obra.

Segunda história: Final de 2008, Anica fica sabendo sobre o livro Os homens que não amavam as mulheres do escritor sueco Stieg Larsson e resolve ler o livro. Mas logo conclui que a tradução da trilogia para o inglês devem sair mais rápido (e mais barato) do que em português, e resolve comprar o livro em língua estrangeira mesmo. Porém, só encontra os livros The girl with the dragon tattoo e The girl who played with fire. Ela conclui que os livros são o segundo e terceiro da trilogia, e fica esperando o primeiro. Até descobrir que na verdade o título em inglês é mais uma das estripulias editoriais lá de fora: ao traduzir todos os títulos como “The girl…” os editores deixam óbvio para os leitores que hum, trata-se de uma coleção. Ah, tá, então tá.

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Hellfire Club Onze e Meia

Sempre imaginei como seria bacana poder entrevistar alguns escritores que admiro mas que já bateram as botas. Foi pensando nisso que resolvi criar o Hellfire Club Onze e Meia, uma entrevista de mentirinha na qual pego frases do autor para elaborar as respostas. Vou começar com o Oscar Wilde, pelo simples fato do cara ter sido praticamente uma fábrica de citações, o que facilita bastante a brincadeira. As “respostas” foram todas retiradas do livro Aforismos, publicado pela editora Newton Compton em 1995 mas eu sugiro fortemente a leitura das obras do Wilde para o caso de quererem contextualizar o que está escrito aqui.

Sugestão de leituras: o artigo da wiki em inglês, para começar. Tem algumas edições de obras (quase) completas do Wilde rolando por aí, entre elas Obras Primas de Oscar Wilde da Ediouro, e a editora Landmark acabou de publicar uma edição bilíngue de O Retrato de Dorian Gray, que no final das contas é a obra mais conhecida dele. E se quiser falar sobre ele, lá no Meia Palavra já temos um tópico do autor, dá uma passadinha para conferir. E agora vamos ao Hellfire Club Onze e Meia!

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Memória de minhas putas tristes (Gabriel García Márquez)

Sabe livro que está na estante faz uma pá de tempo e só porque você acabou de ler todos os livros novos que tinha comprado e está sem um puto furado para comprar outros novos aí então você resolve ler? Poisé, foi o caso de Memória de minhas putas tristes. Faz um tempo que tenho ele aqui, sem sequer abri-lo. E então, quando comecei, simplesmente o devorei, não conseguia parar de ler. E que deus abençoe os livros largados na estante, porque deles sempre temos as melhores surpresas.

Memória… poderia ser um livro sobre a velhice. Mas acho que essa leitura é muito simplista (para não falar óbvia), até levando em consideração o enredo. Um homem ao completar os 90 anos decide que passará a noite com uma virgem. Muito embora a partir dessa noite a questão da idade comece a pesar de fato em seus pensamentos, ainda assim acredito que o ponto principal da obra é o Amor, assim, com “A” maiúsculo.

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Edgar Allan Poe

Para celebrar o que seriam os 200 anos do meu escritor favorito de todos os tempos (hehe), fiz aqui um copy paste frankenstein da minha monografia. Espero que tenha algumas informações novas para vocês, fãs do autor. Eu ainda acho que como contista ele pode ser colocado facilmente no pedestal dos melhores de todos os tempos. A forma como ele desenvolve as narrativas é fenomenal, e muito embora a preguiça tenha falado mais alto e eu tenha deixado essa pesquisa de lado, ainda acredito que Machadão contista aprendeu muito com Poe. E eu duvido que tenha alguém que tenha o mínimo de leitura e não conheça o poema O Corvo. É como dizia Leminski:

afinal
somos todos
frutos
da
mesma
POE TREE

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Warm Bodies (Isaac Marion)

Lembram que certa vez fiz um top5 com meus posts favoritos, eentre eles citava um do Jesus me chicoteia!, que tratava-se de uma tradução do conto “I am a Zombie Filled With Love“, de Isaac Marion? Pois então. Se você não leu o conto ainda, mais uma vez eu divulgo o link da tradução do Marco Aurélio, e também do original. Leia, porque vale a pena.

Leu?

Ok, agora a notícia boa. O autor do conto desenvolveu a idéia em um romance, chamado Warm Bodies. Tem até um videozinho para divulgação, que é bem legal. Notícia boa é que já dá para comprar o livro. Notícia ruim é que não é através de uma loja nos esquemas Amazon, é so site do autor mesmo, então tem que ir na confiança (custa 14 doletas o livro, mais 12 doletas o frete).

Generation Dead (Daniel Waters)

Desde que os primeiros mortos começaram a se levantar nos cemitérios da cultura pop, a idéia de zumbis como uma metáfora para nossa sociedade vem acompanhando essas histórias. Pegue lá Dawn of the Dead, o filme do Romero, que na leitura de algumas pessoas faz uma crítica ao consumo desenfreado nos tempos (já nem tão) atuais. E aí você pega Generation Dead, livro de estréia de um tal de Daniel Waters (escritor tão obscuro que você não encontra na Wiki, mas que tem um blog no blogspot) e fica pensando “Ok, como é que esse livro poderá me surpreender?”

E o mais engraçado, como quase tudo envolvendo zumbis:  você sempre acaba se surpreendendo. Nesse caso, o que mais chama a atenção é que em teoria, Generation Dead é um livro teen com mortos-vivos. Em teoria não, porque nuss, tem um monte de coisa de futebol americano e baile da escola e blablabla. Mas não é chato, pelo contrário, você simplesmente não consegue largar o livro. E quando o assunto é a metáfora para nossa sociedade… olha, acho que esse foi o que tocou mais fundo o dedo na ferida.

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The Road (Cormac McCarthy)

Pense em um lugar morto. Sem árvores, sem o canto dos pássaros, dominado por cinzas. Na verdade, as cinzas cobrem inclusive a luz do sol, tirando as cores do céu, da terra e de tudo o que ela toca. À noite, não há mais iluminação artificial, não há mais a luz da lua ou das estrelas, há apenas uma escuridão total, que não permite que você enxergue um palmo diante de sua face. Silêncio quase enlouquecedor. A falta de vida significa falta de comida, e homens tornam-se canibais. É o fim da humanidade.

Nesse cenário que McCarthy (autor de No Country for Old Men) desenvolve o romance “The Road”, que conta a história de um pai e seu filho atravessando a estrada que dá título à obra, fugindo dos horrores causados por um desastre sem nome. A narrativa começa já anos após o que fez o mundo como conhecemos virar esse pesadelo, e o pouco que se sabe (e pouco mesmo) do que era antes vêm de flashbacks.

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