Isso porque para quem passa da primeira parte do romance, fica mais do que óbvio que ele vai muito além do suposto teor erótico que marcam os primeiros momentos do livro. Nabokov chega a zombar no artigo “Sobre um livro entitulado Lolita” (escrito em 1956 e presente nesta edição da Alfaguara) que alguns dos leitores que abandonaram a obra o fizeram levando em conta a primeira parte, achando que a narrativa seguiria esse caminho. E complementa: “Se acharam ou não que seria pornográfico não me interessava. Sua recusa em comprar o livro baseava-se não em meu tratamento do tema, mas no tema em si, pois existem pelo menos três temas que são totalmente tabu no entender dos editores americanos.“
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A Morte de Bunny Munro (Nick Cave)
A Morte de Bunny Munro é o segundo, porém é o primeiro que ganha tradução aqui no Brasil, dando a chance para muitas pessoas daqui conhecerem essa outra face do músico por trás de canções como Red Right Hand e Into My Arms. E para quem está com medo de se decepcionar, fica desde já o aviso: o escritor também sabe agradar muito bem seu público.
As Intermitências da Morte (José Saramago)
A partir dessa ideia das “férias” da morte, Saramago mais uma vez usa de sua língua ferina para criticar diversos setores de nossa sociedade e, por que não dizer, nós mesmos. Mas a crítica é feita com um senso de humor formidável, fazendo da obra talvez uma das mais leves que já tive a oportunidade de ler de Saramago, o que não deixa de ser irônico visto que lida com um dos nossos maiores tabus.
Tequila Vermelha (Rick Riordan)
Lembra dos filmes de antigamente da Sessão da Tarde? Aquela dose certa entre o divertido e a ação, sem necessariamente ser idiota? Tequila Vermelha segue esse caminho. O ritmo da narrativa é ágil, e a história se divide em capítulos curtos que vão sendo devorados sem que o leitor sequer perceba que o tempo está passando, tamanha a diversão que o livro oferece.
There Once Lived a Woman who Tried to Kill Her Neighbor’s Baby
Por contos de fadas é importante ressaltar que esse não é um livro indicado para o público infantil. O tom predominante das histórias é o horror, mostrando como a história de um país acaba se refletindo na obra de um escritor, aqui Petrushevskaya (nascida em 1938) traz consigo a herança do pós-guerra (extremamente forte na cultura russa), com todo o pessimismo e melancolia desses tempos. Pense nos contos de “There once lived a woman…” como se Crime e Castigo virasse contos de fadas, e então você terá uma boa ideia de como se apresentarão enredo e personagens ao longo das histórias.
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O Iluminado (Stephen King)
A questão é que King vai montando aos poucos uma bomba relógio. O que acontecerá no Overlook durante o frio não é mistério para o leitor, que a todo momento recebe elementos de uma tragédia que está por vir: o homem contratado para o mesmo serviço de Jack em um inverno anterior matou mulher e filhos. Jack tem problemas com a bebida, e mais do que isso, simplesmente surta do nada – incluindo no histórico o fato de ter quebrado o braço do filho uma vez. E somando a tudo isso, temos Danny, o “iluminado”, que consegue ler mentes, ver fantasmas e prever o futuro.
Coração Satânico (William Hjortsberg)
Mas vencidos os obstáculos, a verdade é que trata-se de um dos melhores romances policiais que já tive em mãos e que sim, vale a pena ler mesmo já sabendo do plot twist que temos na história. E se você é fã de histórias noir, então tem realmente que ir atrás de uma edição de Coração Satânico, nem que seja a versão original em inglês (chamada Falling Angel).
Desonra (J.M. Coetzee)
Se em muitos casos o que salta aos olhos é o modo como se narra uma história, aqui o importante é de fato a história. Não que a escrita de Coetzee não seja digna de nota, pelo contrário: ele consegue fazer uma prosa que flui muito bem, sem qualquer excesso que venha a causar enfado ao leitor. A tensão vai sendo construída aos poucos, de modo que chega um momento em que não se quer largar o livro. Mas mesmo assim, a força de Desonra está nos diálogos e no desenvolvimento da trama e das personagens.
O violinista e outras histórias (Herman Melville)
O livro traz sete contos de Herman Melville, (muito bem) traduzidos por Lúcia Helena de Seixas Brito. São como pequenos recortes da vida do século XIX, e talvez por isso mesmo acabará agradando bastante aqueles que tem gosto pela literatura da época. Mas o que se destaca nesses contos é como a leitura que se faz deles pode ser tão atual mesmo nos dias de hoje.
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O estranho mundo de Zofia e outras histórias (Kelly Link)
Para quem acha que elementos fantásticos como bruxas, fantasmas e zumbis são coisa para livros de crianças, talvez devesse dar uma conferida nos contos de Kelly Link. Morte, solidão, aquela sensação de não se encaixar – está tudo ali, mesmo com a presença do sobrenatural, que aparece para dar contornos de fábulas ou contos de fadas à histórias na realidade bastante urbanas.
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