Sei que em um mundo cada vez mais umbigo esse tipo de constatação às vezes chega com algum atraso, mas é inevitável em algum momento perceber que não adianta planejar, organizar, prever: muito da sua vida dependerá de terceiros, que podem simplesmente não seguir seu roteiro. Pensei bastante nisso enquanto lia O Segredo do Meu Marido (de Liane Moriarty), especialmente quando a história se concentrava na control freak Cecilia: mãe de três meninas, muito bem casada e igualmente bem sucedida na carreira de vendedora de tupperware. Tem o tal do “pacote completo”, que consegue manter com muito trabalho (e organização). Tudo segue bem até que por acaso encontra um envelope. É uma carta de seu marido, que ela deve ler apenas quando ele morrer.
É natural que o leitor acabe pensando que o livro será sobre o conteúdo dessa carta (até porque o dilema de Cecilia sobre ler ou não se estende por vários capítulos) e pense que o tal do “segredo do marido” seja um mistério a ser desvendado (ou daqueles que sustentam a curiosidade do leitor até o fim do livro). Não é o caso. O segredo do meu marido é um daqueles livros “enganadores”, que tão logo o leitor avança na leitura, percebe que não era exatamente o que esperava, mas talvez até algo melhor. Então digo desde já que não acho que o segredo seja o mais importante na história, mas para quem tem frescura de spoiler é sempre bom avisar então lá vai: daqui para frente tem spoilers, etc.
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