Canibais, baleias e o medo ou: Santa coincidência, Batman!

Não há pinguins neste post, mas who cares?

Pois veja como são as coisas: no começo da semana recebi do Matheus Lins via twitter o link para um texto falando sobre o evento que inspirou Herman Melville a escrever Moby Dick, chamado The True-Life Horror that Inspired Moby-Dick (você jura, Anica?). Enfim, o texto é assustador e eu recomendo fortemente a leitura (mas já aviso que sim, está em inglês). O engraçado é que eu realmente desconhecia a história do Essex, e ao mesmo tempo ela me parece tão familiar: lembra muito The Narrative of Arthur Gordon Pym of Nantucket e todas aquelas coincidências envolvendo o nome Richard Parker (sim, o do tigre de As aventuras de Pi).

Enfim, acabei lendo o texto apenas ontem a tarde e deixei a janela aberta para comentá-lo depois. Então, à noite, estava dando uma olhada básica na lista de videos disponíveis no site do TED, e um chamou minha atenção. O título era “O que o medo pode nos ensinar”, e quem falava era a Karen Thompson Walker, autora de A idade dos milagres. Adivinha que história ela conta no video? Sim, a do Essex.

Tanta coincidência só podia ser um sinal de que eu tinha que compartilhar este link aqui no blog. Fica a sugestão então,  The True-Life Horror that Inspired Moby-Dick (sem tradução) e O que o medo pode nos ensinar (com legendas em português). E aproveita que já está no site do TED e vê logo o video da Amanda Palmer, que derreteu meu coração gaimete e de quem agora sou fã: The art of asking (ainda sem legendas em português).

A idade dos milagres (Karen Thompson Walker)

Eu não sei bem se a culpa é exatamente de Hollywood, mas fico com a sensação de que toda vez que temos em mãos uma história que é situada em um cenário completamente diferente do que temos como nosso “normal”, na maior parte das vezes esse mesmo cenário é apenas isso – um entre tantos elementos da narrativa. É mais ou menos assim: algo TEM que acontecer, caso contrário, não vale a pena ler a história. Então temos protagonistas que partem em busca de um modo do evitar a catástrofe global, ou aqueles que simplesmente já estão habituados com a nova realidade e portanto enfrentam qualquer outro conflito dentro de novas condições. Mas você pode contar nos dedos os livros como A idade dos milagres, de Karen Thompson Walker, que parecem não querer cair na armadilha da ação pela ação e, com isso, conseguem trazer uma história que poderá agradar até aqueles que não são muito fãs de ficção científica.

A protagonista da história é Julia. Considerando outros livros de enredos parecidos, ela poderia ser uma cientista que trabalha para o governo dos Estados Unidos, ela poderia ser uma fora-da-lei que tem alguma perícia única que será capaz de salvar nosso planeta. Mas em A idade dos milagres, Julia é apenas uma garota de 11 anos, que em uma manhã de um final de semana fica sabendo com seus familiares através da notícia no plantão do jornal que o planeta Terra está rodando mais lentamente, e que ninguém ainda tem respostas sobre o que motivou essa mudança, como fazê-la parar ou se ela vai parar.

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