A questão é que no início do livro, o que se vê sendo desenhado como base para o desenvolvimento do enredo são, de novo, os mesmo temas e tipos de personagens que já lera anteriormente. Lá estão os problemas das estruturas rígidas das classes sociais e a questão do casamento naquela sociedade, com personagens que pouco amadurecem ou mudam ao longo da narrativa. Mas foi mais ou menos na metade da leitura que me dei conta que estava fazendo isso do modo errado, considerando a superfície do enredo e perdendo assim a graça da prosa de Austen.
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Orgulho e Preconceito (Jane Austen)
A realidade é que excluindo as condições históricas (casamento como salvação, código rígido de comportamento para mulheres, etc.) uma grande parte das pessoas já viveu um momento “orgulho e preconceito” ou, por que não tomar emprestado o primeiro título que Austen deu à obra, “primeiras impressões”. A situação de Elizabeth, que em um baile conhece um Mr. Darcy que se acha obviamente melhor do que todos os presentes e então aos poucos vai conhecendo mais desse homem e descobrindo que fizera uma imagem equivocada dele não é um privilégio da heroína de Austen. Seus colegas de escola ou trabalho em algum momento já passaram por isso. Você já deve ter passado por isso. E é esse um dos motivos que faz de Orgulho e Preconceito uma obra tão encantadora, esse reconhecimento que transforma-se (através da prosa hábil de Austen) em empatia.
Pride and Prejudice and Zombies (Seth Grahame-Smith)
Pelo menos da parte dessa que escreve, não. Infelizmente Pride and Prejudice and Zombies é uma decepção. É fato que as expectativas eram altíssimas, não só considerando o fato de ser bem sucedido no exterior, mas também por ter gostado muito de outro título do mesmo autor (How to Survive a Horror Movie). O problema é que o livro não agrada muito quem o procura pelo humor.
Pouco há para se dizer sobre ele. É todo o Orgulho e Preconceito de Jane Austen recontado com a inclusão do elemento zumbi (o que fica bem óbvio só pelo título, certo?). A questão é que as (poucas) piadas não funcionam, e a repetição de certos elementos chegam a ser cansativos – como a competição entre a Elizabeth e o Darcy para saber quem é o mais fodão nas artes do extermínio de zumbis.
Sobre os fãs do romance da Austen, as reações podem ser bem contraditórias. Os mais puristas odiarão, com certeza. Mas Pride and Prejudice and Zombies pode agradar aqueles que conhecem o romance de cor, e reconhecerão passagens favoritas e o que Grahame-Smith fez delas incluindo os mortos-vivos. De minha parte acho que foi apenas chato, e talvez justamente por não ser tão apaixonada pela obra original.
Na verdade dessas “realidades alternativas” que andam pipocando por aí envolvendo Mr. Darcy e companhia, acredito que Mr. Darcy, Vampyre agrada muito mais, por não transcrever a história simplesmente, mas ir além – contando o que aconteceria depois do casamento entre Darcy e Elizabeth se o “herói” fosse na realidade um vampiro.
De qualquer forma, o negócio é torcer para que se realmente exista uma adaptação de Pride and Prejudice and Zombies como estão comentando, ela seja boa o suficiente para permitir versões cinematográficas de outros ótimos livros de zumbis, como por exemplo World War Z (que ainda está só na base dos rumores) e mesmo a série da Anita Blake.
(Post originalmente publicado no Blog do Meia Palavra dia 12/12/09. Sim, ando preguiçosa e relapsa com minhas atualizações aqui.)
Mr. Darcy, Vampyre (Amanda Grange)
É o caso de Mr. Darcy, Vampyre, de Amanda Grange (escritora dita como especialista em Jane Austen). Ok, vamos então primeiro ao contexto que é sempre importante para entender a opinião do leitor sobre o livro comentado. Eu tinha lido esse ano Pride and Prejudice and Zombies do Seth Grahame-Smith. Quando comprei sabia que tratava-se de uma paródia, e que portanto a ideia era rir (e se divertir, é óbvio). Mas não foi bem o que aconteceu, achei o livro bem chatinho e com poucos momentos que realmente tinham graça. Continue lendo “Mr. Darcy, Vampyre (Amanda Grange)”
O Clube de Leitura de Jane Austen
O que fez com que eu o escolhesse esse título entre outras tantas comédias românticas disponíveis foi o fato de que muitos dos usuários lá do Meia Palavra chegaram procurando por um Clube de Leitura após assistir a esse filme. E eu pensei com meus botões que a história deveria ser no mínimo interessante para convencer o pessoal a procurar pelo Google por um clube para debater livros. E pelo menos a parte da discussão dos livros é.