The Grownup (Gillian Flynn)

gillianEu adoro o trabalho da Gillian Flynn. Mesmo. Depois que li Garota Exemplar fui atrás de Dark Places e Sharp Objects (todos saíram pela Intrínseca aqui no Brasil) e então fiquei cá na espera de algo novo dela para ler. Justamente por isso me animei quando The Grownup saiu pelo kindle singles: sabia que era uma história curta, só com 80 páginas (é o formato da coleção, a ideia é vender ebook curto por preço baixo), e até por isso serviria como “aperitivo” para enquanto nenhum romance novo da autora desse as caras por aí.

A novela (ou conto, depende de como você define um e outro) foi publicada originalmente com o título What Do You Do? em uma coletânea organizada por George R. R. Martin chamada Rogues, e logo de cara você consegue captar o estilão da Flynn: narração em primeira pessoa, protagonista mulher com um passado difícil e moral questionável. Aliás, o primeiro parágrafo por si só já é um baita cartão de visitas:

I didn’t stop giving hand jobs because I wasn’t good at it. I stopped giving hand jobs because I was the best at it.

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Melhores (e piores) leituras de 2013

Então, sem mais enrolações, a listinha do ano. Clicando no link do título do livro você poderá ler minha resenha (trocentos anos escrevendo sobre livros e ainda não gosto de chamar post de blog de resenha, mas vá lá), por isso o comentário aqui no post é mais breve. Só ressaltando que a lista não conta só com livros lançados em 2013, por isso chamo de “melhores leituras” e não “melhores lançamentos”.  E quando eu vi que ia dar uma roubada descarada com mini-listas, resolvi fazer um top 10 mesmo (só para explicar a quebra de ~~tradição~~, já que normalmente faço só top5). Vamos lá, para a lista:

MELHORES LEITURAS DE 2013

1. Haunted (Chuck Palahniuk)

Eu sou da opinião que livro bom é livro que fica com você mesmo depois de muito tempo, e Haunted é exatamente o caso. Li em junho mas ainda não posso ver uma piscina e não lembrar da história do Saint Gut-Free e aí consequentemente de como esse livro mexeu comigo. E é isso: a galeria de personagens criada pelo Palahniuk acaba te assombrando, objetos ordinários fazem com que você lembre dos relatos extraordinários de cada um dos confinados. Mas mais do que os contos que mostram o que fez com que aquelas pessoas fossem ao “retiro de escritores”, o comportamento delas no tal retiro é bastante chocante também, e acaba trazendo bastante questões sobre a natureza humana. Saiu no Brasil como Assombro, pela Rocco.

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Sharp Objects (Gillian Flynn)

Primeiro livro escrito por Gillian Flynn, Sharp Objects foi publicado lá fora em 2007, chegando no ano seguinte ao Brasil pela Rocco como Na Própria Carne. Para quem já leu os outros livros da autor (Garota Exemplar, 2012 e Dark Places, 2010) muitos elementos já são até familiares: a protagonista que ao mesmo tempo que é bastante inteligente ainda assim tem sérios problemas psicológicos, a família completamente bizarra que é culpada em partes pelos problemas citados, um crime e um mistério e por conta disso um livro que se apresenta como thriller mas que ali para frente vai se transformando em outra coisa. Ah, claro. Tem também aquela sensação agridoce de ler algo bem escrito e bom, mas ao mesmo tempo tão perturbador que fica difícil classificar a experiência de leitura em si. É algo diferente.

Em Sharp Objects Gillian Flynn nos apresenta Camille Preaker, uma jornalista de Chicago que  recebe de seu editor a tarefa de voltar à cidade natal para investigar o que parece ser um caso de assassinatos em série. Ela segue para Wind Gap, uma cidadezinha no Missouri que não visitava há oito anos. Logo de cara ficamos sabendo que há algo de errado ali – não só pelo tempo em que a protagonista passa longe do local, mas do visível receio que ela tem de retornar, com todo um capítulo envolvendo muita bebida como parte da preparação para finalmente encarar a mãe e toda a cidade. Como de costume, Flynn não tem pressa em construir as personagens e desenvolver a ambientação, são pequenas informações deixadas como migalhas de pão junto ao que imaginamos ser a linha narrativa principal, a investigação de Camille sobre a morte das duas meninas.

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Dark Places (Gillian Flynn)

Considerando que Garota Exemplar foi um dos livros mais bacanas que li agora em 2013, é natural a curiosidade sobre os outros romances já publicados pela escritora Gillian Flynn. Aquela coisa: alguém que acertou tanto em um, com certeza tem mais coisa bacana publicada, certo? Mas aí comecei a lembrar da maldição da Intrínseca que eu e a Dani comentamos no meu post sobre O Teorema Katherine: a editora lançava um livro que era um total sucesso aqui no Brasil, mas a escolha seguinte era sempre fraquinha e por isso mesmo um tanto decepcionante e, por coincidência, quase sempre trabalhos anteriores ao de sucesso (exemplos: A culpa é das estrelas seguido de O Teorema Katherine, A visita cruel do tempo seguido de O Torreão, Um Dia seguido de Resposta Certa, A menina que roubava livros seguido de Eu sou o mensageiro). Então fica aqui minha sugestão para a Intrínseca: ó, vai sem medo em Dark Places. MESMO. Só dessa vez faz o material promocional sem spoilers, ok? Ok.

Então. Eu não sei se já aconteceu com você de gostar muito de um autor, e aí você vai atrás de outro livro dele e quando lê ou tem a sensação de que aquilo não tem nada a ver com o cara (sabe, o estilo, a voz, nada está ali) ou é tão a ver que bem, parece só uma cópia/continuação do que ele já tinha escrito antes. É um terreno perigoso, no final das contas: como inovar sem perder o mojo? É engraçado que ao mesmo tempo que queremos algo familiar, queremos o novo. Sim, somos leitores exigentes e queremos o impossível. E é por isso que é sempre bom ter a surpresa de encontrar quem consegue fazer um ótimo malabarismo com essa nossa vontade, como é o caso de Gillian Flynn. Embora Dark Places tenha sido publicado anteriormente ao Garota Exemplar, você consegue enxergar as semelhanças, aquele tom que indica que está lendo algo da Flynn, ao mesmo tempo que entra em um novo terreno para ser explorado.

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Garota Exemplar (Gillian Flynn)

Juro que não sei exatamente o que despertou minha curiosidade sobre Garota Exemplar, de Gillian Flynn. Acho que uma reportagem mencionando o fato de que este livro tinha desbancado Cinquenta Tons de Cinza, e aí eu queria saber qual era a nova pira do momento, não sei. O fato é que coloquei no kindle e comecei a ler sem grandes expectativas, primeiro porque a) eu estava um pouco traumatizada com a Intrínseca (ver lista de piores leituras de 2012), b) O enredo parecia de filme que eu assistia no Supercine (ainda passa Supercine?) e c) Meu preconceito bocó dizia que se desbancou Cinquenta Tons de Cinza, boa coisa não poderia ser.

Mas ok, comecei a ler. E poucas páginas depois, já não queria mais abandonar o livro, principalmente quando percebi a jogada que Flynn começou a fazer com as opiniões que o leitor tinha das personagens. E se menciono isso já, assim, segundaparagrafamente, é porque quero dar um aviso para você que ainda não leu Garota Exemplar: fuja da campanha de marketing da editora. Não leia sinopse do livro, orelha, nem nada. Algumas informações que estão sendo colocadas para anunciar o livro acabam te colocando na pista errada e, o principal, afetando seu julgamento das personagens de uma forma diferente do que deveria ocorrer. Sobre isso falo um pouco mais para frente, aguenta aí.

A questão é que minha cabeça está aqui cheia de ideias a serem comentadas sobre o livro, mas não queria estragar a experiência inicial de ninguém, portanto fica a velha recomendação: volte quando tiver acabado de ler. Por incrível que pareça, esse meu cuidado nada tem a ver com o enredo principal que tem sido apresentado por aí (mulher desaparece, marido é o principal suspeito, etc.), aliás, eu acho que é o tipo de livro que “sobrevive” muito bem mesmo que revelem spoilers, só que fica aquela sensação de chupar bala sem tirar o papel (há!). Avisados? Ok, então agora vamos por partes. Três, como no livro.

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