A Rede Social

Acho tão triste quando vejo um filme que é todo redondinho, perfeito mas que simplesmente não me agrada da forma que deveria. Lembro de A Rainha, por exemplo, e Frost/Nixon. E agora coloco na galeria A Rede Social, de David Fincher. Talvez o maior problema nesse caso seja a personagem principal (Mark Zuckerberg) que não tem carisma algum. Aquela coisa, eu adoro personagem escroto, mas gente que, como a mocinha comenta mais para o fim “se esforça para ser escrota”, ahhh… não é tão legal assim.

Ele é desde o início retratado como um egoísta obcecado com uma ideia, ao ponto de não enxergar nada ao redor. E como é desde o começo, você meio que desde o começo quer mais é que ele se ferre. Mas as personagens que vão cruzando seu caminho também têm lá seu defeito: são fracas. Tão fracas ao ponto de você também não se importar (código de honra de Harvard? WTF?!).

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Cisne Negro

Ahááá, finalmente consegui assistir a algum filme após o nascimento do Arthur. Eeeeeeeee, viva o/ Comemorações à parte, o fato é que eu escolhi mal. Não que Cisne Negro seja ruim (está beeem longe de ser, diga-se de passagem), mas é que é um filme cuja trilha sonora e imagens são tão poderosas que é quase um pecado vê-lo em casa, tenho certeza que no cinema teria provocado ainda mais reações em mim. Então desde já eu deixo a dica: se está curioso sobre o filme, aguenta as pontas e deixa chegar nas telonas (aqui no Brasil a data de estreia está marcada para fevereiro), porque valerá MUITO a pena.

O enredo é até bem simples, se for pensar bem. O importante do filme é o modo como ele é conduzido, quase como um balé mesmo – e se essa sensação foi inspirada em mim, que não sou muito fã de dança, imagina de quem gosta. Temos Nina (Natalie Portman), uma bailarina desesperada para ser reconhecida como uma estrela. Ela vê sua chance chegar quando o diretor da companhia de balé procura por uma nova Swan Queen (Cisne Rainha) para sua montagem de O Lago dos Cisnes.

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Melhores filmes de 2010

A verdade é que este ano estou fazendo a lista apenas para manter a tradição. Desde a semana do nascimento do Arthur eu não assisti mais nadica de nada, e a lista de melhores de 2010 ficou bem chinfrim e, o que é pior, o melhor filme que eu assisti este ano não entra nela porque minha lista tem lá as firulas de que só valem filmes que foram lançados em território nacional.

De qualquer modo, seguem aí os links para as listas dos outros anos – eu faço isto desde 2004, então acho que dá para entender porque estou querendo manter a tradição mesmo com poucos filmes, hehe. Tem listas de 2004, 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009. O favorito ainda é 2004, vamos ver se de repente 2011 me surpreende, né? Vai a lista 2010 aí então:

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Quão perigoso é um zumbi?

Acabei de ver lá no Graph Jam: How Dangerous is a Zombie? Gráfico para os fãs de filmes de zumbi ;D

(clique na imagem para ampliar)

Edit: Esqueci disto aqui -> 7 Razões Científicas pelas quais uma epidemia de zumbis falharia rapidamente. Já tem um tempo que vi no Cracked, mas enfim, já que estamos falando de zumbis…

Two Thousand Maniacs! (1964)

Tem filme que volta e meia é citado em lista de referências e favoritos de pessoas que você considera ter bom gosto, ou ainda, que fazem filmes que você gosta. É o caso de Faster, Pussycat! Kill! Kill!, sobre o qual comentei brevemente tem coisa de um mês. Agora finalmente tive a oportunidade de conferir Two Thousand Maniacs!1, produção de 1964 com roteiro e direção de Herschell Gordon Lewis.

É aquela coisa, você espera uma certa inocência de filmes anteriores a década de 70. Inocência não no sentido do horror em si (oi, Os Inocentes, 13 Fantasmas e A Casa dos Maus Espíritos?), mas mais na ausência do gore. Eu pelo menos fico com a impressão que as coisas eram mais sutis, ficava mais naquela coisa de você imaginar do que você de fato ver as cenas cheias de sangue. Talvez por isso Two Thousand Maniacs! tenha me surpreendido (positivamente, é claro).

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  1. eu não tenho certeza se o título brasileiro ficou como Maníacos mesmo 

Mr. Nobody

Você tem que fazer a escolha certa. Enquanto você não escolhe, tudo é possível.” Eu poderia usar essa frase para resumir Mr. Nobody (sem data de estreia no Brasil, infelizmente), o problema dela é que deixaria de lado outros tantos detalhes que combinados fazem desse um dos melhores filmes que vi esse ano. Mr. Nobody é daqueles dramas com pinceladas de romance, sci-fi, fantasia. Aquela história que no final das contas acaba te pegando de jeito, das que você gostaria de ter contado para alguém.

Começamos com Nemo Nobody completando 118 anos, em um futuro daqueles bem clichezões (feche os olhos e pense em filmes futuristas que não são distopias e vai entender o que estou falando). Em conversa com um médico, começa a relembrar tudo o que viveu até aquele momento. E não demora muito para quem está assistindo ao filme perceber que o passado dele tem algo de atípico: parece ser vários, como se ele tivesse a permissão de viver várias vidas ao mesmo tempo.

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Sede de sangue (Bakjwi)

“E lá vai a Anica, comentar mais um filme de vampiros!” você deve estar pensando. É, mais um filme de vampiros, mas se serve de consolo, esse é bem diferente do que temos visto por aí, a começar que é realmente bom (não apenas divertido, digamos assim). Sede de sangue (que reza a lenda chegou nos cinemas brasileiros em abril desse ano) é dirigido por Chan-wook Park, o mesmo de Old Boy e cia. que eu vergonhosamente ainda não vi, então não posso dizer se é fiel ao estilo de direção ou se tem alguma inovação sobre isso, mas de qualquer forma vale destacar novamente: está BEM acima da média no que diz respeito aos filmes de vampiros atuais.

Sede de sangue é longo (eu assisti a versão do diretor, 145 minutos), o que permite um excelente desenvolvimento das personagens principais. Não é só uma história de um sujeito que vira vampiro e tem que lidar com isso, porque você consegue enxergar as pequenas (e lógico, as evidentes) implicações disso ao longo de cenas que em teoria poderiam ser deixadas de lado (e que normalmente o são em outros filmes). Aqui temos Sang-hyeon, um padre que cansado de ver pacientes do hospital onde trabalha morrendo acaba se voluntariando para uma experiência de vacina para um vírus extremamente perigoso.

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Os Coletores

Então que é bom logo de cara deixar claro que Os Coletores (Repo Men lá fora) tem nada a ver com Repo! The Genetic Opera. Ok, o essencial do enredo é mesmo semelhante: no futuro uma empresa cria uma técnica para facilitar os transplantes de órgãos, mas o contrato deixa claro que caso o pagamento não seja efetuado dentro do prazo, um coletor (o “repo man”) buscará o órgão em questão para devolver para a empresa. Mas a semelhança fica por aí, a começar que Os Coletores é filme de ação, e Repo! The Genetic Opera é um musical escrachadão.

Ok, dado o recado, vamos lá. Com Jude Law no elenco, trata-se de uma adaptação do livro Repossession Mambo, de Eric Garcia (a tradução já foi lançada aqui no Brasil com capa semelhante a do filme e título Os Coletores). Remy, a personagem principal, é um dos melhores coletores da empresa onde trabalha. Faz o serviço muito bem, até o dia em que (ironicamente) recebe um coração e começa a ter problemas com o trabalho (e consequentemente, com o pagamento do transplante).

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The Human Centipede (First Sequence)

O que esperar de um filme cujo título traduzido seria A centopéia humana? Tosquice, certo? Estávamos para assistir já tem quase dois meses, mas sempre acabávamos desistindo por conta de algum programa da tv a cabo ou outro filme que não prometesse tanta tosqueira. Juro, eu achava que veria um terror levezinho, tendendo mais pelo terrir para ser sincera – algo como aquele O Ataque dos Tomates Assassinos, mas bem, a verdade é que não tem nada de comédia em The Human Centipede (First Sequence).

Dirigido pelo holandês Tom Six e ganhador de alguns prêmios em festivais de terror, a história tem um começo meio inconstante: primeiro vemos um homem contemplando uma imagem de três cachorros e então atacando um caminhoneiro que parou na beira da estrada. Ok, isso promete. Mas logo após essa sequência, passamos para a apresentação do que seriam as protagonistas da história, duas amigas viajando pela Europa (e aí somando ao plot de O Albergue logo chegamos a conclusão que viagens pela Europa são perigosas, ahn?). Elas estão no meio do nada a caminho de uma festa quando o pneu do carro fura e eis que elas acabam parando para pedir socorro na casa do sujeito que atacou o caminhoneiro.

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