Submarino (Dunthorne x Ayoade)

submarinoVolta e meia quando você assiste a um filme baseado em um livro, o comentário é qualquer coisa como “É legal, mas o livro é melhor”. É tão comum de acontecer que algumas pessoas chegam a dar de ombros, ou mesmo fazer uma cara de enfado, como se com a linguagem corporal quisesse dizer que é óbvio que o livro é melhor. A razão para isso é bastante simples: enquanto você lê, quem molda o rosto das personagens, a ambientação e outros detalhes é você (às vezes até independente do que o narrador descreve). E meu amigo, é evidente que superar nossa própria imaginação é bastante difícil. Mas aí você acha que já tem uma regra pronta e dá de cara com um caso como Submarino. Ao menos para mim, o filme é superior ao livro, muito embora a obra em si também seja legal. Aliás, note que acaba seguindo o caminho inverso do normal: “É legal, mas o filme é melhor”.

Meu primeiro contato foi com o filme, talvez valha a pena dizer, já até falei brevemente sobre ele aqui. Tinha lá um bom tempo que via imagens dele no tumblr, pensava “Hum, acho que vou gostar desse filme”, mas sempre me enrolava, até que finalmente assisti. Quando acabou, eu já estava fazendo uma busca por informações sobre o filme (incluindo aí o choque ao descobrir que o diretor era o Moss do IT Crowd), vi que era uma adaptação e naquela mesma noite já estava lendo o livro do Dunthorne. E olha, fora uma mudança aqui e outra acolá, a versão do Ayoade é BEM fiel ao original. Como é que pode ficar tão melhor? Bem, para responder isso acho melhor seguirmos aos poucos.

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Bibliotecas no cinema

Sim, normalmente elas são só parte do cenário, não tem grande relevância para a história em si, mas mesmo assim estão lá: as bibliotecas. Sejam as grandes bibliotecas públicas ou as confortáveis bibliotecas pessoais, o fato é que algumas ganharam um lugarzinho especial na minha memória, seja por serem belíssimas, seja porque a cena em que elas estavam presentes eram marcantes. E foi por causa disso que resolvi fazer aqui um top5 unindo duas coisas que adoro: livros e filmes. Vamos então para o meu…

TOP 5 CENAS EM BIBLIOTECAS!

5. Três formas de amar (Threesome, 1994)

Eu acho que o filme nem é assim tão imperdível (lembro de ter gostado, mas assisti apenas uma vez), mas é engraçado como anos e anos depois ainda lembro da garota dando uma de Sally na biblioteca da faculdade, é uma cena bem marcante, no final das contas. Sobre o filme, vale se você de alguma forma estiver sentido saudades dos anos 90, porque ele é a cara dessa década (a começar pela trilha sonora).

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Filminhos (Ou: tentando colocar isto aqui em dia)

Atualizando, atualizando lá lá lá

Não vou ser nem doida de comentar aqui neste post sobre todos os filmes que vi e não registrei aqui no blog desde fevereiro. A realidade é que naquela época eu tinha planos de continuar com o “Filmes em 2013“, mas foi acumulando demais, então pensei em transformar em giffy reviews e quando notei, pans, já era setembro. Ano que vem eu tento fazer tudo bem bonitinho desde o começo, por enquanto vou comentar alguns aleatoriamente mais porque eu realmente sinto falta do registro por escrito. São dez anos escrevendo no blog, me acostumei com isso: por algum motivo um título é comentado, eu busco no blog para lembrar o que achei dele e prefiro muito mais algumas breves linhas do que um sistema obtuso de avaliação como o de cinco estrelas ou notas de um a dez. E esse parágrafo todo é na realidade um longo note to self, eu sei, então vamos logo aos filmes.

Intocáveis (Intouchables, 2011): Sabe aqueles filmes que você sabe exatamente o que vai acontecer, e mesmo assim você se emociona? Pois é. O enfermeiro de origem humilde vai cuidar de um homem rico que após um acidente ficou quadriplégico. Você sabe: choque cultural, choque de classes, o enfermeiro ensina o ricão a viver os prazeres simples da vida e yadda yadda yadda, mas de fato floresce uma amizade bonita entre eles e não tem como você não se envolver. E o Omar Sy está excelente no papel de Driss, com um sorriso fácil e cativante que realmente te convence. Gostei tanto do filme que fui ler o livro depois, o problema é que o livro é narrado sob o ponto de vista do Philippe, que vá lá, é um babacão. Acabei abandonando a leitura sem dó e não pretendo voltar para aquele livro tão cedo. Continue lendo “Filminhos (Ou: tentando colocar isto aqui em dia)”

Toda forma de amor (Beginners)

Oliver (interpretado por Ewan McGregor) chega aos trinta e tantos com uma série de revelações para lidar. A primeira é saber, um pouco após a morte da mãe, que seu pai era gay. A segunda, é que tão logo o pai conta este segredo para o filho, e decide finalmente viver, acaba recebendo um diagnóstico de câncer em estágio terminal. É ainda lidando com a perda do pai que Oliver conhece Anna, uma garota que também lá tem sua bagagem (e quem não tem?), e com quem ele aprenderá o quanto tem deixado o passado de outras pessoas tomar conta do seu presente. Isso é basicamente o que pode ser dito sobre Toda forma de amor (Beginners), filme de 2010 que chegou recentemente ao Netflix brasileiro. O problema do “basicamente” é que ele acaba deixando de lado uma série de detalhes que fazem com que o filme seja tocante sem ser piegas.

As atuações são fantásticas, com Christopher Plummer levando um Oscar por sua personagem Hal (o pai de Oliver), mas confesso que quem me encantou ali mesmo foi Ewan McGregor. Eu tinha até esquecido de como gostava deste ator. A personagem que ele interpreta requer que muito seja dito apenas com olhar e com poucas palavras, e mesmo assim ele consegue dar conta de tudo isso: a tristeza em uma festa cheia de pessoas, o encanto por conhecer alguém especial, a dor ao ver que o pai definhava aos poucos mas ainda assim lutava para que seus últimos momentos fossem felizes. A história simplesmente não funcionaria não fosse essa dupla de atores.

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Fenômenos Paranormais (Grave Encounters)

Sempre que sai um novo filme no estilo “found footage” eu lembro de A Bruxa de Blair. Eu sei que não foi o primeiro filme nesse formato, mas marcou bastante porque a primeira vez que ouvi falar dele foi uma amiga dizendo que ficou sabendo de uma história sobre um pessoal que se perdeu na floresta, que aí fizeram um filme com as imagens que foram encontradas em uma câmera encontrada perto de onde eles estavam acampando. Essa mistura entre ficção e realidade dava tintas de lenda urbana, deixando a coisa toda ainda mais assustadora. É fato que quando o filme finalmente chegou aos cinemas eu já sabia que era só um filme, mas ainda assim era inegável que a “moldura” para a história era bem interessante.

Pule aí mais de dez anos do já conhecido processo da indústria cinematográfica, de recriar/copiar fórmulas ou ideias que deram certo buscando novos sucessos de bilheteria, e é evidente que quando chega um filme como Fenômenos Paranormais (Grave Encounters) você pensa que ele não pode oferecer mais nada de novo: oras, não basta ser um “found footage“, ainda por cima a premissa básica é de um grupo de investigadores de eventos paranormais gravando um programa para a tv em um hospital psiquiátrico abandonado. Ou seja: todos os elementos das últimas décadas do que foi criado em horror norte-americano. Mããããs… tanto blog de horror que eu acompanho falando desse filme, tive que conferir. E uou, não é que a mistura de clichês dá liga?

Antes de continuar a comentar, duas coisas: primeiro, estou falando só do primeiro filme, não vi o segundo (e ouvi falar muito mal do segundo, então…). Segundo, se for assistir, tenta seguir as condições normais de temperatura e pressão: veja sozinho e à noite. Duvido que você vá dormir tranquilo depois.

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A Morte do Demônio

Eu não sei até que ponto é possível para algum fã do original de 1981 assistir o remake que saiu este ano sem pensar em compará-los. Eu, que tentei ao máximo “desligar” o botão da comparação, ainda assim ficava pensando de vez em quando “ESTE LOSER É O ASH?!!”, mas acho que minhas implicâncias com o filme foram bem menores do que eu esperava. Não tinha gostado do fato de o livro não ser mais chamado de Necronomicon, mas Naturom Demonto, só que aí fui pesquisar e descobri que o engano era meu, já que o livro só passa a ser chamado de Necronomicon nas continuações da trilogia do Sam Raimi. Enfim, deixando isso claro, a verdade é que dá para ver A Morte do Demônio e gostar, mesmo que ele seja obviamente inferior ao original.

Nesta versão, o motivo que faz os cinco jovens se isolarem em uma cabana em uma floresta é que Mia está tentando se livrar das drogas. Para tal, ela chama o irmão (que vem com a namorada) e mais um casal de amigos, que tentarão ajudá-la. Falem o que quiser dessa trama, mas achei que aqui houve um acerto em comparação ao original: quando Mia começa a aloprar por causa do cold turkey, a amiga avisa o irmão da garota que ela já tinha feito uma tentativa anterior e que não deu certo, e que agora era o tudo ou nada e ela não poderia voltar para casa mesmo que pedisse. Pronto, está aí a explicação de porque mesmo com a garota bem loca ainda assim eles não pegavam as tralhas e voltavam para casa.

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O Segredo da Cabana

Quando assistíamos mais filmes de terror juntos, eu e o Fábio tínhamos como ‘nota de corte’ um cinco no IMDB. Abaixo de 5 era pouco provável que assistiríamos ao filme. 5 estava liberado, 6 ficávamos curiosos. Acima de 7 era certeza de que veríamos algo bom. É por isso que ao ver O Segredo da Cabana com 7 no IMDB (e aparecendo em um punhado de listas de sugestões de filmes do gênero) fiquei bem curiosa. Ok, a sinopse falava de cinco amigos em uma cabana na floresta (dá para ser mais clichê que isso?), mas muitos artigos elogiavam o filme por ter reinventado histórias desse tipo. Uou, expectativas lá no alto, vamos lá.

Eis que nos primeiros minutos…. AHNNNN?? Sério que estão apresentando os cinco esteriótipos típicos de qualquer filme com adolescentes/jovens no cinema? Piadinhas com maconha, meninas pagando calcinha nos primeiros minutos? E isso era para ser uma reinvenção? Olha lá, olha lá! Tem até o tiozão sinistro do posto de gasolina no meio do nada falando qualquer coisa que é para deixar o pessoal com medo do lugar para onde eles estão indo! Clichezãoooo! Já estava achando que tinha sido enganada pelos sites de cinema que costumo ler quando a história paralela, em uma espécie de laboratório-quartel-seja-lá-o-que-for, começa uma reviravolta que fez de O Segredo da Cabana um ótimo filme (e tive que concordar com o que eu tinha lido sobre ele). Atenção, spoilers a partir daqui (e é um filme que vale a pena ver sem saber muito sobre ele, vai por mim).

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Liberal Arts

Jesse (Ted Mosby Josh Radnor) está ali na casa dos trinta e poucos, aquele momento em que os sonhos da adolescência deveriam estar se concretizando, mas a realidade mostra que não é algo assim tão fácil. Seu diploma em língua inglesa não lhe rendeu o futuro cheio de conversas com pessoas que amassem os livros como ele, não há nem sinal de um relacionamento estável em sua vida (pelo contrário, acabou de tomar um fora) e seu emprego não parece lá muito interessante. É quando ele recebe uma ligação de um antigo professor da faculdade, o convidando para um jantar onde seria homenageado já que está se aposentando. Jesse prontamente aceita o convite e seu retorno à pequena faculdade de artes no Ohio acaba trazendo aquela óbvia nostalgia de um tempo em que tudo parecia possível.

Com este plot parece que o público do filme Liberal Arts (dirigido por Josh Radnor) se restringiria a pessoas na mesma faixa etária do protagonista, mas o fato é que chegando em sua alma mater Jesse conhece (e se encanta por) Zibby, uma adolescente de dezenove anos que está justamente vivendo o período do qual ele sente tanta saudades. Zibby surge um  pouco como a representação de tudo que ficou em Ohio assim que ele se graduou, aquela avidez por novas experiências e ao mesmo tempo uma certa inocência sobre o que está por vir. Sim, ela também é uma manic pixie dream girl (aparentemente todo cara na casa dos trinta e poucos sonha com uma guria assim), mas vá lá, deixando de lado a birra pelo que já é um clichê do cinema atual, a personagem é até bem interessante, rendendo bons diálogos ao longo da história.

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You cannot conquer Time

Meu primeiro contato com Antes do Amanhecer (Before Sunrise) não foi dos melhores. Eu tinha lá meus 20 anos (pouco mais, pouco menos) e lembro que achei um filme chato. Tão chato que queria logo que amanhecesse para o filme acabar. Por conta disso, quando em 2004 saiu Antes do Pôr-do-Sol (Before Sunset) nem dei muita bola e não assisti. Vivia repetindo para mim que um dia daria novamente uma chance para o primeiro, até porque pessoas que têm um gosto parecido com o meu (Sol, Melian, etc.) simplesmente adoram esse filme. E aí que nas várias notícias sobre o lançamento do terceiro filme da trilogia de Linklater, Antes da Meia-Noite (Before Midnight) saiu uma contando a história da garota que inspirou Linklater para a criação de Celine e achei tão fofo que decidi que agora era o momento: faria uma Maratona Before para no dia seguinte ir ao cinema e conferir o lançamento.

Começando então com Antes do Amanhecer, que eu tinha odiado. Terminei o filme sem entender porque naquela época não gostei: não tem nada ali para não gostar. Os diálogos entre Jesse e Celine são dinâmicos e interessantes, daqueles que dá vontade de se meter no meio para conversar também. E Ethan Hawke e Julie Delpy estão tão bem nos papéis que dá para sentir a química entre eles como algo palpável, real e constante. A cena na roda gigante, que marca o primeiro beijo do casal é doce e encantadora justamente por causa dessa química entre os dois.

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Meu namorado é um zumbi (Warm Bodies)

Eu não sei por que diabos fiquei tão brava quando vi que traduziram o título do filme Warm Bodies como Meu namorado é um zumbi aqui no Brasil. A questão é: me decepcionei um pouco com o livro Sangue Quente quando chegou ao Brasil, e passado um tempo ele “envelheceu” muito mal na minha memória. Sabe quando você pensa “Mas wtf, é um zumbi que se cura com o poder do amor? Isaac Marion, você está on drugs? Ou eu estava quando li e não me revoltei com o que foi feito do excelente conto I am a zombie filled with love?”. Enfim, divagações. O ponto é: o livro fica ali do médio para fraco, e a ideia central dele é realmente péssima, se você for pensar bem. Acho ok o fato de o ponto de vista ser de um zumbi, tudo bem ele se apaixonar, mas dezumbificar é fogo.

Então que quando vi a tradução do título, pensei que só podia ser zoação. Quando vi os trailers, ficou confirmado que sim, seria zoação mesmo. Mas como comentei em um post tem um tempo, foi justamente o fato de a adaptação ter partido para outro lado que salvou o filme. Desde o título ele já diz “Ei, não me leve à sério!” ou ainda “Olha só a tiração de sarro que estamos fazendo com filmes como Crepúsculo!” o que acaba mudando totalmente a forma de encarar a história. Continua sendo só para se divertir, e tem momentos de extrema vergonha alheia, mas o humor acaba salvando porque dá tintas de Sessão da Tarde para o que não tinha lugar nem em Cine Trash.

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