A edição que ganhei da Clara veio sete anos após a polêmica de 2002 envolvendo o canadense Yann Martel, portanto já veio “equipada” com alguns itens para quem deseja informações sobre a questão do plágio: uma introdução escrita pelo próprio Scliar em 2003, além de Zilá Bernd chamado De trânsito e de sobrevivências, que traça um paralelo entre as duas obras, mostrando suas óbvias semelhanças. Como não queria afetar meu julgamento sobre a questão, deixei para ler esse texto depois (mas que achei bem interessante, com algumas interpretações que passaram batido para mim inicialmente). De qualquer forma, acredito que os dois estarão presentes na nova edição, por motivos óbvios.
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Canibais, baleias e o medo ou: Santa coincidência, Batman!
Pois veja como são as coisas: no começo da semana recebi do Matheus Lins via twitter o link para um texto falando sobre o evento que inspirou Herman Melville a escrever Moby Dick, chamado The True-Life Horror that Inspired Moby-Dick (você jura, Anica?). Enfim, o texto é assustador e eu recomendo fortemente a leitura (mas já aviso que sim, está em inglês). O engraçado é que eu realmente desconhecia a história do Essex, e ao mesmo tempo ela me parece tão familiar: lembra muito The Narrative of Arthur Gordon Pym of Nantucket e todas aquelas coincidências envolvendo o nome Richard Parker (sim, o do tigre de As aventuras de Pi).
Enfim, acabei lendo o texto apenas ontem a tarde e deixei a janela aberta para comentá-lo depois. Então, à noite, estava dando uma olhada básica na lista de videos disponíveis no site do TED, e um chamou minha atenção. O título era “O que o medo pode nos ensinar”, e quem falava era a Karen Thompson Walker, autora de A idade dos milagres. Adivinha que história ela conta no video? Sim, a do Essex.
Tanta coincidência só podia ser um sinal de que eu tinha que compartilhar este link aqui no blog. Fica a sugestão então, The True-Life Horror that Inspired Moby-Dick (sem tradução) e O que o medo pode nos ensinar (com legendas em português). E aproveita que já está no site do TED e vê logo o video da Amanda Palmer, que derreteu meu coração gaimete e de quem agora sou fã: The art of asking (ainda sem legendas em português).
As aventuras de Pi (Yann Martel)
1. O filme após a leitura
Eu adorei o filme. É meu queridinho para o Oscar, por mais que eu saiba que ele não tenha café no bule para ser o grande ganhador da noite. E como andei sendo bem ranzinza com algumas adaptações (As vantagens de ser invisível e O lado bom da vida, mais especificamente), achei que cabiam alguns comentários, até para deixar claro que eu não sou aquele tipo de bocó que não consegue perceber que é óbvio que adaptações são diferentes dos livros.
A questão é: tomo o trabalho de Ang Lee com As aventuras de Pi como modelo de um bom roteiro adaptado. Coisas foram deixadas de lado? Claro. Coisas foram alteradas? Evidente. Mas a essência da obra foi captada, o que a fez dela algo especial (ou seja, uma história que merecia ser contada), está lá. Continue lendo “As aventuras de Pi (Yann Martel)”