O importante a se destacar é que é uma segunda parte mas não é uma continuação. Do dono da loja de discos vamos agora para um sujeito que tem uma coluna em um jornal e trabalha em uma rádio, e que em mais uma madrugada sem conseguir dormir relembra o passado através de várias “mixtapes”, aquelas fitas cassetes que costumávamos gravar em tempos pré-internet. O humor de Felipe Hirsch continua presente, mas agora ao invés do resgate de memórias de ex-namoradas, temos um homem tentando se reconstruir após a perda da mulher que amava. Assim, a nostalgia é muito mais melancólica do que se via na primeira peça da trilogia.
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As minhas fotos de quando eu era uma criança
“…As minhas fotos quando eu era uma criança, começaram a me dar uma agonia leve, uma espécie discreta e profunda de arrependimento. Há uma em que estou com um chapéu de cowboy, apontando uma arma para a câmara, que Laura achava doce, e um dia prendeu com um imã na geladeira. Mal consigo olhar para ela hoje em dia. Fico querendo pedir desculpas para aquele sujeitinho. Desculpe, se eu te decepcionei. Eu era a pessoa que devia tomar conta de você. Mas fiz algumas cagadas, tomei decisões erradas em momentos ruins, e transformei você em mim…”
(de ‘A Vida é Cheia de Som e Fúria’).
Não preciso dizer mais nada.