Perdido em Marte (Andy Weir)

perdidoO plano era ter lido o livro antes de chegar ao cinema, mas acabei me enrolando. Por causa da temporada de premiação, acabei assistindo Perdido em Marte antes de ler o livro de Andy Weir, que saiu em outubro de 2014 aqui no Brasil pela Arqueiro com o subtítulo: Uma Missão a Marte. Um Terrível Acidente. A Luta de Um Homem Pela Sobrevivência. Não, sério. Vai ver ali na Amazon. Só faltava a conclusão do livro no subtítulo hehe. Mas ok, pelo que eu entendi parece que depois na edição capa de filme virou só Perdido em Marte de novo. Tá, foco, vamos voltar ao ponto inicial: eu vi o filme antes de ler o livro.

E eu adorei a adaptação, demais mesmo. Matt Damon está ótimo como Mark Watney e vá lá, eu tenho um fraco por filmes que tenham cenas com David Bowie tocando no fundo. Só que por mais que a curiosidade pelo livro tivesse aumentado, ficou maior também aquele receio de que não valeria a pena ler, já que eu tinha lá a impressão inicial de que muito do charme da história se sustentava na resposta para a pergunta “Ele volta ou não para a Terra?” (e se você viu o filme, você sabe a resposta, eu é que não vou contar aqui).

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Top5 Livros Escritos Por Brasileiras

Eeeeeeeeeeeeeeeeee hoje é dia da mulher, viva!! Para comemorar (?!!) decidi depois de muito tempo voltar ao Top5, fazendo uma lista com cinco livros escritos por brasileiras. Eu quase caí em tentação e elaborei uma lista de personagens femininas marcantes, mas aí pensei que isso seria perder o ponto: valorizar o trabalho das minas. Desculpa, homens, adoro muita coisa que vocês escrevem, mas vocês aparecerão em um outro top5 por motivos óbvios, ok?

Porque é isso, né. Igualdade. E eu não digo só em termos de validação de uma crítica que parece ver em nomes femininos estampados na capa um sinônimo de chick-lit 1. Por exemplo: dia desses li um cara argumentando que não há sexismo no mercado editorial porque olha lá a J K Rowling que ganhou milhões com o Harry Potter. Será que a gente conta para ele a razão do “J K” e não um Joanne Rowling estampado na capa? Podemos também mostrar o artigo da guria que depois de adotar um pseudônimo masculino passou a receber mais respostas das editoras. Enfim, não dá para botar a cara num buraco na terra e ficar repetindo que tá tudo bem, tá tudo certo, porque não está.

Então, justamente por isso, a ideia do top5 é lembrá-los do que acontece quando a irmã do Shakespeare ganha oportunidades. Vamos lá, fora de ordem: TOP5 LIVROS ESCRITOS POR BRASILEIRAS.

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  1. eu vou me dar ao trabalho de fazer uma nota de rodapé lembrando que eu adoro chick lit, mas que não nego que o termo tenha lá uma conotação negativa, como literatura mais rasa que se concentra unicamente na busca da mulher pelo príncipe encantado e blablabla 

Oscar 2016: O Dia Seguinte

Mais um ano e eu aqui, meio zumbi comentando a cerimônia do Oscar. Tem uns anos que é mais puxado, as este até que estava divertido – nem tanto pelas piadas do Chris Rock e demais apresentadores, é só que o twitter estava on fire mesmo. Senti que a cerimônia foi menos enrolada também, acho que foi o primeiro ano que chegou no bloco das categorias principais e eu até fui consultar minha folha para ver se tinha faltado alguma outra porque nem vi o tempo passar. Pode ter sido por causa da nova ordem de premiação (será que vão repetir ano que vem?), que começou com os roteiros, mas enfim, ficou mais dinâmico, não fiquei lutando contra o sono para assistir toda a cerimônia.

Do Cris Rock veio o monólogo de abertura já esperado, falando sobre a polêmica do #OSCARSOWHITE. O monólogo estava indo bem (“Is Hollywood racist? Hollywood is sorority racist. It’s like, We like you Rhonda, but you’re not a Kappa.”), dando algumas direto nas fuças mas aí esculhambou total lá no fim ao minimizar a polêmica do ano passado, o “ask her more”. Deu umas pisadas de bola mais para frente na cerimônia também (e, convenhamos, o negócio das escoteiras, ai que preguiça), mas no geral foi bem. Só que aí tem o outro problema…

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Esquenta para o Oscar 2016

Amanhã tem Oscar eeeeee… seguindo a tradição, lá vai o meu postzinho com alguns links e informações sobre a premiação nesse ano. “Orra, Anica, e a Parte 3 dos filmes do Oscar?”. Desculpa meu querido único leitor do blog, eu acabei vendo só O Regresso e Perdido em Marte, faltou mais um monte de coisa que eu achei que daria conta mas não deu (Ponte dos Espiões eu comecei, mas ali nos 30 minutos começou a bater uma culpa terrível da terceira temporada de The Americans que eu ainda não terminei de ver e aí parei de ver. Sim, meus motivos para assistir a um filme são meio bizarros). Resumindo: não tem parte 3.

A cerimônia será transmitida na TNT a partir das 20:30. Na Globo você já sabe, é esperar o BBB acabar (o que vai ser ali qualquer coisa após as 23h). Tem tapete vermelho na E! e no GNT, o E! começa a cobertura às 15:30h. Esse ano tem Chris Rock apresentando, todo mundo bem curioso para o monólogo de abertura por causa da polêmica #OSCARSOWHITE, vamos ver se a treta toda ficará só ali no monólogo. E agora para os links:

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Filmes do Oscar (Parte II)

Tcharaaaam, voltei para a segunda parte. Para quem chegou agora: estou comentando (bem) brevemente alguns dos filmes indicados ao Oscar que assisti nos últimos meses. Para ler a primeira parte é só clicar aqui. Então, sem maiores enrolações vamos lá.

Steve Jobs (Steve Jobs, 2015): Eu não tinha nenhum plano de assistir ao filme (estava ali junto com Joy, que eu continuo sem nenhuma vontade de assistir), primeiro porque não tenho muito interesse na vida do cara, segundo porque não tem nem dez anos que ele morreu e esse é o segundo filme falando da vida dele. Aí o Gabriel elogiou um monte e o bichinho da curiosidade me pegou, fui lá ver colé. E olha, não é que o filme é bom mesmo? Fassbender e Winslet estão ótimos (mereceram as indicações, mas não acho que ganham), o roteiro tem força e aquele jeitão dinâmico que você quase consegue imaginar a história em uma peça de teatro, sabe como? Continue lendo “Filmes do Oscar (Parte II)”

Filmes do Oscar (Parte I)

Eu sei que quase nem tenho mais falado de filmes por aqui, mas resolvi fazer um post (ou dois, três, sei lá) comentando BEM brevemente alguns dos indicados ao Oscar 2016 que já assisti. Sendo realista, eu sei que não vou poder assistir a todos os filmes (e alguns eu vi antes de serem indicados, há!), então aquela coisa, para saber todos os indicados é melhor clicar aqui.

Aproveitando para dar uma dica de um artigo bacana que saiu na Gazeta do Povo, um guia para assistir aos filmes do Oscar, listando quais ainda estão nos cinemas, quais estão no Netflix ou em torrent DVD. Só clicar aqui.

E agora vamos lá, breves comentários sobre alguns filmes indicados, primeira parte (a parte dois eu garanto, a três e já não tenho certeza, haha):

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Tópicos Especiais em Física das Calamidades (Marisha Pessl)

Fico imaginando o trabalho que deve ter dado para o pessoal do marketing da Nova Fronteira na época em que Tópicos Especiais em Física das Calamidades da Marisha Pessl foi lançado aqui no Brasil. Porque ele deve ser um pesadelo para quem precisa ter algo mais ou menos rotulado e ter público-alvo definido, não é bolinho mesmo. O modo como ele vai se transformando página após página foge do previsível não só em termos de enredo: é uma experiência nova, que vai exigir um tico de paciência, sim, mas que depois vale a pena.

Antes de continuar, algumas informações: a primeira é que o livro foi originalmente publicado em 2006 lá fora e chegou por aqui em 2008 (mas nada tira da minha cabeça que a Pessl criou sua protagonista como uma adolescente da década de 90, embora no livro as datas não batam). Além disso, vale dizer que eu li a edição americana, então já peço desculpas por alguns termos e citações em inglês – não tenho certeza de como ficou na tradução e prefiro não arriscar. Finalmente: ahm, spoilers. Não que seja um livro que dependa de surpresas para agradar (a autora revela muita coisa do fim já no início, para falar bem a verdade), mas nunca é demais avisar.

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The Grownup (Gillian Flynn)

Eu adoro o trabalho da Gillian Flynn. Mesmo. Depois que li Garota Exemplar fui atrás de Dark Places e Sharp Objects (todos saíram pela Intrínseca aqui no Brasil) e então fiquei cá na espera de algo novo dela para ler. Justamente por isso me animei quando The Grownup saiu pelo kindle singles: sabia que era uma história curta, só com 80 páginas (é o formato da coleção, a ideia é vender ebook curto por preço baixo), e até por isso serviria como “aperitivo” para enquanto nenhum romance novo da autora desse as caras por aí.

A novela (ou conto, depende de como você define um e outro) foi publicada originalmente com o título What Do You Do? em uma coletânea organizada por George R. R. Martin chamada Rogues, e logo de cara você consegue captar o estilão da Flynn: narração em primeira pessoa, protagonista mulher com um passado difícil e moral questionável. Aliás, o primeiro parágrafo por si só já é um baita cartão de visitas:

I didn’t stop giving hand jobs because I wasn’t good at it. I stopped giving hand jobs because I was the best at it.

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Sandman: Overture

Conheci Sandman na época do cursinho. Matava aula para garimpar X-Men nos sebos do Largo da Ordem e de alguma forma acabei sendo apresentada à Gibiteca de Curitiba, onde os volumes publicados pela Editora Globo eram agrupados e encadernados por arcos. E se até hoje em dia eu sou toda fangilrzinha de Sandman (e do Gaiman?) é por causa de uma sensação que eu tinha toda vez que fechava um daqueles livrões e voltava à realidade.

Nunca consegui colocar em palavras e acho que não será agora que conseguirei, mas o ato de fechar o livro depois de ler Sandman era algo como ser jogada para fora de outro mundo. Se no caminho para o ponto de ônibus eu encontrasse um cara com cabeça de abóbora fumando um charuto, eu não ficaria assustada. É quase como se eu de fato saísse do Sonhar cada vez que parava de ler Sandman.

E se falo tudo isso é porque esta sensação, esse um pé no Sonhar e outro no mundo Desperto, acabou se repetindo no momento que acabei a leitura de Sandman: Overture. O que poderia ser considerado um arco “prequel” de Sandman foi publicado lá fora entre outubro de 2013 e novembro de 2015, os seis volumes estão agora saindo aqui no Brasil pela Panini como Sandman: Prelúdio (do que vi, parece que só dois volumes foram publicados até o momento). Eu tinha me animado já na época que o Gaiman foi ao twitter contar que estava trabalhando em histórias novas de Sonho, mas acabei enrolando a leitura porque a) queria ler quando a série já estivesse completa, b) esqueci que queria ler quando já estivesse completa. Foi uma conversa com a Kika (amiga que conheci por causa de Sandman 😉 ) que fez com que eu finalmente lesse. E bem, como disse: a sensação voltou.  Continue lendo “Sandman: Overture”

A Little Life (Hanya Yanagihara)

Eu não sei bem onde começar sobre A Little Life, que chegará pela Record aqui no Brasil agora no primeiro semestre de 2016. É muita coisa. Pelo número de páginas (700 e tantas), era de se imaginar que tivesse “muita coisa”, mas assim, não digo só em termos de eventos ocorridos ou número de personagens. Tematicamente A Little Life é amplo, daqueles livros que você sabe que resultam em uma infinidade de leituras.

Do que você não escapará em qualquer comentário sobre o romance serão as considerações sobre o quão miserável é a vida do protagonista Jude. É talvez o elemento mais forte, e o que empresta unidade para um romance que, ao se propor narrar toda a vida de um homem de mais de cinquenta anos, acaba sendo tão caótico quanto seria o ato de contar toda a vida de qualquer pessoa real. E é forte, porque Jude se define a partir das tragédias que aconteceram com ele, não a partir dos momentos felizes. Volto a falar sobre a questão da definição mais para frente, mas vamos voltar ao começo.

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