A probabilidade estatística do amor à primeira vista (Jennifer E. Smith)

probabilidadeSem qualquer obrigação de leitura (não estou na faculdade, não escrevo para um blog com parcerias e, principalmente, não quero provar nada para ninguém) acaba que meus critérios para escolha de livros estão para lá de aleatórios. Tentei engatar leituras de terror por causa de Little Stranger, mas então vi este livro de capa fofíssima e título meio nonsense e pronto, já fiquei curiosa. Sim,é young adult, então se essa não for sua praia nem perca tempo, porque não tem nada que vá te surpreender em termos de escrita. Mas é tão gostosinho de ler, tão bonitinho, tão -inho, -inho que pelo menos para as meninas que gostam de uma história doce eu certamente recomendo este livro. Trocando em miúdos: tive mais sorte do que juízo, porque se o critério foi bocó, pelo menos o livro não foi uma perda de tempo.

Confesso que as primeiras páginas prenderam minha atenção porque eu simplesmente adoro essa teoria de que pequenos momentos banais dos nossos dias podem significar uma grande mudança em nossas vidas (acho que o exemplo mais lindo dessa ideia foi mostrado em um filme nacional chamado Não por acaso). Hadley por uma série de fatores acaba perdendo seu voo para Londres por exatos quatro minutos, e corre o risco de se atrasar para o segundo casamento de seu pai. Fica evidente logo de cara que a garota não está muito bem com a obrigação de estar lá, muito menos com o fato do pai casar novamente – o que a leva a questionar em muitos momentos o que diabos faz com que uma pessoa que tinha uma vida estável e boa largue tudo isso por causa de uma paixão.

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iDrakula (Bekka Black)

iDrakulaJá comentei diversas vezes que sinto que boa parte dos livros atuais ainda não conseguem retratar o impacto da internet no nosso cotidiano. Não só da internet, é claro, mas de todas as mudanças nas formas de se comunicar que vieram nos últimos 20 anos. Tem livro de adolescente em que o adolescente não manda mensagem de texto ou NUNCA dá uma olhadinha nos emails, por exemplo. Dude, existe algum adolescente que não manda mensagem de texto nem dá uma olhadinha nos emails nos dias de hoje? Não entenda mal, não é uma questão de verossimilhança: os autores criam um universo próprio, se nesse universo adolescente não twitta, tá tudo certo, leia logo a história e não seja xarope, Anica. Oooooook. Mas enfim, o anacronismo chama minha atenção, e por isso fico até surpresa quando encontro um livro que tenha algo aproximado do que é o cotidiano de uma pessoa nos dias de hoje.

E se falo isso tudo, é para explicar o que fez com que eu começasse a ler iDrakula, de Becca Black. Pela sinopse, entendi que a ideia era trazer a história de Drácula para os dias atuais, justamente com a adição do elemento “internet” no enredo: Mina, Jonathan, Lucy, etc seriam personagens que trocariam e-mails e mensagens de texto, ao invés de trocarem cartas como acontece no romance de Bram Stoker. O negócio é que mesmo sabendo do que se tratava o livro, nada poderia me preparar para o susto que foi, logo na primeira página, dar de cara com isso aqui:

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Tweets que valem o clique (2)

Continuando a ideia do post anterior, vamos para mais uma rodada de tweets que valem o clique!

Para quem gosta de documentários e notícias sobre o mundo editorial:

Para quem adora uma lista de melhores para escolher a próxima leitura:

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Room 237

Room_237Se um dia eu e o Fábio participássemos daqueles programas de auditório em que o casal tem que responder perguntas um sobre o outro, na pergunta “Qual o filme de terror favorito da Anica?” Fábio acertaria com toda certeza, respondendo “O Iluminado“. Sei disso porque dia desses perguntei para ele, e a resposta foi correta, há. Enfim, eu sei que meu favoritismo oscila bastante entre esse e A espinha do diabo, mas no final das contas o longa de Stanley Kubrick sempre sai ganhando pelo fator nostalgia (já que a primeira vez que vi ainda era criança). E se estou falando tudo isso é só para dar a dimensão da minha curiosidade sobre o documentário Room 237, que busca dissecar algumas teorias de conspiração envolvendo a adaptação cinematográfica desta obra de Stephen King.

O filme é montado da seguinte maneira: imagens de O Iluminado e outros filmes (como De Olhos bem Fechados e A Lista de Schindler) formam uma espécie de colcha de retalhos, ilustrando os depoimentos de alguns entrevistados sobre as tais das teorias de conspiração. Algumas delas eu tenho certeza que você já ouviu por aí, como a de que O Iluminado é um jeito de Kubrick falar sobre a participação dele na falsa gravação dos primeiros passos do homem na Lua; ou a de como o filme conta de maneira subliminar o massacre sofrido pelos índios nos Estados Unidos. Confesso que nunca acreditei em nenhuma dessas teorias: vejo O Iluminado como um filme de horror, e se formulei alguma teoria a respeito do filme não foi sobre significados ocultos, mas mais sobre o que diabos o hotel Overlook fez com o Jack. E olha, continuo não acreditando. E aí que eu acho que o que é bacana nesse documentário não é a argumentação dos entrevistados, mas mais alguns detalhes que eles apontam.

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Abraham Lincoln caçador de vampiros (Seth Grahame-Smith)

abraham-lincoln-cacador-de-vampirosQuando gosto muito de um autor costumo dar uma segunda chance caso ele me decepcione. Foi o que aconteceu com os livros que li de Seth Grahame-Smith: o primeiro, How to Survive a Horror Movie (ainda sem tradução no Brasil) achei fantástico. Aí chegou Orgulho e Preconceito e Zumbis e foi simplesmente uma decepção. Resolvi dar a tal da segunda chance com Abraham Lincoln caçador de vampiros, e agora fiquei com a sensação de que muito do que não gostei de Orgulho e Preconceito e Zumbis está em ter procurado humor onde não havia humor. Porque é óbvio que ao ler um título que una o nome de um dos mais famosos presidentes americanos com um dos monstros da moda, dá a sensação de que será uma piada atrás da outra (como em How to Survive a Horror Movie), tanto quanto a inclusão de “e Zumbis” no título do romance de Jane Austen. Mas o que Seth Grahame-Smith faz é construir uma aventura das boas usando uma personagem conhecida como ponto de partida. Não vou negar que há alguns momentos de humor, mas são mais leves.Abraham Lincoln caçador de vampiros deve ser lido como você leria qualquer livro que tenha vampiros.1

A história começa com Seth Grahame-Smith contando que enquanto trabalhava como caixa em um mercadinho recebera de um cliente chamado Henry nada mais nada menos do que os diários de Abraham Lincoln. O que ele percebe logo que começa a ler é que há um elemento até então não conhecido na vida do presidente: ele fora um caçador de vampiros. Após a introdução, começamos a ler o que seria uma biografia de Lincoln – mesmo estilo de texto, mesma voz narrativa, as mesmas fotos ilustrando passagens descritas ao longo do livro – só que é aí que vem o truque de Grahame-Smith, que sem abrir mão do que já é conhecido sobre a figura política, inclui o elemento vampiro de forma muito engenhosa. Continue lendo “Abraham Lincoln caçador de vampiros (Seth Grahame-Smith)”


  1. Ok, hoje em dia é melhor enfatizar: vampiros como vilões, monstros. Não os vampiros bonzinhos que se apaixonam por humanas etc. etc. etc. 

Mama (2013)

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Começou de uma indicação da Nina lá no twitter, aí vi o trailer e fiquei morrendo de vontade de assistir. Problema era o de sempre: não vejo filmes de terror com crianças se estiver sozinha desde que o Arthur nasceu (por motivos mais ou menos explicados no post sobre Atividade Paranormal 2). Mas acabou que ontem conseguimos dar uma escapada e fomos ao cinema conferir o filme (que já está nos cinemas nacionais desde o dia 05 deste mês). Com um selinho de qualidade Guillermo de Toro (produtor), acho que não preciso nem dizer que estava com altas expectativas, certo?

E o filme até que respondeu bem. Na questão susto/tensão Mama é realmente muito bom, talvez até por ser uma história de fantasma onde o fantasma não é uma presença sutil, mas na realidade bem física, digamos assim. Já nos minutos que antecedem os créditos iniciais podemos ver a Mama e do que ela é capaz – o diretor (Andy Muschietti) não fica guardando o ouro, e talvez por isso mesmo em determinado momento do filme só com uma risadinha de Lilly você já sente calafrios, porque você já sabe o motivo do riso.

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Giffy Reviews

Ontem o Tuca me apresentou o que achei um dos tumblrs mais bem sacados dos últimos tempos: Giffy Reviews. A ideia é, através de uma imagem (sim, no formato gif, Sherlock) “resenhar” um livro. Pense assim: é quase um Como eu me sinto quando, só que para livros. E achei tão engraçado que em pouco tempo já tinha visto todas as Giffy Reviews da página, e estava morrendo de vontade divulgar aqui no blog e também de fazer ao semelhante. Não, calma: não vou criar um tumblr assim, nem mudar o formato dos meus posts sobre livros. Mas resolvi entrar na brincadeira e fazer “giffy reviews” de alguns livros que li este ano, mas não comentei por aqui (o plano original, jogado na lixeira do wordpress, era falar deles no formato de um tweet, mas concisão não é bem uma qualidade minha, digamos assim). Vamos lá então, de janeiro até agora, temos:

A Mulher de Preto (Susan Hill)

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Night of the Creeps (1986)

Quando não está correndo atrás dos filmes do momento, é até engraçado o jeito que outros títulos chegam até você. De repente sai uma referência em um artigo de jornal, uma lista de favoritos, uma imagem de uma cena aleatória. É como se todo mundo estivesse falando dele sem nem se dar conta disso. Eu sempre tomo isso como um sinal de que está na hora de conferir, e foi o que aconteceu com Night of the Creeps, produção de 1986 que pode ser encontrada nas locadoras nacionais como A noite dos arrepios (mas como eu duvido muito que alguém ainda frequente locadoras, fiquemos com o título original que será mais fácil de localizar, sim?). Sabia pela sinopse que teria como elementos alienígenas invasores de corpos que transformavam as pessoas em zumbis, então já esperava alguma tosqueira mas nada, digo NADA me preparou para uma cena de abertura assim:

ETs cor-de-rosa pelados com um laser tipo Star Wars antes das mexidas do George Lucas, basicamente.
ETs cor-de-rosa pelados com um laser tipo Star Wars antes das mexidas do George Lucas, basicamente.

Aí você percebe pelos olhinhos brancos de um deles que ele é um zumbi, e ele consegue fazer com que um experimento seja lançado para fora da nave. Boooom! Corta, eis que começa uma musiquinha dos anos 50, imagem em preto e branco. Somos apresentados a alguns elementos típicos de filmes de terror com jovens: a fraternidade, a gatinha, o capitão do time que namora a gatinha, a galera namorandinho num lugar onde não deveria estar e bem, o básico, né: um louco fugitivo do hospício. Confesso que achei esses primeiros minutos meio estranhos (a legenda que confirmou que estava tudo ok e que as cores eram propositais, para começar), fiquei pensando “ué, louco com machado? Mas o filme não é de zumbis ets?”. Eis que uma estrela cadente aparece e os jovens (que nunca viram Scooby Doo e não sabem as implicações disso) resolvem ir investigar.

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A Piada Mortal (Alan Moore)

KillingjokeA Piada Mortal foi publicada originalmente em 1988, mas ainda hoje volta e meia alguma editora acaba republicando a revista aqui no Brasil. E isso não é por acaso. Falando de histórias de Batman, a obra criada por Alan Moore e o artista Brian Bolland está sem sombra de dúvida entre as grandes, daquelas que servem de inspiração até os dias de hoje. É importante também por trazer um evento que acabou repercutindo no universo DC, e mais ainda, por junto com outros tantos títulos não só de Moore mas também de Gaiman e outros autores da época, acabar de vez com aquela imagem de que quadrinhos são só para crianças. A Piada Mortal está longe, bem longe de aventuras mais inocentes, e talvez com O Asilo Arkham, de Grant Morrison e Dave McKean, forma a dupla de histórias mais sombrias do morcegão.

Considerando outras HQs de Moore, como Do InfernoWatchmen e V de VingançaA Piada Mortal é extremamente (e infelizmente!) curta. Por conta disso, os eventos são todos rápidos, concisos, sem qualquer enrolação, o que de maneira alguma quer dizer sem complexidade. E é aí que dá para ficar ainda mais admirado com o trabalho de Moore, de como com tão pouco ele conseguiu fazer tanto por uma personagem que aparece como favorito até na frente de heróis da DC se você questionar algum fã. O Coringa depois de Moore não foi mais o mesmo. Continue lendo “A Piada Mortal (Alan Moore)”

Tweets que valem o clique

Um dos motivos que fizeram com que eu desse uma pausa no Hellfire há um ano foi o fato de passar boa parte do meu tempo no twitter, de modo que às vezes os tais do 140 caracteres sintetizavam o que seria um post por aqui, especialmente quando queria só compartilhar algum link interessante. O problema que não percebi na época é que nem todo mundo que lê o Hellfire frequenta o twitter (e mesmo quem frequenta, convenhamos que às vezes acabamos perdendo uma coisa ou outra na timeline). Bem, problema resolvido: agora de quando em quando (por de quando em quando quero dizer “este pode ser o primeiro e único, ou mês que vem eu volto com mais, ou… etc.) trarei uma seleção de tweets para quem ainda não está por lá (ou mesmo sugestão de gente para seguir caso você esteja por aquelas bandas também). Vamos lá:

Para o pessoal que entende bem inglês e adora Neil Gaiman:

Para quem ainda está na dúvida se compra um e-reader ou não:

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