E a ideia era até simples: apesar de ter sido gravado semanas antes, o programa foi apresentado como se fosse ao vivo, naquela noite de 31 de outubro. O especial contava com imagens do estúdio (com um apresentador bem famoso lá na Inglaterra recebendo uma especialista em fenômenos paranormais) e com imagens em uma casa mal assombrada, onde uma apresentadora (igualmente famosa, ao que entendi parece que era o equivalente ao que era a Xuxa aqui no Brasil) passaria uma noite com a família que dizia estar sendo aterrorizada por um fantasma.
The Love Affairs of Nathaniel P. (Adelle Waldman)
Como já deve ter dado para imaginar, o protagonista detestável em questão é o tal do Nathaniel P., que daqui para frente chamarei de Nate porque é como o narrador se refere a ele. Enfim, Nate é um carinha que vive de escrever artigos para periódicos como freelancer, até que finalmente consegue um contrato com uma editora para lançar um livro. É a glória, no mundinho intelectual de Nova York retratado por Waldman – é mais do que um cartão de visitas, é o que te torna alguém. Ao ponto de você usar seus contratos como escala para se comparar com alguém: “Greer had sold her book for more money than he’d sold his, and would probably sell more copies, but as a memoirist of adolescent promiscuity, she lacked a certain… respectability.“. Enfim, acho que dá para entender o efeito que esse contrato tem: o carinha que era o zé-ninguém de repente entra na mira da mulherada.
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We Were Liars (E. Lockhart)
(Dicona: post para quem já leu o livro ou não liga muito sobre essa coisa de “experiência de leitura”, porque ao falar sobre “experiência de leitura” e sobre o livro em si, eu provavelmente estragarei as coisas para você, veja só que contraditório.)
Assim que a discussão sobre spoilers retornou com força por causa do tal do purple wedding do Game of Thrones (que eu não assisto, não leio e não dou a mínima, vale ressaltar) eu imediatamente lembrei de O Sexto Sentido. Lembrei de ter ido ao cinema com minha mãe e irmã sabendo pouco mais do que “É um filme com fantasmas”, o tipo de coisa que é quase impossível em tempos de redes sociais, blogs, fóruns de discussões e afins. X-Men estreia oficialmente esta semana e eu já sei que terá uma cena foda envolvendo o Mercúrio. O segundo dos Vingadores nem chegou mas já vi fotos da Feiticeira Escarlate. É toda uma cultura de divulgação que se sustenta em adiantar para o público o que ele deverá ver e como deverá se sentir.
Pois bem, O Sexto Sentido. Só fantasmas. Vou dizer que minha principal surpresa não foi nem o plot twist, foi pensar que aquele cara maluco de cueca no começo do filme era o Donnie dos New Kids, hehe. Mas ok, aí você tem o plot twist, e então você volta para o cinema para tentar ver o que deixou passar para não ter previsto a virada, e nossa, que filme legal e engenhoso, como tudo se encaixa direitinho, vou indicar para um amigo, e ele indicará para outro amigo e pans, sucesso. A impressão que tenho é que se eu tivesse assistido a uma propaganda dizendo “VOCÊ TERÁ UMA SURPRESA NO FIM QUE FARÁ COM QUE VOCÊ QUEIRA ASSISTIR AO FILME NOVAMENTE”, eu provavelmente assistiria ao filme já procurando pistas para a tal da surpresa, o que estragaria a experiência. Mais talvez até do que saber qual é o grande-evento-que-não-deve-ser-mencionado.
Nu, de botas (Antonio Prata)
Pensei bastante nesse livro enquanto lia Nu, de botas de Antonio Prata. Sei que em uma primeira observação, parece que só encontramos de semelhança entre um e outro o fato de ser uma coleção de crônicas cujo tom predominante é o humor. Mas não acredito que seja só isso. Tal como Verissimo, Prata parece ser um daqueles casos de pessoas que conseguem transformar experiências extremamente pessoais em algo universal. Não acho que isso seja característica de qualquer cronista – alguns conseguem agradar com seus textos, mas vem lá com o carimbo do tempo: passou uma semana, ele já causará um outro efeito no leitor. Mas no caso desses dois cronistas consigo imaginar gerações e gerações de famílias em campings lendo histórias e dando risadas.
The Goldfinch (Donna Tartt)
Foi o que aconteceu comigo e com The Goldfinch de Donna Tartt, o queridinho do ano passado que agora em 2014 chegou a ganhar um Pulitzer. Ok, confesso (com vergonha): não sem antes uma certa dose de preguiça para encarar as quase 800 páginas do catatau em questão. Vou comentar sobre a questão do tamanho mais além, por enquanto fiquemos assim: terminei o livro no sábado e ainda não consegui organizar bem minhas ideias sobre ele, o que significa que escreverei caoticamente (as usual) e que o post poderá conter spoilers, mas embora eu ache frescura essa coisa de spoiler, ainda assim sou uma ~~cidadã de bem~~ e aviso antes, então né, ufa, a barra tá limpa. Ei? Que foi? Desculpa, não quis te chamar de fresco. Vem cá, me dá um abraço. Pronto, pronto, passou.
Neil Gaiman para crianças
No caso do Gaiman, volta e meia é justamente o caso: pode ser uma coletânea de contos como M is for Magic, pode ser um picture book como Cabelo Doido, um YA como O livro do cemitério, não importa. O negócio é que é divertido, realmente gostoso de ler e algumas histórias permanecem com você por um bom tempo depois da leitura (algo que acho que fala mais sobre a qualidade de uma obra do que o público-alvo, por exemplo).
Penny Dreadful S01E01 (Night Work)
Nesse formato em série existiam também os penny dreadfuls, publicações que contavam histórias de horror e eram vendidas por, ahnnn… um penny (dona Wikipédia pede para diferenciar e dizer que é o “old penny“). Muito embora eu goste muito de assuntos relacionados à Inglaterra do século XIX, a primeira vez que ouvi falar dos penny dreadfuls foi através da Kika, enquanto ela pesquisava para escrever o livro Construindo Victoria.
Enfim, a ideia era de entretenimento barato para quem gostava de histórias com monstros e sangue, muito sangue. Para ter uma ideia, a primeira vez de Sweeney Todd no mundo da literatura foi em The String of Pearls: A Romance, publicado originalmente como um penny dreadful. Caso queira saber mais sobre o assunto, recomendo esse link aqui. E se eu estou falando tudo isso é um pouco para que você possa entender o espírito da nova série do canal Showtime, chamada (sim, você adivinhou) Penny Dreadful.
As Primeiras Quinze Vidas de Harry August (Claire North)
Você não precisa de ganchos forçados para querer continuar lendo o livro capítulo após capítulo, porque a narrativa de Claire North é por si só viciante. Como comentei no twitter: ela poderia estar falando sobre batatas, e você continuaria lendo achando a coisa mais legal do mundo, de tão envolvente que é o estilo da autora. Eu sei que é o tipo de coisa que não faz muita diferença para quem quer mais é saber do enredo, mas pelo menos no meu caso ter em mãos um livro tão bem alinhavado, uma narrativa tão fluida prende muito minha atenção.
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The Violent Century (Lavie Tidhar)
Primeira vez que ouvi falar de The Violent Century foi em um artigo do io9, que anunciava que o romance era “like Watchmen on crack“. Não precisava nem ler muito mais, o autor já tinha minha curiosidade. Mas vamos lá: imagine como seria o cenário da Segunda Guerra Mundial (e os eventos históricos seguintes) se por acaso existissem super-heróis. Em The Violent Century conhecemos Fogg e Oblivion1, que costumavam trabalhar em dupla no “Retirement Bureau” e que acompanharam de perto grandes momentos do século XX. Tudo normal, não fosse um detalhe: o “Retirement Bureau” é uma espécie de órgão secreto do governo Britânico dedicado aos Übermensch, pessoas que após “A Mudança” passaram a ter super poderes. Fogg, como o nome sugere, controla o nevoeiro e Oblivion faz com que as coisas desapareçam.
Veja, a ideia é muito legal, porque por mais que já tenhamos pensado no que aconteceria se super-heróis realmente existissem ao ler Watchmen, o livro de Tidhar segue além e pergunta (com uma frequência que parece refrão de poesia): what makes a hero? Então não é como se você tivesse mais do mesmo em mãos, há algo de novo ali. Eu queria poder citar todo o trecho do Dia D com os heróis americanos para você entender o que quero dizer, mas ele ficaria longo demais aqui. De qualquer forma, acho que foi naquele momento que eu pensei “Ok, não gosto do estilo da narrativa, mas vou até o fim”.
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li o livro todo imaginando o Oblivion como o Tom Hiddleston, virge! ↩
O Segredo do Meu Marido (Liane Moriarty)
É natural que o leitor acabe pensando que o livro será sobre o conteúdo dessa carta (até porque o dilema de Cecilia sobre ler ou não se estende por vários capítulos) e pense que o tal do “segredo do marido” seja um mistério a ser desvendado (ou daqueles que sustentam a curiosidade do leitor até o fim do livro). Não é o caso. O segredo do meu marido é um daqueles livros “enganadores”, que tão logo o leitor avança na leitura, percebe que não era exatamente o que esperava, mas talvez até algo melhor. Então digo desde já que não acho que o segredo seja o mais importante na história, mas para quem tem frescura de spoiler é sempre bom avisar então lá vai: daqui para frente tem spoilers, etc.