How To Build a Girl (Caitlin Moran)

howtobuildcA história você conhece: um livro começa a aparecer aqui e ali, várias pessoas recomendando e então chega o fim do ano com aquelas ‘n’ listas de melhores e lá está ele, com a capinha verde dizendo LEIA-ME, LEIA-ME. Foi o que aconteceu comigo agora no final do ano. How To Build a Girl de Caitlin Moran ganhou o primeiro lugar na minha infinita lista de livros para ler meio que na base da insistência. Assim, não que eu não-seja-o-tipo-de-leitora de Caitlin Moran, é só que ela ainda não tinha entrado no meu radar e olhando pela sinopse não tinha nada em How To Build a Girl que fosse assim, livro para entrar em top5 de leituras do ano, por exemplo.

E aí eu comecei a ler, fechei meu top5 de leituras e agora queimei a língua e vou ter que colocar uma bônus track para a Dona Moran porque olha, garrei morzinho no livro. Antes de começar a falar dele, preciso avisar que: a) não acho que seja um livro para todo tipo de público. Já li resenha de gente que ficou ofendida com o senso de humor da autora, por exemplo. b) ele é um livro simples, que te ganha pelas ideias. c) além das ideias, é provável que role uma identificação se você foi um adolescente meio bizarro.

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As melhores leituras de 2014

Então, o ano já está quase no fim e muito embora eu esteja amando How to Build a Girl da Caitlin Moran, estou achando que pelo ritmo de tartaruga que peguei agora no mês de dezembro esse provavelmente será o último, então meio que já dá para fechar a lista de melhores leituras.

Ieiiiii.

Curioso que provavelmente uma mulher seja a última da lista. Comecei 2014 com uma trinca masculina (Fischer, Tolkien e Vizzini) e tudo levava a crer que seria mais um ano típico (muito homem, quase nada de mulher), aí veio a Carol Bensimon trazendo amor e abrindo o espaço para o mulherio que, como você poderá notar, dominou não só a lista de leituras em si, mas também o top5.

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O Irmão Alemão (Chico Buarque)

Minha família por lado de mãe é tão apaixonada pelo Chico Buarque que conversando sobre isso com minha tia dia desses até brincamos que temos o hábito de falar dele como “Chico” como se fosse o único Francisco desse mundo. Se alguém diz “Saiu livro novo do Chico”, para nós já é informação suficiente.

Eu sabia que tinha algo para chegar este ano (devo ter lido algum comentário lá no blog da Companhia, não sei), mas conforme a data de lançamento ia se aproximando, eu ficava cada vez mais curiosa: sobre o que diabos é esse livro? “O novo livro de Chico Buarque é um romance em busca da verdade e dos afetos“. Maaaaais, quero saber maaaaais. E aí começam a aparecer as primeiras resenhas e finalmente descubro: O Irmão Alemão é um romance que usa como base uma história pessoal do Chico (desculpa, aqui será Chico), buscando informações sobre um irmão nascido na década de 30 na Alemanha, de quem ele só foi tomar conhecimento quando já adolescente.

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Só para manter o registro

O bom e velho post com um breve comentário sobre livros que li mas dos quais não falei aqui.

The Subject Steve (Sam Lipsyte): Fiquei sabendo sobre esse livro porque a Sutil Companhia tinha feito uma peça baseada nele, mas como só tinha livro de papel fiquei me enrolando até sair uma edição para o kindle. Enfim, é legal, mas acho que fiquei no “meh” porque li com as expectativas lá no alto já que outros dois livros que renderam peça da Sutil eu adorei, Alta Fidelidade (A Vida é Cheia de Som e Fúria) e Love is a Mixtape (Trilhas Sonoras de Amor Perdidas).

A proposta é bem maluca e o desenvolvimento mais ainda: um cara saudável (Steve) é diagnosticado com uma doença que lhe dá poucos dias de vida. Detalhe é que mal avançamos na leitura e ficamos sabendo que o que o que Steve tem é meio que o que todos nós temos: a certeza de que morreremos eventualmente já que estamos vivos.

Boa parte das melhores piadas saem disso, mas a metralhadora do Lipsyte dispara para todo lado da nossa vida “moderna” e todas as maluquices inclusas no pacote. Em um outro post já tinha comentado um tico dele aqui, dizendo que “é um livro com bons momentos mas que não mexeu comigo o suficiente para sentar aqui e escrever sobre ele. Basta dizer que tem uma pitada de Tibor Fischer (alou, Sol!), que tem uma ideia bem sacada só que em determinado momento ele começa a se repetir tanto, tanto, que cansa. Seria uma novela excelente, e é um romance mediano“.

“Was I living?” I said.

“Wow”, said Desmond. “Don’t talk. Don’t say another thing. Those should be your last words. Mythic, man. I knew you had style.”

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The House of Impossible Loves (Cristina Lopez Barrio)

Eu entrei em um período de ressaca literária forte – comecei trocentos livros, com nenhum a leitura realmente engatava. O único que engatou (Por Escrito, da Elvira Vigna) era livro de papel e no momento eu só estou conseguindo ler no kindle porque acredite, por mais que mães sejam mestres da arte perdida de fazer tudo com uma mão só, virar páginas com uma criança no colo não é bolinho. Enfim, surge esse The House of Impossible Loves, parece interessante, amostra para o kindle, uou, interessante mesmo, comprei (a facilidade do processo de comprar um e-book só pode ser coisa do diabo).

Tem uma frase do Tibor Fischer que ficou martelando na minha cabeça: “Nunca existira um livro que não contivesse fibras de outro livro”. The House of Impossible Loves da espanhola Cristina Lopez Barrio parece ser a prova disso. Ecos de outros autores estão ali, de forma bastante clara – não à toa quase todas as resenhas desse livro acabam invariavelmente falando de García Márquez e Isabel Allende. Talvez o que diferencie a influência da mera cópia seja o fato de que no primeiro caso esses ecos surgem como ingredientes de um grande ensopado, e não como o prato principal. Barrio consegue fazer o tal do ensopado ao contar a história da estranha família Laguna e suas mulheres, amaldiçoadas há séculos a ter apenas filhas e sempre serem infelizes no amor.

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A História do Amor (Nicole Krauss)

(Insira aqui parágrafo introdutório comentando a dificuldade de escrever sobre um livro que você adorou, além de aviso de possíveis spoilers)

A História do Amor. Ahhhhh, A História do Amor. Pega um título desses e já toca O Amor e o Poder na minha cabeça e penso que lá vem um daqueles livros fofos de romances improváveis que vá lá, eu curto mas no fim é sempre mais do mesmo. Vou confessar aqui que o livro só apareceu no meu radar por causa de um post no tumblr. Pois é. Aparentemente todo mundo já tinha ouvido falar, já leu ou morre de vontade de ler, e eu não fazia a menor ideia de que existia esse livro por aí. O tal do post reforçava um pouco minha ideia sobre qual seria o enredo da obra, no final das contas. Era esta imagem:

(clique para ampliá-la)

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The Vacationers (Emma Straub)

Então. Chega o verão e as editoras aqui parecem seguir um movimento contrário ao das editoras gringas: ao invés de lançarem suas apostas (pelo menos no sentido de livros mais populares), parecem dar uma segurada nos lançamentos. Acredito que tenha a ver com o fato de nosso verão coincidir com o fim do ano, de qualquer forma acabamos ficando sem essa experiência interessante que é a leitura de verão para eles. Promoções mil nas livrarias, títulos novinhos chegando nas prateleiras e aquela curiosidade sobre qual, quaaaaaal será o livro do verão.

Bom, esse ano lá fora aqui e acolá pipocou o nome The Vacationers, de Emma Straub. Até faz sentido, já que a história gira em torno da viagem de uma família disfuncional para Maiorca, na Espanha. Piscina, praia, sol, areia… meio que parece perfeito para a estação. Detalhe é que o livro simplesmente não é lá essas coisas. Sabe aquele carinha esforçado que estuda pacas mas só consegue tirar nota cinco? Algo assim.

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Stoner (John Williams)

“Senhoras e senhores!!! Vocês já o conhecem pelas manchetes dos jornais!! Agora tremam ao ver com seus próprios olhos o mais raro e trágico dos mistérios da natureza!! Apresento… O HOMEM COMUM!!! Fisicamente ridículo, ele possui, por outro lado, uma visão deturpada de valores. Observem o seu repugnante senso de humanidade, a disforme consciência social e o asqueroso otimismo. É mesmo de dar náuseas, não?? O mais repulsivo de tudo são suas frágeis e inúteis noções de ordem e sanidade. Se for submetido a muita pressão… ele QUEBRA!! Então, como ele faz para viver?? Como esse pobre e patético espécime sobrevive ao mundo cruel e irracional de hoje? A triste resposta é… “NÃO MUITO BEM!” Frente ao inegável fato de que a existência humana é louca, casual e sem finalidade, um em cada oito deles fica piradinho!! E quem pode culpá-los? Num mundo psicótico como esse… qualquer outra reação seria LOUCURA!!”

Sei que é estranho abrir um post com uma citação de uma hq. Mas enquanto ia me aproximando do final de Stoner (1965) imediatamente lembrei desse trecho de A Piada Mortal, escrito pelo Alan Moore. O homem comum. William Stoner, o protagonista, é apenas isso, um homem comum. Não há nada de extraordinário em suas ações ou em sua vida. Como já nos primeiros parágrafos o narrador deixa bem evidente:

Stoner’s colleagues, who held him in no particular esteem when he was alive, speak of him rarely now; to the older ones, his name is a reminder of the end that awaits them all, and to the younger ones it is merely a sound which evokes no sense of past and no identity with which they can associate themselves and their careers.

Stoner vive muito dos seus primeiros anos como que no piloto automático. Trabalha na fazenda com o pai, um serviço pesado que ele fazia sem qualquer reclamação porque bem, era o que tinha que ser feito. Surge então uma oportunidade de estudar agronomia na universidade, e ele vai – mais porque o pai acha que será bom para a fazenda deles do que por ele realmente ter alguma vontade em especial sobre isso.

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This One Is Mine (Maria Semple)

Nada como a leitura de um outro título do mesmo autor para entender o que fez com que você gostasse tanto da primeira leitura. Estava dando uma sondada aleatória na Amazon, vi uma capa num padrão familiar e “Uou, livro novo da Maria Semple?”. Bom, não é novo. É anterior ao Cadê você Bernadette?, mas essa edição nova chegou no fim de agosto e tem a tal da capa que comentei (e que ilustra esse post).

This One Is Mine foi o primeiro livro da Maria Semple, publicado em 2008. Pelo que eu entendi, marcou um pouco a transição da carreira dela de roteirista de séries de TV para escritora. É um primeiro livro, deve ser avaliado como tal e blablabla, mas meudeus, que decepção.

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Uma mensagem dos deuses dos livros

Eu sei que quase não atualizo aqui e que deveria aproveitar o raro tempo livre que encontro para falar de algo relevante, mas é que hoje eu definitivamente tive uma prova de que os deuses dos livros estão mandando uma mensagem para mim. A mensagem: LEIA STONER.

Não sei sobre o seu, mas o meu deus literário agora tem a forma da Tilda em Only Lovers Left Alive.

Ok, do começo, sinal número um. Estava lá na Amazon no meu velho esqueminha de “Customers Who Bought This Item Also Bought” buscando algo meio parecido com Dept. of Speculation porque (como visto no episódio anterior) eu adorei o livro. Eis que entre as ‘n’ opções (algumas que eu já tinha lido, outras que já estão no kindle mas não estou bem no momento certo para ler) aparece um tal de Stoner, de John Williams.

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