Autismo

curiousEntão, o primeiro livro que tive que ler para a disciplina de Ficção em Língua Inglesa foi um livro infanto-juvenil muito premiado chamado “The Curious Incident of the Dog in the Night-time”, do Mark Haddon. Aqui no Brasil ganha o título de “O Estranho Caso do Cachorro Morto” e costuma ser confundido com livro policial (tanto que no submarino vendem junto com o Código da Vinci hehehe).

E pode até ser Literatura Infanto Juvenil, mas é um livro FODA. Foda como nenhum Harry Potter ou Crônicas de Nárnia consegue ser, I must say. Eu sei que estarei estragando a experiência literária de quem for ler esse livro ao contar sobre o que é, mas enfim: trata-se inicialmente da tentativa de um garoto autista de descobrir quem matou o cachorro da vizinha, e então a trama se complica.

Continue lendo “Autismo”

Já dizia Mark Twain…

“Vamos agradecer aos idiotas, se não fossem por eles não teríamos tanto sucesso” Como devem saber, estou fazendo uma pesquisa ferrada sobre Allan Poe por causa de minha monografia (se não sabiam, agora sabem). Claro, a coisa não é exatamente um deleite total, mas estou descobrindo coisas aqui e acolá que vão além de um estudo literário.

A descoberta mais recente é um obituário escrito sobre Poe por um tal de Reverendo Rufus Griswold, que começava da seguinte maneira:

Continue lendo “Já dizia Mark Twain…”

Citações

Já dizia Machado de Assis “Há mais coisa entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia“! Hããããn? Machado?? Sim, sim. Eu sei que essa frase na verdade é proferida pela personagem Hamlet no final do primeiro ato. Mas quando vejo aquele famoso texto do “Um dia você aprende…” creditado à Shakespeare, fico com o mesmo ‘como assim???’ travado na garganta.

Claro, esse não é o único caso de citação creditada à pessoa errada. Tem uma história famosa de um e-mail que rolou por aí com um texto do Jabor comparando uma mulher batalhadora e a Adriane Galisteu, para ver qual era a mais bonita. Jabor apareceu na TV dizendo que ficava lisonjeado por considerarem o texto como dele, mas que não foi ele que o escreveu.

Continue lendo “Citações”

I’m a genuine nerd…*

Hoje ganhei da Luci o livro “O chão que ela pisa” do Salman Rushdie. Comecei a ler no ônibus enquanto voltava da faculdade, mesmo porque morro de curiosidade para saber por que a Jô gosta tanto desse autor. Aí leio umas páginas e dou de cara com isso:

“…estava tão diluído de narcóticos a ponto de ninguém entender as últimas palavras, proferidas durante o delírio comatoso final. Alguns dias depois, porém, a informação chegou à Internet, onde um tarado por ficção fantástica de apelido “[email protected]”, transmitindo do bairro Castro de San Francisco, explicou que Raúl Páramo estava falando orcish, a língua infernal inventada pelo escritor Tolkien para criados do Senhor do Escuro Sauron: Ash nazg durbatulûk, ash nazg gimbatul, ash nazg thrakatulûk agh burzum-ishi krimpatul. Depois disso, os boatos sobre práticas satânicas, talvez saurônicas, espalharam-se incontrolavemente pela Rede.”

Aí eu fiquei toda contentinha, porque sou nerd e feliz e achei engraçado aquele ‘elrond at rivendel’. Enfim, quando arrumar um tempo para ler o livro todo, volto aqui para dar opinião. :dente:

___________________________

*Fala de personagem do filme Anti herói Americano, que é muito bacana, diga-se de passagem.

Se correr o bicho pega…

“O eterno retorno é uma idéia misteriosa, e Nietzsche, com essa idéia, colocou muitos filósofos em dificuldade: pensar que um dia tudo vai se repetir tal como foi vivido e que essa repetição ainda vai se repetir indefinidademente! O que significa esse mito insensato?

O mito do eterno retorno nos diz, por negação, que a vida que vai desaparecer de uma vez por todoas, e que não mais voltará, é semelhante a uma sombra, que ela é sem peso, que está morta desde hoje, e que, por mais atroz, mais bela, mais esplêndida que seja, essa beleza, esse horror, esse esplendor não tem o menor sentido. Essa vida não deve ser considerada mais importante do que uma guerra entre dois reinos africanos do século XIV, qu enão alterou em nada a face do mundo, embora trezendo mil negros tenham encontrado nela a morte através de indescritíveis suplícios.

Será que essa guerra entre dois reinos africanos do século XIV se modifica pelo fato de se repetir um número incalculável de vezes no eterno retorno?

Sim, certamente: ela se tornará um bloco que se forma e perdura, e sua tolice será sua remissão.”

Continue lendo “Se correr o bicho pega…”

A vida imita a arte

Esse é mais um daqueles chavões manjados, junto com o “Tudo que é bom dura pouco“, (fonte para chavões e algumas risadas: Homem Chavão ). De qualquer forma, não é à toa que podemos considerar essa sentença um chavão, acontece com relativa freqüência. Temos o casal apaixonado que não pode consumar o amor por causa de briga de família ou ainda o pobre órfão que consegue vencer na vida.

Mas confesso que nada me surpreende mais quando a vida imita uma obra como a de Allan Poe. No sentido de ainda me assustar quando vemos que as personagens de seus livros não são só “parte de uma história de horror”. Enfim, que o horror está aí, no cotidiano. Em uma matéria de jornal.

Continue lendo “A vida imita a arte”

Afinal, qual o problema do Alencar?

Como já devo ter comentado por aqui, estava lendo Ao Vencedor As Batatas do Roberto Schwarz para minha monografia em Português e, embora não tenha conseguido achar muita coisa que possa utilizar dentro do que estou pesquisando, achei algo bem interessante sobre o José de Alencar.

Eu nunca escondi e conheço várias pessoas (inclusive alguns professores de Literatura) que classificam o senhor Alencar como “chato”. Para não usar outros adjetivos pouco lisonjeiros, claro. E eis que no livro do Schwarz me deparo com o óbvio sobre qual é o problema do Alencar.

Continue lendo “Afinal, qual o problema do Alencar?”

Dá uma preguiça…

Na Valinor tem um tópico de 22 páginas no qual as pessoas falam dos piores livros que já leram. E claro, algumas respostas tem mais a ver com a pessoa não gostar de determinado estilo, ou simplesmente achar a história pavorosa mesmo (isso para não falar das citações óbvias aos livros de auto ajuda que, como todos sabem, são patéticos).O problema é que não consigo entender gente colocando um “Dom Casmurro” (Machado) ou um “A Hora da Estrela” (Lispector) em uma lista assim. Não dá, sério. Principalmente porque junto com o nome do livro vem o fatídico… “tive que ler para a escola“.

Continue lendo “Dá uma preguiça…”

Pequeno Dicionário Histórico

(e Elucidativo de Assuntos Pouco Vulgares)

Ontem no fim da noite o Fábio apresentou essa pérola do “desembargador Alfredo de Castro Silveira”, edição de 1966. A sensação que dá é que pertence a outro século, especialmente pelas “opiniões” largadas pelo autor nos verbetes. Além disso, é claro, a forma soberba como ele escreve o texto (e nem estou falando dos acentos onde já não utilizamos mais).
Selecionei alguns em especial para que vocês possam compreender porque esse livro é uma jóia da literatura nacional. Para que vocês tenham a mesma sensação que tive ao ler, deixei a formatação do texto exatamente como no livro. E não esqueçam: antes de ler, vale lembrar que esse livro não é cômico, ele é sério. Muito sério.
Continue lendo “Pequeno Dicionário Histórico”