Verborrágica (ou: Oi, estava com saudades)

three-musketeers-1.jpgPor não ter muito o que fazer enquanto cuidava do meu noivo adoentado na Bettegolândia, acabei retomando a leitura de “Os Três Mosqueteiros” (na verdade era para ele ler o livro). O impressionante é que, tal como na primeira vez que li, fui novamente fisgada pela história de D’Artagnan e companhia.

A fórmula do Dumas pai é manjada e foi repetida várias vezes depois (a aventura misturada com elementos históricos e o romance) mas tem algo que é mérito dele e só dele: o desenvolvimento das personagens. Está para surgir um grupo mais carismático do que Athos, Porthos, Aramis e D’Artagnan.

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O Monstro de Olhos Verdes

Othello-Delacroix.jpgAssim: eu sou uma pessoa MUITO ciumenta, tenho ciúmes até quando a Miu lambe o Fábio e não eu. E não, eu não me orgulho disso, sei que é um sentimento meio torto de quem acha que amor é posse e blablablabla. Mas eu não estou conseguindo entender são os últimos casos que apareceram no jornal recentemente, relacionados à isso.

Primeiro vem o locão e seqüestra um ônibus por causa da ex, aí vem outro doido que dá seis tiros na cabeça da mulher que, milagre dos milagres, sobrevive. Aí então vem essa: por ciúme, homem atropela (e mata) mulher na frente dos filhos.

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Vem cá ficar comigo

64632.jpg… encontrei uma barata na cozinha

eu olhei pra ela, ela olhou pra mim

ofereci pra ela um pedaço de pudim

o curioso foi que ela… ela disse sim! :mrpurple:

Não, esse não é um post sobre a banda Inimigos do Rei, ou de como nos anos 90 o Paulinho Moska ficou sério e nem parece que ele fazia parte dessa banda dos anos 80 que tocava sucessos como Adelaide.

Nããão, é um post sobre – uou – A Metamorfose, do Kafka (sacou o trocadilho, ahn ahn?). Eu já tinha comentado no Hellfire antigo qualquer coisa sobre a tradução para ‘barata’ (e eu até linkaria para vocês, mas ele está todo zoneado) mas agora eu quero comentar sobre essa ediçãozinha bacana da LP&M.

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Crônicas

cadeira do dentista125.gifNada contra o Luís Fernando Veríssimo (escritor que, por acaso, acho engraçadíssimo). Mas quando o assunto são crônicas e, indo mais além, crônicas engraçadas, o melhor cronista aqui do Brasil é o Carlos Eduardo Novaes. Estou para lembrar de uma vez que eu tenha rido TANTO enquanto lia uma crônica, do modo que ri quando li “A Cadeira do Dentista”, há muito tempo atrás em um dos volumes daquela série Para Gostar de Ler (que algum número certamente você teve que ler para a provinha de interpretação do colégio).

Sério. Se tiverem oportunidade, confiram o trabalho dele. Eu até transcreveria um trechinho de umas das crônicas, mas enfim, vida corrida essa de duas monografias e um trampo. Mas não vou reclamar. Pelo menos as coisas estão acontecendo, ahn?

Como prometido, um trechinho:

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Menos de 2 por ano.

wall_o_books.jpgAcabei de ver no jornal, enquanto tomava café. Brasileiro tem uma média de leitura de menos de dois livros por ano. A pesquisa citada também falava que os franceses liam 3 vezes mais livros do que os brasileiros, mas que o número de compradores de livros era maior no Brasil (acredito que por motivos óbvios).

Mas fico cá pensando: do que adiantam esses números (e colocar livro por 4,90 no supermercado), se eles não fazem uma pesquisa dos motivos que levam o brasileiro a ler tão pouco? É burrice se conformar com a idéia de que a única razão para isso é o preço do produto, não é – até porque quando você tem bibliotecas públicas perto de você, dinheiro é só desculpa.
A base dessa situação toda é a educação. Enquanto em sala de aula ler for sinônimo de tortura, essa média continuará assim, bizonhamente baixa. E quem se habilita a “mudar o esquema”, agora que o jeito de ensinar Língua Portuguesa e Literatura já está tão cristalizado?

Éééé… futuro negro para quem pensa em viver de livros. Pelo menos o buraco na camada de ozônio diminuiu, né? :uhu:

Um pouco de Alice, e pouco tempo.

alice-tennile2-teaparty.jpg Alice sighed wearily. `I think you might do something better with the time,’ she said, `than waste it in asking riddles that have no answers.’

`If you knew Time as well as I do,’ said the Hatter, `you wouldn’t talk about wasting IT. It’s HIM.’

`I don’t know what you mean,’ said Alice.

`Of course you don’t!’ the Hatter said, tossing his head contemptuously. `I dare say you never even spoke to Time!’

`Perhaps not,’ Alice cautiously replied: `but I know I have to beat time when I learn music.’

`Ah! that accounts for it,’ said the Hatter. `He won’t stand beating. Now, if you only kept on good terms with him, he’d do almost anything you liked with the clock. For instance, suppose it were nine o’clock in the morning, just time to begin lessons: you’d only have to whisper a hint to Time, and round goes the clock in a twinkling! Half-past one, time for dinner!’

(`I only wish it was,’ the March Hare said to itself in a whisper.)

`That would be grand, certainly,’ said Alice thoughtfully: `but then–I shouldn’t be hungry for it, you know.’

`Not at first, perhaps,’ said the Hatter: `but you could keep it to half-past one as long as you liked.’

`Is that the way YOU manage?’ Alice asked.

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Obras Primas que Poucos Leram

obras.jpgOntem eu e o Fábio estávamos dando uma voltinha no shopping e, na Sciciliano, acabamos encontrando na estante 3 dos quatro volumes da série “Obras Primas que Poucos Leram“, que consiste basicamente numa reunião de artigos de gente bacana como o Otto Maria Carpeaux sobre os que seriam os livros ‘must read‘ (obs. acabei de ler que esses artigos foram encomendados pela revista Manchete na década de 70).

E sabe, para quatro volumes, têm títulos pra caramba (não são só livros, têm poesias também). Alguns eu já li (até por questões acadêmicas hehe), mas passando os olhos nos nomes citados, eu me dei conta de que não posso perder muito do meu tempo com porcarias: tenho muito para ler ainda. Não é que eu concorde com tudo que esteja ali (e acredito que alguns ficaram injustamente de fora, hehe). Mas, por exemplo, não me conformo de até hoje não ter ido além de algumas páginas de “Irmãos Karamázov“, ou não ter lido outra coisa do Henry James que não seja “The Turn of the Screw“.

Inclusive, tenho que largar mão de ser vagal e atualizar aquela minha lista de livros para ler

Vampiros

Iamlegend.jpgImagine que há pouco tempo aconteceu uma guerra biológica na Terra, que por algum motivo fez com que se alastrasse uma epidemia de vampirismo. Imagine que embora exista explicação científica para aqueles seres de dentes pontudos andando na calçada na frente da sua casa à noite, ainda assim muito do “mito” prevalece: eles fogem de alho e de cruz, morrem com uma estaca no coração e morrem com a luz solar.

Agora imagine que dentro desse cenário, você é o único sobrevivente. Preso dentro de sua casa, agora transformada em uma ‘fortaleza anti-vampiro’, podendo sair apenas quando o sol ainda brilha. Imaginou? Bem, essa é basicamente a trama de Eu sou a Lenda, de Richard Matheson.

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Ai!

sobr.gifAcabo de voltar do salão, onde fui tirar o excesso de sobrancelha (eu invejo as mulheres que não precisam pagar por isso, mas meu astigmatismo não permite que eu faça esse tipo de coisa sozinha em casa). Sabe, ser mulher dói. Pacaceta. E tem coisas meio sem sentido, tipo tirar o excesso de sobrancelha, enquanto tem tanto homem pelas ruas com tarântulas sobre os olhos e que nunca pensaram em ser pinçados para parecerem mais “cute” para as mulheres.

Nessas horas em que começo a reclamar das agruras da vida feminina, sempre lembro de um trecho sobre a Sabina, em A Insustentável Leveza do Ser (my personal bible =P ):

Ser mulher é para Sabina uma condição que ela não escolheu. Aquilo que não é conseqüência de uma escolha não pode ser considerado como mérito ou fracasso. Diante de uma condição que nos é imposta, é preciso, pensa Sabina, encontrar a atitude certa. Parecia-lhe tão absurdo insurgir-se contra o fato de ter nascido mulher quanto glorificar-se dsso.

Éééé… e Deus abençoe a pinça! Abaixo ao sovaco cabeludo! :dente:

O que veio antes, a música ou a dor?

Eu ouvia a música porque estava infeliz? Ou estava infeliz porque ouvia a música? Esses discos todos transformam você numa pessoa melancólica?

As pessoas se preocupam com o fato das crianças brincarem com armas e dos adolescentes assistirem vídeos violentos; temos medo de que assimilem um certo tipo de culto à violência. Ninguém se preocupa com o fato das crianças ouvirem milhares – literalmente milhares – de canções sobre amores perdidos e rejeições e dor e infelicidade e perda.

(do livro Alta Fidelidade, de Nick Hornby, que além de ser uma ótima sugestão de leitura – até mesmo para os que não são muito fãs de livros – ainda corre o sério risco de ser objeto de estudo no meu Mestrado, hehe)

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