Fingidor é o poeta, não o leitor.

woman_reading.jpgOntem estava lendo uma resenha de um livro novo que saiu na França, chamado Comment Parler des Livres que l’On n’A pas Lus? (Como Falar dos Livros que Não Lemos). O autor, Pierre Bayard (psicanalista e professor de Literatura Francesa) sugere algumas estratégias de como ludibriar as pessoas falando de livros dos quais você não passou da vigésima página ou sequer leu.

O que não é exatamente algo inovador. A pirralhada da internet hoje em dia está ganhando o “Green Card” para a vida adulta fazendo exatamente isso: falando de livros (e filmes, e bandas, e situações) que mal conhecem. Para qualquer aperto em uma conversa na qual você queira parecer mais maduro do que realmente é, Google é logo ali.

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Aqueles com senso de humor

mistolpm.jpgOntem à noite despencou aquele aguaceiro do céu, e eu firme, aplicando prova para meus alunos e morrendo de frio. Entre um chá e outro (para esquentar), estava lá eu lendo Misto Quente do Bukowski, quando me deparo com o seguinte trecho:

Essa coisa de trepar era bacana. Dava às pessoas mais coisas em que pensar.

Sorri e parei a leitura no momento porque finalmente caiu a ficha: de todos os gêneros, de todos os autores, eu gosto mesmo é daqueles que têm senso de humor. Aqueles que sabem usar como ninguém a ironia, o nonsense e mais: os que sabem fazer piada das manias e dos atos mais patéticos dos humanos.

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E agora para algo completamente diferente

old_tv_set_rc.jpgAcredito que as coisas estejam ok novamente, então aproveito para deixar aqui meus agradecimentos ao Hellraider e ao Mythos por cederem um cantinho para o Hellfire. Obrigadão mesmo =*

Voltando à programação normal, sugiro aos leitores que comprem a Veja desta semana, porque a baixaria está muito engraçada, vale a pena conferir. Estão atirando para todos os lados e ainda vai sair muita coisa disso aí. Eu, pessoalmente, acho divertido. É um estardalhaço forçado (chegam a chamar Che Guevara de assassino frio), e de tão tendencioso, chega a beirar ao caricato.

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Abril de Shakespeare

shakespeare.jpgO evento do ano passado aparentemente foi um sucesso, uma vez que está se repetindo este ano (aos cuidados de Anna Camati e Célia Arns de Miranda). Só o retorno da Barbara já vale a pena e, aos curitibanos e aqueles que poderão estar presentes, não deixem de conferir. Ainda devo à ela um novo olhar sobre Otelo, hehe.

Outra palestra bem interessante que vale assistir é a da Liana Leão (que acontecerá na segunda feira, às 16:00h no Cultura Inglesa) e a do Flavio Stein (terça, às 10:00h no Dom Pedro I). Vale dizer que o Flavio foi responsável pelas músicas de Sonho de Uma Noite de Verão que o pessoal da FAP interpretou brilhantemente no ano passado.

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Tudo ao mesmo tempo agora

simpsons.JPGEu ando tão cansada que nem sei se tenho absorvido as coisas que tenho visto.  Tenho lido um monte, especialmente os livros para a prova do Mestrado. Assistindo poucos filmes, estou em dia com House e com sono atrasado. Escrevi dois artigos, um para a Valinor ( batizei de “Os conceitos de leitor-modelo e alegoria aplicados à Tolkien“, esse lance de título nunca foi meu forte) e outro eu ainda não sei onde publicar (é sobre Mais Estranho do que a Ficção). Tive idéia para um conto, baseado em um negócio que o Umberto Eco comentou de nosso conhecimento de mundo ser baseado em 90% do que acreditamos no que os outros nos falam (A Alemanha perdeu a Segunda Guerra, por exemplo) e 10% em nossas próprias experiências (Fogo queima). Imagina só, como podemos manipular e ser manipulados. Acho que era mais ou menos isso que Orwell queria mostrar com aqueles sujeitos que “apagavam” pessoas da História, em 1984. Preciso ler 1984 de novo, aliás. 33 royals na Saraiva, até que está bem barato. Enfim, preciso também de um par de tênis e de um feriado prolongado.

Oswááááld

dicio1.jpgA Bravo deste mês está muito batutinha, com reportagens bacanas sobre Clarice Lispector, Goya e um tal de Zlatko Kopljar que faz umas fotografias questionadoras, etc. Mas o que chamou minha atenção mesmo foi o espaço de uma página que reservaram ao Dicionário de Bolso do Oswald de Andrade (a saber: Oswááááld. Ele não gostava que pronunciassem Ôswald).

Achei tão, mas tão legal que virou meu novo objeto de desejo, e assim que terminar de pagar as prestações dos ‘n’ livros de Teoria Literária que comprei… ahn… colocarei na lista dos outros ‘n’ livros que quero comprar. Enfim, a idéia é bem jóia, veja só: um monte de “definições” para líderes políticos, filósofos, astros e afins.

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O Ferreiro da Catarata

blacksmith.jpgPor coincidência duas momentos da minha vida envolvendo a Literatura estão oficialmente começando esta semana: o desenvolvimento das palestras sobre contos para a Fundação Cultural de Curitiba e a pós.

Aí, quando peguei a coleção de contos que serão trabalhados para dar uma olhada, vi um tal de O Ferreiro da Catarata, de um Húngaro chamado Mikszáth Kálmán – e sabe, é tão engraçado, mas o conto ilustra bem o caminho que estou tomando agora.

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Dilema musical

A pessoa que tenha lido meu perfil aqui no blog deve lembrar de um dos meus desejos mais profundos (ó, ó!), que consiste, basicamente, em “assistir Chico Buarque ao vivo antes que ele bata as botas“. Eis que estou lá, no busão, toda serelepe e feliz (mentira, no ônibus estou sempre ranzinza, mas enfim)… eis que vejo na rua um anúncio de show do Chico Buarque :susto:

Siiiiiiiim, eu finalmente terei a oportunidade. La la la la, alegria, alegria. Mas eis que vem a hora da brecinha. Chico, que nem é estranja, vai cobrar 280 realitos por cabeça para fazer a banda passar (cantando coisas de amor, la la la). Repito: 280 reais, 140 reais a meia entrada. Aí entra naquela coisa: pagar CARO para correr o risco do cara só tocar música do cd novo (que eu nem ouvi direito) e não tocar nenhuma das minhas favoritas? Ah, não. Dá licença, vou ali na livraria torrar 140 reais no super combo Zadig, Pigmaleão,Orgulho e Preconceito, Flush Memórias de um Cão, Uma Longa Queda e Esperando Godot, sim? Obrigada.

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Cinema e Literatura

stranger-than-fiction-2006-poster-0.jpgAcredito que para muitos o filme Mais Estranho que Ficção acabe beirando ali entre o bom e o razoável, enquanto eu achei simplesmente perfeito. E sim, tenho consciência que parte do meu encanto pelo filme veio pelas referências à Literatura que aparecem quase todo momento, mas não acho que seja isso.

A história gira em torno de Harold Crick, um auditor da Receita Federal que em uma manhã percebe que sua vida está sendo narrada por uma mulher. Todos os atos e pensamentos são detalhados “de forma precisa… e com vocabulário melhor“, como Harold descreverá depois. A questão é que no meio de uma das narrativas ele escuta que morrerá em breve.

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Um cara batuta

rilke.jpgNesse mundo de pseudo-celebridades pipocando em todo canto por qualquer coisa, falta um pouco do contato de gente como Franz Xaver Kappus (um cara que sonhava ser poeta) e Rainer Maria Rilke (um grande poeta). Percebi isso lendo ontem o ótimo Cartas a um jovem poeta, uma seleção de cartas de Rilke para Kappus, falando basicamente sobre o ato de criar e, mais adiante, o próprio viver.

Rilke parecia ser um cara batuta. Mas batuta mesmo. Extremamente educado e cordial, sem perder o tom afetuoso. Preocupado em responder o moleque que lhe enviara alguns poemas para que os avaliasse.

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