Porque livros serão sempre melhores que filmes

Ontem a Débora perguntou onde poderia alugar o filme Lavoura Arcaica, e acabei comentando sobre o livro do Raduan Nassar (que em algum momento do curso de Letras eu deveria ter lido e não li, não que eu me orgulhe disso). Aí ficou a velha indagação no ar: se você não conhece nem o filme, nem o livro, qual deve conferir antes?

Quase todo mundo que conheço (salvo aqueles que sofrem de preguicite aguda) acabam respondendo “O livro, é claro!”. E eu poderia explicar a razão disso citando a Iser, Sartre, Jauss, Candido, Eco e todo mundo que já discutiu em algum momento como funciona a relação obra-leitor, mas prefiro ilustrar com um exemplo que veio em mente ontem.

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Trailer novo de I am Legend

Não dá para dizer que é “fresquinho” porque utiliza um monte de imagens do outro trailer lançado, mas enfim, aí está.

Assistindo você não pode dizer “Que grande porcaria”, embora eu pessoalmente esteja bastante incomodada com a constância com a qual o cachorro aparece. Até porque a minha parte favorita [SPOILER: Selecione o texto para ler]era justamente o momento em que o cachorro aparece, e toda a solidão que ele sentia fica trilhões de vezes evidenciada por causa do apego imediato ao bicho. [FIM DO SPOILER]. Mas enfim, vamos ver, vamos ver. De repente não sai algo tããão ruim assim.

Não sabe do que estou falando? Então leia um post antigo meu sobre Eu sou a Lenda.

Meia palavra nem sempre basta

Então, na Veja dessa semana que está no fim (blé, é a do Tropa “Filme que aparentemente só eu ainda não vi” de Elite na capa) tem lá uma nota (até porque um texto de dois parágrafos não pode ser considerado um artigo, acho) sobre a vencedora do Nobel de Literatura, a Doris Lessing.

Doris Quem? Poisé, eu também fiz a mesma pergunta quando vi o nome. Bom, aí o Tiago me lembrou que ela está lá na lista do Harold Bloom em O Cânone Ocidental, né? Então, você não acharia meio incoerente se lesse na “nota” a seguinte frase:

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Rapidim

Como diria o saudoso Pedro Bernardi, puxalavida! Eis que abro a Bravo deste mês e dou de cara com o quêêêê? Uma reportagem sobre o Bonde do Rolê e todo o sucesso que eles estão fazendo lá fora. Uau. Não conhece? Bom, pelo menos aqui no Hellfire eu já falei deles. Meu lado ufanista acha o máximo, mesmo.

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Aí tem o lado bairrista (eu sou uma coleção de óóóótimos lados, ahn?). Nesta mesma Bravo tem o Dalton Trevisan sendo indicado para o Prêmio Bravo Prime de Cultura, com “Macho não ganha flor” (clica no link, só 18 royals na FNAC!). Nem li ainda, mas ele já tem minha torcida (Vai lá, Daltão, manda ver! hu hu hu!)

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Série Vaga-lume

Eu não conheço pessoa que goste de ler e não lembre com certa nostalgia da Série Vaga-lume, da Editora Ática. Os títulos da coleção funcionavam como “porta de entrada” para o hábito da leitura, e talvez eram umas das exceções agradáveis nas listas de livros que éramos obrigados a ler na escola.

O Mistério do Cinco Estrelas, Xisto no Espaço, Éramos Seis, Escaravelho do Diabo… tantos livros que tivemos o prazer de ler, ao ponto de deixarmos guardados no baú das boas lembranças junto com brinquedos e desenhos animados favoritos. Poisé, a coleção está fazendo 35 anos agora.

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Os Filhos de Anansi

A Anica de 2002 tinha um problema particularmente sério: ela endeusava seus autores preferidos, não se permitindo admitir que algumas obras desses são simplesmente uma bosta. Neil Gaiman se aplica ao caso. Eu não conseguia conceber a idéia de que o mesmo sujeito que escreveu Sandman poderia falhar nas letras.

E aí Deuses Americanos entrou no baú dos livros lidos como um uma colherada de xarope: tive que engolir. Sempre apontava um erro aqui ou acolá (inclusive o tom praticamente idêntico ao do Stephen King), mas dava de ombros e pensava “É Gaiman.”

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Faço trabalhos de literatura de graça!

…NOT!

Tenho ficado alarmada com a cara de pau de algumas pessoas na internet. “Pessoas” é modo de dizer, já que tratam-se de adolescentes com hormônios à mil e vontade nenhuma de fazer a lição de casa. :mrpurple:

Hoje cedo fui dar uma olhada nos scraps do meu orkut e tinha lá: (sic)”Por favor,achei sua opiniao muito interessante sobre um conto de Machado de Assis falando sobre a MISSA DO GALO.Vc poderia me fazer uma parafrase sobre esse conto?“. Criaturinhas ardilosas! Nos bajulam para que façamos a lição de casa deles!!

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A menina que roubava livros

Antigamente, quando eu ainda estava na fase das grandes descobertas literárias, lembro que terminar um livro do qual gostava muito era ao mesmo tempo bom e ruim: bom, porque eu sabia o destino de personagens que me cativaram. Ruim, porque a história acabava, e não existiriam novas histórias com essas personagens.

Dava saudade, sabe? E fazia muito tempo que não sentia isso. Ontem, depois de anos, senti novamente quando cheguei ao fim de A menina que roubava livros, do Markus Zusak. O enredo é interessante, Zusak utiliza técnicas bacanas durante a história toda, mas o que encanta mesmo são personagens como a roubadora de livros, Liesel, e seu pai de criação, Hans.

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A Estrada da Noite

Pois então, conforme prometido, cá estou. Antes de tudo, vamos ao óbvio: não é uma obra prima da Literatura contemporânea, nem é o tipo de livro que daqui uns anos estudantes de Letras se debruçarão sobre ele estudando as mil e umas técnicas narrativas empregadas pelo autor, Joe Hill, para contar a história do roqueiro Judas Coyne, que passa a ser atormentado por um fantasma após comprar um ‘paletó assombrado’.

Não, não acontecerá isso, porque Estrada da Noite é só diversão. É como assistir um filme pipoca – você não está em busca de diálogos primorosos, uma fotografia perfeita ou aquelas cenas com longos silêncios: quer apenas uma aventura que te distraia por um tempo.

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A menina que pedia livros

Estava hoje conversando com minha mãe, comentando sobre o livro A Estrada da Noite (já teci alguns comentários sobre o que li no Fórum Valinor, caso queiram conferir é só clicar aqui), mas prometo que assim que terminar comento mais sobre ele aqui (so far, so good eu diria).

Ok, então, como eu dizia, estava falando do livro para minha mãe e de puxa, que engraçado, o livro do pai do autor foi a primeira história-grande-sem-figurinhas que li. Aí minha mãe perguntou “Não tinha aquele outro, A Morte tem Sete Herdeiros?“(eu e meu irmão gostávamos muito desse livro, e acho que lemos ‘n’ vezes). Aí eu respondi que não, que esse era do Pedro Bandeira e que era infanto-juvenil.

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