Top5 livros em 2009

Continuando com a tradição e aproveitando a onda de retrospectivas de final de ano, resolvi elaborar o top5 de livros lidos esse ano. Lembrando que assim como aconteceu em 2008, não são especificamente lançamentos de 2009.  A surpresa para esse ano ficou por conta dos autores nacionais. Li pouquíssimos, mas mesmo assim eles são maioria na lista. E é isso.  Se quiserem comentar sobre os melhores livros que vocês leram esse ano, o espaço dos comentários está sempre aberto. No mais, espero que alguns dos títulos sirvam de sugestões para quem está querendo ler algo mas não tem ideia do que.

TOP 5 LIVROS EM 2009!

5. Frenesi Polissilábico (Nick Hornby)

Eu estava quase deixando o Seth Grahame-Smith entrar com How to survive a horror movie, mas depois lembrei de quanto me diverti me identificando com a relação de Hornby com suas leituras. É para ser divertido e consegue sê-lo do começo ao fim. Lembro até agora de algumas passagens como quando está indignado com os rumos que uma história tomou e aí comenta: “…I just sort of lost my grip on the book. Also, someone gets shot dead at the end, and I wasn’t altogether sure why. That’s a sure sign that you haven’t been paying the right kind of attention. It should always be clear why someone gets shot. If I ever shoot you, I promise you there will be a really good explanation, one you will grasp immediately, should you live.” O senso de humor do Hornby afiadíssimo como sempre, falando de algo que eu adoro. Tinha que vir para o top5.

4. O Filho Eterno (Cristovão Tezza)

Eu já ouvi comentários de que ele se inspirou bastante (digamos assim) no livro Uma Questão Pessoal, de Kenzaburo Oe. Como só li O Filho Eterno, prefiro não entrar nesse campo. A verdade é que embora breve, a obra de Tezza é forte, daquelas que realmente mexem com o leitor fazendo não só com que pense sobre o que está ali escrito, mas também sinta. Como já comentei antes, é a melhor prova de que um livro não precisa ter dezenas de inovações estilísticas para ser um bom livro. Uma história que ganhe o leitor como acontece em O Filho Eterno já basta.

3. Areia nos Dentes (Antônio Xerxenesky)

Eu preciso confessar que o que chamou minha atenção inicialmente era o enredo, envolvendo zumbis. Um faroeste com zumbis, pense só. E a medida que você vai conhecendo Mavrak (cidade que é quase uma personagem dentro do romance) logo percebe que não se trata de uma obra sobre zumbis, mas com zumbis. O conflito do narrador com suas lembranças, uma tentativa de conhecer-se através do passado, reconstruir-se. Para não falar de recursos que Xerxenesky utiliza, rendendo momentos ótimos que vão além da contação de história.

2. Catatau (Paulo Leminski)

Leminski não se dedicou tanto à prosa quanto à poesia, o que não deixa de ser uma pena se considerar os trabalhos com os contos (como pode ser visto na coletânea Gozo Fabuloso) e com Catatau, o romance ideia. Quase que uma releitura tupiniquim (e caótica, muito caótica) de Esperando Godot de Beckett, aqui temos um Descartes alucinado no Brasil, esperando por Artiscewsky. O leitor é tragado pelo fluxo de consciência do narrador (Descartes), deixando a lógica completamente de lado.  Há ritmo, quase como se fosse para ler em voz alta, um romancepoema inesquecível.

1. World War Z (Max Brooks)

Mais zumbis? Sim, mais. Mas mesmo que você não seja lá muito fã de histórias com mortos-vivos, vale a pena a leitura pelo que Max Brooks faz com o que já é um tema tão batido. A ideia da contrução da história a partir de depoimentos dos sobreviventes do que seria uma guerra mundial contra os zumbis é perfeita para uma metáfora sobre como é fácil simplesmente deixar a humanidade de lado. É uma obra marcante, uma pena que ainda não tenha tradução para o português, embora eu ache que com o filme que está para sair logo chega por aqui.

Pride and Prejudice and Zombies (Seth Grahame-Smith)

“É uma verdade universalmente reconhecida que um zumbi, possuidor de um cérebro, deve estar em busca de mais cérebros.” É dessa forma que Seth Grahame-Smith abre seu Pride and Prejudice and Zombies (ainda não publicado no Brasil). O pastiche de Jane Austen fez tamanho sucesso lá fora que já aparece na lista de mais vendidos do New York Times e traz rumores de adaptação Hollywoodiana com nomes como Natalie Portman no elenco, além de possível publicação em português para o ano que vem. A questão é: ele agradará a legião cada vez maior de fãs dos comedores de cérebro?

Pelo menos da parte dessa que escreve, não. Infelizmente Pride and Prejudice and Zombies é uma decepção. É fato que as expectativas eram altíssimas, não só considerando o fato de ser bem sucedido no exterior, mas também por ter gostado muito de outro título do mesmo autor (How to Survive a Horror Movie). O problema é que o livro não agrada muito quem o procura pelo humor.

Pouco há para se dizer sobre ele. É todo o Orgulho e Preconceito de Jane Austen recontado com a inclusão do elemento zumbi (o que fica bem óbvio só pelo título, certo?). A questão é que as (poucas) piadas não funcionam, e a repetição de certos elementos chegam a ser cansativos – como a competição entre a Elizabeth e o Darcy para saber quem é o mais fodão nas artes do extermínio de zumbis.

Sobre os fãs do romance da Austen, as reações podem ser bem contraditórias. Os mais puristas odiarão, com certeza. Mas Pride and Prejudice and Zombies pode agradar aqueles que conhecem o romance de cor, e reconhecerão passagens favoritas e o que Grahame-Smith fez delas incluindo os mortos-vivos. De minha parte acho que foi apenas chato, e talvez justamente por não ser tão apaixonada pela obra original.

Na verdade dessas “realidades alternativas” que andam pipocando por aí envolvendo Mr. Darcy e companhia, acredito que Mr. Darcy, Vampyre agrada muito mais, por não transcrever a história simplesmente, mas ir além – contando o que aconteceria depois do casamento entre Darcy e Elizabeth se o “herói” fosse na realidade um vampiro.

De qualquer forma, o negócio é torcer para que se realmente exista uma adaptação de Pride and Prejudice and Zombies como estão comentando, ela seja boa o suficiente para permitir versões cinematográficas de outros ótimos livros de zumbis, como por exemplo World War Z (que ainda está só na base dos rumores) e mesmo a série da Anita Blake.

(Post originalmente publicado no Blog do Meia Palavra dia 12/12/09. Sim, ando preguiçosa e relapsa com minhas atualizações aqui.)

Mr. Darcy, Vampyre (Amanda Grange)

Algumas personagens conquistam os leitores de tal maneira que parece que um romance só não basta. A pessoa quer saber o que aconteceu antes e o que veio depois, quer mais daquela figura que tanto a encantou. É o caso de Mr. Darcy, acredito eu. O “herói” de Orgulho e Preconceito (de Jane Austen) arranca suspiros do público feminino até os dias de hoje e mais do que isso, gerou um filão de obras que tentam descrever o que aconteceu depois (caso não acredite, dá uma consultada em “Mr. Darcy” na amazon.uk para conferir). “Obras” é meio que elogioso, no final das contas acho que não é muito diferente de qualquer fanfic (a não ser pelo fato de que vem impresso, há!).

É o caso de Mr. Darcy, Vampyre, de Amanda Grange (escritora dita como especialista em Jane Austen). Ok, vamos então primeiro ao contexto que é sempre importante para entender a opinião do leitor sobre o livro comentado. Eu tinha lido esse ano Pride and Prejudice and Zombies do Seth Grahame-Smith. Quando comprei sabia que tratava-se de uma paródia, e que portanto a ideia era rir (e se divertir, é óbvio). Mas não foi bem o que aconteceu, achei o livro bem chatinho e com poucos momentos que realmente tinham graça. Continue lendo “Mr. Darcy, Vampyre (Amanda Grange)”

Rapidim:

  • Moon chegará em janeiro do ano que vem no Brasil direto em DVD. Sim, é triste, mas poderia ser pior né. Ah, sim, o título em português ficou como Lunar.
  • Contos Completos da Virginia Woolf por 29 reais de novo na Saraiva. Eu aproveitaria, se fosse você.
  • Aparentemente Zombieland terá continuação. E não só uma continuação, será também em 3D. Lembrando que o primeiro (hehe) ainda não chegou no Brasil (estreia prevista para janeiro do ano que vem).
  • Eu já comentei que estou apaixonada pela banda White Lies? O engraçado é que a música que mais gostei (Death) já tocou em mais de um lugar (não que Vampire Diaries e Jennifer’s Body sejam uma boa referência, mas de qualquer forma…). Enfim, caso não conheça, escuta lá.

Kiss of Life (Daniel Waters)

kissoflifeAntes de mais nada, caso tenha passado batido, não deixe de conferir o 10 Perguntas e Meia com o Daniel Waters que publicamos mês passado no blog do Meia Palavra. Foi uma entrevista bem legal, na qual deu para perceber o ótimo senso de humor que o autor tem e que consequentemente transfere para seus livros. O primeiro que li, Generation Dead, me surpreendeu positivamente como uma história de zumbis que, no final das contas, falava sobre preconceito e intolerância.

Então é natural que eu estivesse com muita vontade de ler Kiss of Life, continuação do primeiro livro, publicada em maio desse ano. Aqui ficamos sabendo o que aconteceu depois dos eventos na Casa Mal Assombrada (não vou entrar em detalhes para não estragar a surpresa de quem ainda não leu Generation Dead), e de como Phoebe, a protagonista, está lindando com isso. Continue lendo “Kiss of Life (Daniel Waters)”

Adaptações: é possível separar livro do filme?

untitled-5-1Então que essa semana chegou aos cinemas brasileiros a primeira adaptação internacional para o cinema de uma obra de Paulo Coelho, Veronika Decide Morrer. A protagonista que dá nome ao filme é interpretada por Sarah Michelle “Buffy” Gellar, mostrando a história de uma garota que tem tudo na vida mas que decide morrer (entendeu a razão do título? hehe). Aparentemente a película não está sendo muito bem recebida pela crítica tupiniquim, já que em seu blog (uia!) um Paulo Coelho bastante chateado apareceu para defender a adaptação da seguinte maneira: Continue lendo “Adaptações: é possível separar livro do filme?”

Areia nos Dentes (Antônio Xerxenesky)

Desde agosto do ano passado, quando li uma resenha da Ágata lá no blog do Meia Palavra comentando esse livro morro de vontade de ler. O fato do autor ter sido tão bacana e topado uma entrevista (10 perguntas e Meia de abril desse ano) aumentaram ainda mais a curiosidade. Faroeste. Com zumbis. Eu sei, eu sei. Eu me vendo fácil para esse negócio de histórias de zumbis, mas no caso de Areia nos Dentes eu fico mais do que feliz por isso. Porque é um daqueles livros que eu colocaria fácil, fácil entre um dos melhores que li esse ano. E ó, nem tem tanto zumbi assim.

A narrativa mostra um sujeito tentando recuperar a história da família ao escrever um livro sobre os tempos em que viviam em um povoado no sul dos Estados Unidos. Aos poucos o narrador vai interrompendo a narrativa, seja por um problema com o computador, seja por embriaguez. E quando você já está afoito pensando: cadê os zumbis, cadê, cadêêê?, Já era.  Xerxenesky já prendeu sua atenção e você quer saber dos dois Juans. Você já consegue sentir o calor e a poeira da Mavrak, cidade dos antepassados do narrador.

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Noturno (Guillermo Del Toro e Chuck Hogan)

Eu não me canso de comentar aqui que um dos meus filmes de terror preferidos de todos os tempos é A Espinha do Diabo, com roteiro e direção do Guillermo Del Toro. E tem um dos filmes mais bacanas que vi recentemente que também carrega a assinatura do Del Toro, O Labirinto do Fauno. Então é natural que eu tenha ficado extremamente curiosa sobre o tal do “livro de terror de Guillermo Del Toro”, certo? Poisé, acabei encomendando The Strain (que chegou nessa semana nas livrarias brasileiras como Noturno), fazendo essa pequena equação na minha cabeça: imagens horripilantes no cinema + bons sustos no cinema = certeza de que na literatura será assim.

Bem. Não é bem assim. É uma obra muito legal, e dá para dizer que pelo menos uns dois terços dela pegam fogo e fazem você devorar todas as páginas. Mas chega para o final e perde o gás. É quase como se fosse uma montanha-russa cheia de loopings que acaba numa sequência meio boba de retas. O resto desse post eu vou dividir em dois tópicos: PARA OS QUE SABEM QUEM SÃO OS VILÕES DO LIVRO e PARA QUEM NÃO FAZ A MENOR IDEIA DE QUEM SÃO OS VILÕES DO LIVRO. Para Noturno ser uma experiência bacana, eu acho fundamental que você tente buscar menos informações possíveis sobre o livro quando for ler, então caso se enquandre no segundo caso, leia só essa parte. MESMO.

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Dicas Literárias II

  • HU002207O terceiro (e último) livro da série Millenium de Stieg Larsson chega no Brasil agora no dia 9 de setembro, com o título “A Rainha do Castelo de Ar“. Já dá para encontrar a obra em pré-venda em várias livrarias virtuais.
  • O blog do Meia Palavra publicou hoje o primeiríssimo 10 Perguntas e Meia internacional, com Daniel Waters. Ele escreveu Generation Dead, livro do qual falei aqui no Hellfire no final do ano passado.
  • Agora no final de agosto teremos a 1º Bienal do Livro de Curitiba (mais precisamente do dia 27/8 até 04/09), contando com a presença de nomes como Carlos Heitor Cony, Rubem Alves, Domingos Pellegrini, Cristóvão Tezza e Moacyr Scliar, entre outros. , ‘Bora agitar uma caravana lá no Meia Palavra, pessoal _o/
  • Ótima dica do Palazo: The Book Seer. Você informa um livro que acabou de ler e ele utiliza os dados da Amazon e do LibraryThing para dar sugestões de leituras parecidas para você. Bem legal para quem quer ler algo mas variar um pouco.
  • Saraiva com desconto progressivo em toda a categoria de Livros. Se comprar 2 livros você ganha 10% de desconto, 3 você ganha 15% e 4 é 20%. Vale a pena para aproveitar e comprar aqueles que você sempre deixa para depois por serem um pouco mais caros que os demais.

2001: Uma Odisseia no Espaço (Arthur C. Clarke)

Eu não sei quantos de vocês já viram o filme de Stanley Kubrick, 2001: Uma Odisseia1 no Espaço. Reza a lenda que é o melhor filme de ficção científica de todos os tempos, opinião que eu não posso contrariar uma vez que essa nem é minha praia. Verdade seja dita, essa nunca foi minha praia. O fato de viver com um nerd acaba trazendo certas consequências, e uma delas é de quando em quando ler um sci-fi. Mas ok, eu acho que fico ali com o Philip K. Dick mesmo, não me leve à mal Arthur C. Clarke.

Nada contra espaçonaves e afins. É só que é descritivo demais. Obviamente eu fico pasma ao constatar que o cara conseguiu “profetizar” muito do que viria no campo das viagens espaciais, mas quando eu leio um livro eu espero mais do que a descrição de um quadro, digamos assim. E antes que comecem a atirar pedras: eu gostei do livro. Só não achei que seja um daqueles que mudaram minha vida após a leitura. Li porque a narrativa flui bem, porque tinha curiosidade e porque, diabos! Porque dizem que o livro explica aquele final wtf do filme.

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  1. sou só eu ou vocês também acham estranho o título pós-reforma ortográfica?