Tanto Morte na Mesopotâmia quanto O caso dos dez negrinhos foram roteirizados por François Rivière. É óbvio que muito se perde na adaptação, mas Rivière consegue fazer um trabalho razoável na transposição do texto para a linguagem dos quadrinhos. Talvez apenas Morte na Mesopotâmia tenha sofrido alguns cortes que atrapalharam um pouco o ritmo, mas O caso dos dez negrinhos segue eletrizante do começo ao fim – tal como na obra escrita por Agatha Christie. Continue lendo “Morte na Mesopotâmia seguido de O caso dos dez negrinhos”
Categoria: Literatura
Bonequinha de Luxo (Truman Capote)
São pequenas manias (como coçar o nariz quando sua privacidade é invadida), o jeito tagarela, inocente e ao mesmo tempo esperto, sonhador e calculista. Não dá para explicar. É uma combinação de elementos que prendem ao leitor da novela porque ele quer mais Holly, saber mais dela. Dia desses ao falar de Amuleto (Roberto Bolaño) comentei sobre a dificuldade de um homem escrever uma personagem feminina e de como eram raros os que conseguiam fazer isso sem cair em clichês. Pois bem, coloquem Capote na lista. Holly é a personagem feminina mais encantadora da qual tenho lembrança. Continue lendo “Bonequinha de Luxo (Truman Capote)”
Os Gatos (T.S. Eliot)
Já conhecia as poesias porque elas estão naquela edição de Obra Completa que saiu pela Arx, com tradução de Ivan Junqueira. Mas ontem enquanto arrumava os presentes de Natal, não resisti e lá fui eu reler as histórias dos bichanos como Mister Mistófelis, Rim Tim Tantã e Gogó. É tão divertido que nem dá para sentir o tempo passar, especialmente se você for um gateiro.
Fight Club (Chuck Palahniuk)
O que falarei sobre isso se baseia em um spoiler, então se você ainda não assistiu ou leu Fight Club, faça um favor para você mesmo e vá atrás disso agora. MESMO. AGORA. Vale muito a pena. Ok, agora que quem não teve contato com o clube já saiu daqui, vamos aos comentários sobre a diferença principal entre um e outro.
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (J.K. Rowling)
O negócio de o começo não ser “essas maravilhas” é porque achei meio enrolado. Se no primeiro e no segundo livro tínhamos aquela sensação quase de jogo de video game, passando de fases (ou seja, de aventura para aventura), aqui tudo é mais parado porque o grande risco que Harry enfrenta inicialmente são os dementadores (lembrando que estou lendo a edição inglesa então não faço ideia se traduzi certo os nomes).
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Amuleto (Roberto Bolaño)
Amuleto é o relato de Auxilio Lacouture, figura inspirada em Alcira Scaffo, uma uruguaia que ficou conhecida por ficar escondida no banheiro da Faculdade de Letras e Filosofia, quando da invasão da Universidade Autônoma Nacional do México em 1968.1 O estilo da narrativa lembra em muitos momentos o que já pude conferir em Putas Assassinas e 2666: algo entre o delírio e a realidade, aquele registro da fala de quem conta uma história perdendo a noção de tempo. Continue lendo “Amuleto (Roberto Bolaño)”
Hell House (Richard Matheson)
E o bom de não ter expectativas é que é possível se surpreender. Gostei muito do livro e colocaria fácil em uma lista de melhores histórias de fantasma que já li. Não só pelo fator assustador da história, mas pelo modo como Matheson desenvolve a narrativa, que foi muito bem sacado. Um grupo com quatro pessoas vai investigar uma mansão assombrada: um físico, a esposa dele, uma médium e um rapaz que conseguiu escapar da mansão anos antes.
A ascensão do romance (Ian Watt)
Entretanto, até pela linguagem simples e direta que utiliza, o livro pode ser interessante também para aqueles que apenas gostam de literatura. Especialmente se tomarmos a ideia principal do livro, não deixa de ser curioso pensar que autores do século XVIII são apontados como os responsáveis pela dita ascensão do romance. Nossa visão moderna do gênero dá como certa a existência desse desde que o homem resolveu contar histórias, então até por nos lembrar que não foi bem assim a leitura já vale a pena. Continue lendo “A ascensão do romance (Ian Watt)”
Um erro emocional (Cristovão Tezza)
Cometi um erro emocional, Beatriz se imaginou contando à amiga dois dias depois — foi o que ele disse assim que abri a porta, o tom de voz neutro, alguém que parecia falar de uma avaliação da Bolsa, avançando sem me olhar como se já conhecesse o apartamento, dando dois, três, quatro passos até a pequena mesa adiante em que esbarrou por acaso, depositando ali o vinho com a mão direita e a pasta de textos com a esquerda (e ela se viu desarmada no meio de três sinais contraditórios, o erro, o vinho, o texto, mais a espécie de invasão de alguém que está à vontade — o que ela havia sonha-do, Beatriz teria de confessar à amiga, e ambas achariam graça da ideia — à vontade, mas não do modo correto) e Beatriz fechou a porta devagar com um sorriso de quem se vê imersa na ironia, e isso é bom; e se virou para escutar o resto, agora vendo-o com as mãos livres, a silhueta contra a luz, os braços brevemente desamparados daquele homem magro:
— Eu me apaixonei por você.
Pequena Abelha (Chris Cleave)
E eu comecei esse artigo comentando isso, porque no final das contas acredito que um fator externo acabou estragando minha leitura de Pequena Abelha (Little Bee no original). No caso, o problema foi a propaganda em torno do livro, justamente o primeiro contato que tive com o título através de um email da editora Intrínseca. Dizia lá: Continue lendo “Pequena Abelha (Chris Cleave)”