Boyne foi extremamente competente na tarefa de prender a atenção do leitor usando duas fórmulas já bem conhecidas tanto no cinema quanto na literatura: a primeira é a do homem comum vivendo situações extraordinárias. Geórgui, o empregado do Czar, era um simples camponês antes de mudar-se para o Palácio de Inverno (que dá o título da edição brasileira do livro). A segunda é de começar com a história já na velhice do protagonista, mostrando antecipadamente o fim – isso causa empatia imediata, o leitor quer saber como ele chegou naquele momento, o que obviamente se revela aos poucos.
Categoria: Literatura
Slam (Nick Hornby)
Digo “finalmente dar uma chance” porque como fã de Hornby, eu geralmente compro o título novo assim que chega nas livrarias. Mas o enredo de Slam me pareceu meio bobo, então foi a primeira vez que adiei uma leitura do autor. A história tem como base gravidez na adolescência, e o narrador-protagonista (figura típica nas histórias de Hornby) é um rapaz ali na casa dos 16 anos, apaixonado por skate e que costuma conversar com um pôster do skatista Tony Hawk. Continue lendo “Slam (Nick Hornby)”
Better World Books
A Better World vende livros novos e usados, e por ter parcerias e contatos com livrarias de universidades acaba conseguindo o preço baixo. O bacana é que parte do valor da venda dos livros é revertido para um “fundo de leitura”, que leva livros para comunidades carentes. A preocupação da loja é mais do que social, eles chegam até a tomar cuidado sobre a liberação de carbono no serviço de entrega (imagine!).
O fio das missangas (Mia Couto)
A prosa de Couto é quase poesia. Nem tanto pelo ritmo, mais pelas imagens que evoca – o fantástico no cotidiano apresentado de maneira leve, suave. Muito cabe à interpretação do leitor, somada a verdadeiros quadros-ideias. Trata-se de algo que normalmente escritores só conseguem em um poema, como dá para ver na abertura do conto Inundação: Continue lendo “O fio das missangas (Mia Couto)”
Never let me go (Kazuo Ishiguro)
Então que era tanta gente lendo aqui e acolá, comentando sobre o filme e tudo o mais que resolvi conhecer a obra de Ishiguro. Como sempre faço antes de comprar qualquer livro, dei uma olhada em sinopses para saber do que se tratava. Todas que li falavam a mesma coisa: três amigos que cresceram em um internato quando adultos precisam lidar com a realidade que terão que encarar. A narrativa é dividida em três momentos, sendo o primeiro o que descreve a infância desses três amigos: Kathy (a narradora), Tommy e Ruth.
Balanço Literário do Mês: Janeiro
Livros lidos: A sombra da guilhotina (Hilary Mantel), A menina que não sabia ler (John Harding), Coisas Frágeis, vol.1 (Neil Gaiman), Memórias do Subsolo (Fiódor Dostoiévski), O Dom do Crime (Marco Lucchesi), Adoro Morrer (Tibor Fischer), A Casa do Canal (Georges Simenon), 125 contos de Guy de Maupassant (Guy de Maupassant), Sussurro (Becca Fitzpatrick).
Sussurro (Becca Fitzpatrick)
Mas é óbvio que ao avaliar um livro voltado ao público juvenil você não vai querer encontrar nele Shakespeare ou Virginia Woolf. Você sabe que o que tem em mãos são algumas horas de diversão, e que se o livro cumpre esse propósito, valeu a pena a leitura. É o caso de Sussurro, de Becca Fitzpatrick. Seguindo a nova onda do momento, o elemento sobrenatural da história são anjos. A premissa é basicamente igual a todos os livros juvenis que têm saído atualmente: a menina se encanta pelo rapaz sabendo que não pode se deixar seduzir, e eles enfrentarão algum perigo por conta dessa aproximação.
125 Contos de Guy de Maupassant
Os 125 contos presentes na coletânea mostram o que há de melhor na prosa de Guy. Os grandes contos, mais conhecidos do público, como Bola de Sebo e O Horla estão lá, assim como obras geniais do horror, o caso do conto A Morta e Sobre a água. Retratos ácidos da sociedade em que vivia também ganham destaque, sempre com uma conclusão irônica a respeito do que foi contado.
A Casa do Canal (Georges Simenon)
No caso de A Casa do Canal, lançado em janeiro pela L&PM, temos um romance policial que foge bastante das regras. A começar pelo crime – que parece não chegar nunca. Na realidade, Simenon chega a enganar o leitor, e quando você pensa que finalmente chegou ao “mistério” da história, logo mais vê que não era bem assim. Continue lendo “A Casa do Canal (Georges Simenon)”
Adoro Morrer (Tibor Fischer)
Digo isso porque tão logo comecei a ler o primeiro conto da coletânea (Comemos o chef) pensei na hora nos personagens meio perdedores do Nick Hornby. Aquele mesmo cinismo em se reconhecer “do lado errado” está lá, naquele mesmo tom coloquial bem próximo de uma conversa. Mas Fischer é mais ácido, muito mais ácido. E uma boa parte de seus contos tem alguns elementos que lembram filmes de Guy Ritchie (os bons, por favor!).