O Iluminado (Stephen King)

Todo hotel tem fantasma, diz uma personagem de O Iluminado (do escritor norte-americano Stephen King) em determinado momento. O problema é que diz sem saber quais são os fantasmas que andam pelos corredores do Overlook, localizado em uma região que fica completamente isolada em tempos de nevasca. Jack Torrance e sua família (a esposa Wendy e o filho Danny) vão passar o inverno no hotel, de modo a cuidar dessse para que quando chegasse época de receber hóspedes novamente, ele estivesse impecável.

A questão é que King vai montando aos poucos uma bomba relógio. O que acontecerá no Overlook durante o frio não é mistério para o leitor, que a todo momento recebe elementos de uma tragédia que está por vir: o homem contratado para o mesmo serviço de Jack em um inverno anterior matou mulher e filhos. Jack tem problemas com a bebida, e mais do que isso, simplesmente surta do nada – incluindo no histórico o fato de ter quebrado o braço do filho uma vez. E somando a tudo isso, temos Danny, o “iluminado”, que consegue ler mentes, ver fantasmas e prever o futuro.

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Mundo das Sombras: Vampiro Secreto (L.J. Smith)

Conhecida pela série Os Diários do Vampiro, L.J. Smith deixa os irmãos Salvatore de lado para contar outra história de vampiros com o lançamento de Mundo das Sombras: Vampiro Secreto. E é um começo do zero, em que mal dá para acreditar que trata-se de um mesmo tema abordado por uma mesma escritora, temos uma mitologia completamente renovada que em nada lembra as histórias anteriores.

Aqui somos apresentados à Poppy, uma garota comum que descobre estar com um câncer em fase terminal. Restando poucos dias de vida, ela acaba tendo que decidir se deixa seu melhor amigo James a transformar em uma vampira, ou se aceita a morte. Obviamente, ela fica com a primeira opção. Mesmo assim, não deixa de ser curioso que Smith tenha escolhido um tema tão pesado (câncer e morte) para um livro infanto-juvenil.

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O livro dos livros perdidos (Stuart Kelly)

Se tem algo que bibliófilo adora é ler livros sobre livros. É por isso que O livro dos livros perdidos de Stuart Kelly já acaba ganhando a curiosidade pelo título mesmo, sem nem ter que recorrer à sinopse e afins. Até porque ele é sobre isso mesmo, obras de grandes escritores que jamais leremos porque se perderam ou porque nunca foram escritas. Ou ainda, autores que não conheceremos porque não sobrou registro algum deles a não ser de elogios de terceiros para suas obras.

O livro é montado em ordem cronológica, começando com os clássicos gregos e chegando até os dias atuais. Cada capítulo é dedicado para um autor, e em tom anedótico Stuart Kelly mescla um pouco da biografia com o que supostamente aconteceu para que não pudéssemos ter uma determinada obra em mãos: fogo, regime político, maluquice de escritor. Tudo é um motivo para que toda uma história seja simplesmente apagada.

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Coração Satânico (William Hjortsberg)

A leitura de Coração Satânico de William Hjortsberg enfrenta uma série de dificuldades externas. A primeira é que o livro ganhou uma adaptação cinematrográfica excelente e imperdível nos anos 80, mas quem viu o filme sabe que aparentemente assisti-lo acaba com a graça de ler o original. Segundo que infelizmente a obra em português encontra-se esgotada, então conseguir uma tradução requer uma busca em sebos, o que pode não ser muito fácil.

Mas vencidos os obstáculos, a verdade é que trata-se de um dos melhores romances policiais que já tive em mãos e que sim, vale a pena ler mesmo já sabendo do plot twist que temos na história. E se você é fã de histórias noir, então tem realmente que ir atrás de uma edição de Coração Satânico, nem que seja a versão original em inglês (chamada Falling Angel).

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Cabelo Doido (Neil Gaiman & Dave McKean)

Desde o começo a parceria Neil Gaiman e Dave McKean sempre rendeu ótimos frutos, como por exemplo a excelente HQ Violent Cases, ou ainda no ótimo livro infantil Os Lobos na Parede. A química entre os dois é incontestável, e parece funcionar porque ambos tem um pé no que é sombrio e insano. E se você pensa que esse tipo de universo não funciona bem com histórias infantis, deve dar uma olhada no mais recente lançamento da dupla aqui no Brasil, Cabelo Doido, que chegou pela Rocco em dezembro do ano passado.

Sendo um picture book (lembra do seu bom e velha O Pote de Melado? Eles são assim: com frases curtas narrando uma história em ilustrações) é evidente que a arte de McKean acaba tendo um destaque maior. E não pense que por ser voltado para crianças que ele muda seu já famoso estilo, envolvendo colagens de uma forma distorcida e exagerada, lembrando um pouco sonhos (ou pesadelos). Mas mesmo assim o efeito combinado com o texto acaba sendo de um conto que pode ser lido sem maiores problemas pelos mais novos.

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Desonra (J.M. Coetzee)

Quando um autor é sugerido por mais de uma pessoa, é natural que o leitor crie alta expectativas sobre sua obra. É um misto de curiosidade, tentando entender a razão pela qual ele agradou tanta gente, com um pouco de dúvida, se para você o livro também será especial. Foi dentro desse contexto que finalmente pude ler Desonra, do sul-africano J.M. Coetzee. Inicialmente achava que seria algo no estilo da narrativa que conquistasse tantos elogios, mas logo pude perceber que não era esse o ponto alto do trabalho do escritor em questão.

Se em muitos casos o que salta aos olhos é o modo como se narra uma história, aqui o importante é de fato a história. Não que a escrita de Coetzee não seja digna de nota, pelo contrário: ele consegue fazer uma prosa que flui muito bem, sem qualquer excesso que venha a causar enfado ao leitor. A tensão vai sendo construída aos poucos, de modo que chega um momento em que não se quer largar o livro. Mas mesmo assim, a força de Desonra está nos diálogos e no desenvolvimento da trama e das personagens.

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Balanço Literário: Fevereiro

Livros lidos: Never let me go (Kazuo Ishiguro), O fio das missangas (Mia Couto), Slam (Nick Hornby), O Palácio de Inverno (John Boyne), Papéis Avulsos (Machado de Assis), Medo e Delírio em Las Vegas (Hunter S. Thompson), Um dia de chuva (Eça de Queiroz), O estranho mundo de Zofia e outras histórias (Kelly Link), O Violinista e outras histórias (Herman Melville), Disgrace (J. M. Coetzee).

Leituras em andamento: Falling Angel (William Hjortsberg) e O Despertar do Vampiro (Nazarethe Fonseca)

Livros que chegaram: A Universal History of the Destruction of Books: From Ancient Sumer to Modern-day Iraq (Fernando Baez), The Book of Lost Books: An Incomplete History of All the Great Books You’ll Never Read (Stuart Kelly), Slam (Nick Hornby), House of Leaves (Mark Z. Danielewski), O Violinista e Outras Histórias (Herman Melville), Ubik (Philip K. Dick), O Fio das Missangas (Mia Couto), Papéis Avulsos (Machado de Assis), O Despertar do Vampiro (Nazarethe Fonseca),O Império dos Vampiros (Nazarethe Fonseca), O Pacto dos Vampiros (Nazarethe Fonseca) e Kara e Kmam (Nazarethe Fonseca)

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O violinista e outras histórias (Herman Melville)

A vida de um escritor sempre vem carregada de ironias. Vide o caso do autor norte-americano Herman Melville, famoso pelo catatau Moby Dick, e que por outro lado tem algumas de suas obras mais curtas (contos e novelas) completamente ignorados pelo público. O que não deixa de ser uma pena, porque Melville se sai muito bem nesse estilo de narrativa mais breve, o que fica óbvio em trabalhos como Bartleby. E é até por causa dessa dificuldade em reconhecê-lo não só como o escritor de Moby Dick que a coletânea  O violinista e outras histórias, lançada recentemente pela editora Arte&Letra, é simplesmente essencial para quem quer conhecer mais sobre ele.

O livro traz sete contos de Herman Melville, (muito bem) traduzidos por Lúcia Helena de Seixas Brito. São como pequenos recortes da vida do século XIX, e talvez por isso mesmo acabará agradando bastante aqueles que tem gosto pela literatura da época.  Mas o que se destaca nesses contos é como a leitura que se faz deles pode ser tão atual mesmo nos dias de hoje.

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O estranho mundo de Zofia e outras histórias (Kelly Link)

Desde a primeira vez que bati os olhos na capa do livro O estranho mundo de Zofia e outras histórias de Kelly Link (que ilustra esse post), pensava sempre a mesma coisa: Tim Burton. Tinha algo naquelas pernas com meia calça listrada de preto e vermelho, a rosas em tom meio vitoriano que evocavam a lembraça dos filmes meio estranhos e darks do diretor, como Eduardo Mãos de Tesoura e A Noiva Cadáver. Agora ao terminar a leitura desta coletânea de contos, chego à conclusão de que a referência não está assim tão errada.

Para quem acha que elementos fantásticos como bruxas, fantasmas e zumbis são coisa para livros de crianças, talvez devesse dar uma conferida nos contos de Kelly Link. Morte, solidão, aquela sensação de não se encaixar – está tudo ali, mesmo com a presença do sobrenatural, que aparece para dar contornos de fábulas ou contos de fadas à histórias na realidade bastante urbanas.

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Um dia de chuva (Eça de Queiroz)

Conto publicado após a morte do escritor português Eça de Queiroz, Um dia de chuva foi publicado agora em fevereiro pela editora Cosac Naify, em uma edição em capa dura com ilustrações de Eloar Guazzelli. A curiosidade é que trata-se de um texto inacabado, portanto teve que ser estabelecido por Beatriz Berrini, e no corpo do texto encontram-se diversas notas indicando trocas de nomes de personagens ou lugares, além de trechos perdidos – o que não deixa de ser curioso para o leitor, que pode observar um pouco de como funciona o processo de escrita.

O enredo é bastante simples, não vai além do que o próprio título já diz. José Ernesto, um homem da cidade grande resolve comprar uma quinta no interior de Portugal. Porém, ao chegar ao local rapidamente tem sua visão ideal do local desfeita pelo dia de chuva que dá nome ao conto. Sem ter o que fazer ou para onde ir, acaba se entretendo através de conversas com o padre da região.

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