Jack o Estripador (Paulo Schmidt)

Illustration Depicting Jack the Ripper Attacking a WomanQuando falei toda empolgada sobre Retrato de um assassino da Patricia Cornwell para a Kika, ela disse que tinha um pé atrás com esse livro, mais especificamente com a teoria defendida pela autora (a saber, que o pintor Walter Sickert era o famoso serial killer britânico do século XIX). Ela dizia que tinha lido uma obra que acabava com os argumentos da Cornwell, e por isso a desconfiança sobre Retrato ser realmente bom. Aí esta semana ela me emprestou Jack o Estripador, de Paulo Schmidt, o tal do livro do qual ela falava. Antes de continuar qualquer coisa aqui preciso deixar destacado que desde que acabei A vida privada das árvores (Zambra), eu estava em uma maré de preguiça com minhas leituras: começava, até achava legal mas aí acabava abandonando. Abandonei The Cuckoo’s Calling, The Radleys, e outros tantos, durou quase um mês isso, quando hoje finalmente (UFA UFA UFA) terminei um livro que comecei. Sim, exatamente este do Schmidt.

Um dos pontos altos de Jack o Estripador é o modo como o autor consegue nos transportar para a Inglaterra Vitoriana, mesclando fatos sobre os assassinatos e as investigações com o dia-a-dia dos envolvidos (algo que também gostei no texto da Cornwell). Não é uma mera descrição fria de detalhes até perturbadores (se formos pensar especialmente nas descrições das vítimas), mas um texto montado de tal forma que pequenas informações te fazem lembrar uma das principais razões para Jack não ter sua identidade revelada: era a mente de alguém do século XX contra uma polícia que na realidade parecia pertencer ao século XVIII: impressão digital, amostra de sangue e outras pistas que hoje são lugar comum em qualquer investigação hoje sequer existem. Junte a isso um lugar superpovoado, com iluminação fraquíssima e temos o cenário perfeito para que Jack o Estripador cometesse seus crimes.

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Fangirl (Rainbow Rowell)

FANGIRL_CoverDec2012Dois meses e já li três livros da Rowell. Terei virado fangirl? Ok, usei logo o trocadilho para não cair em tentação mais para frente. O negócio é que sim, a moça tem um jeito gostoso de contar história mesmo. Você começa achando que é meio “meh” e depois está completamente envolvido com as personagens, por mais que o drama central da narrativa seja meio bobinho (no caso de Fangirl, bobinho é eufemismo). É, como comentei sobre Eleanor & Park, uma viagem para a adolescência, aquele “matar saudades” de quando você achava que um carinha era a-coisa-mais-importante-do-mundo e variações de outras coisas que te fazem dar um tapa na testa hoje em dia e pensar “Caraca, eu era uma monga”. Mas ao mesmo tempo que você faz isso, já pensa que bem, eram bons tempos e ser monga era permitido e cá está você de boa, então no harm done, vamos lembrar desse período como algo bom. Enfim, acho que deu para entender.

Continuando, eu acho que Fangirl é um presente da Rowell para os Potterheads. Poderia ser para qualquer outro fandom entre os milhares existentes por aí, é evidente, mas você não consegue deixar de lado as óbvias referências e principalmente, da homenagem que a autora presta aos leitores que cresceram (literalmente) lendo Harry Potter. Você sabe, este não é meu caso. Morro de inveja dessa galerinha que mal tinha entrado na adolescência quando leu o primeiro livro e já estava quase chegando na fase adulta quando leu o último. Deve ter sido uma experiência única, crescer junto com um livro. Não à toa esse pessoal é profundamente devotado, e continua falando dos livros como se o último não tivesse sido publicado há o que? Uns seis anos? É essa paixão pelos livros que a Rowell acaba captando ao contar a história de Cather, uma garota completamente obcecada pelas histórias de Simon Snow (o que seria aqui o equivalente de Harry Potter). Dezoito anos, morando fora de casa pela primeira vez, começando a se ambientar na faculdade e mantendo firme o amor pelas histórias de Snow, bem como o gosto por escrever fanfics sobre a personagem.

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Important Artifacts and Personal Property From The Collection of Lenore Doolan and Harold Morris, Including Books, Street Fashion, And Jewelry (Leanne Shapton)

importantOk, a coisa toda começa com esta lista aqui: dez livros para superar uma separação. Não conheço todos, mas assim que bati os olhos em Important Artifacts and Personal Property From The Collection of Lenore Doolan and Harold Morris, Including Books, Street Fashion, And Jewelry de Leanne Shapton na hora fui buscar informações sobre a história, porque veja bem, eu tenho um fraco por títulos bizarros. Então, lendo as informações sobre a obra, descubro que ela é exatamente isso, uma coleção de objetos de duas pessoas, apresentados em um catálogo de leilão. A coisa é que além de um fraco por títulos bizarros, eu tenho também uma queda descarada por qualquer tipo de inovação literária, então é evidente que comprei imediatamente o livro (uma das coisas mais bacanas daquele buy with one click da Amazon, há!)  e comecei a ler.

O livro começa com uma nota dos responsáveis pelo leilão avisando que a introdução ao catálogo seria a reprodução de um cartão postal escrito em 2008 por Harold Morris, o dono dos itens que estão sendo leiloados. No cartão, Morris conta para Lenore que o único relacionamento que ele se arrependia de ter terminado era o que ele tinha com ela. É uma boa sacada de Shapton, porque ela na realidade já está nos entregando que não haverá surpresas: veremos o relacionamento de um casal do começo até o fim. Portanto, o enredo em si é ordinário, mas a forma como ela o desenvolverá que ganha destaque aqui. Primeiro porque a autora conta com o leitor para complementar as lacunas que são deixadas na história, adivinhar o que está acontecendo por conta de simples objetos. Segundo pela ideia que ela acaba desenvolvendo do que é um fim de relacionamento (e falo disso logo mais, calma aí).

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Como Shakespeare se tornou Shakespeare (Stephen Greenblatt)

ShakespeareO maior problema das biografias sempre me pareceu ser a falta de criatividade de quem as escreve. O modelo que invariavelmente se adota é de transformar a pessoa em personagem, e aí narrar sua vida como um romance linear, partindo da infância até os últimos dias. É evidente que em alguns casos a fórmula funciona porque a pessoa cuja vida é retratada é interessantíssima1, imagino aqui que deva ser extremamente difícil errar a mão em uma biografia sobre Oscar Wilde ou Voltaire, por exemplo.  Mas no final das contas é isso: o texto pode até ser bom de ler, mas não traz novidades.

Pensava isso pelo menos até ler Como Shakespeare se tornou Shakespeare, de Stephen Greenblatt. O modo como ele escolhe falar sobre a vida daquele que é considerado um dos nomes mais importantes da literatura de língua inglesa é simplesmente genial, indo além da já citada linearidade (sim, começa do “começo”, como qualquer outra biografia) detalhando momentos que foram fundamentais para que as obras de Shakespeare fossem tais como são. O curioso da ideia por trás desse livro, de que Shakespeare era um reflexo do tempo em que vivia, é que enquanto lia lembrava da faculdade, da professora Célia Arns na disciplina sobre Shakespeare dizendo exatamente isso: que Shakespeare só existiu (e consequentemente sua obra) porque ele nasceu naquele exato momento da história. Tivesse surgido hoje em dia, não teríamos o Bardo.

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  1. parece bobo dizer isso, como se fosse óbvio que só pessoas interessantíssimas merecessem biografias, mas a verdade é que o fato da pessoa ser famosa ou ter realizado algo grande não faz da vida dela algo que desperte o interesse do leitor 

Tipos de perturbação (Lydia Davis)

tiposde

Ok, isso vai parecer estranho, mas vamos começar com os significados da palavra “Perturbação”, de acordo com o dicionário priberam:

perturbação
s. f.
1. Ato ou efeito de perturbar.
2. Desarranjo.
3. Transtorno.
4. Confusão.
5. Alteração.
6. Desordem.
7. Tontura.

perturbar –
(latim perturbo, -are)
v. tr.
1. Mudar, resolver ou alterar a ordem, o concerto, a quietação ou sossego de.
2. Abalar, agitar, transtornar (ex.: perturbar o sossego).
3. Interromper, confundir.
4. Envergonhar.
v. pron.
5. Perder a serenidade de espírito.
6. Atrapalhar-se.
7. Ficar envergonhado; envergonhar-se.

Agora pense o que seria em termos literários captar algo tão abstrato como isso e passar para o papel de uma forma que seu leitor, ao ver as situações descritas, consiga reconhecer imediatamente o que está sendo dito, ou ainda (e mais importante) se reconheça ali. É o que Lydia Davis faz em seu Tipos de perturbação, lançado aqui no Brasil em abril deste ano pela Companhia das Letras. Os textos da coletânea são recortes precisos de momentos aparentemente ordinários, mas que chegam marcados pela estranheza causada pela perturbação que dá nome ao livro.

Submarino (Dunthorne x Ayoade)

submarinoVolta e meia quando você assiste a um filme baseado em um livro, o comentário é qualquer coisa como “É legal, mas o livro é melhor”. É tão comum de acontecer que algumas pessoas chegam a dar de ombros, ou mesmo fazer uma cara de enfado, como se com a linguagem corporal quisesse dizer que é óbvio que o livro é melhor. A razão para isso é bastante simples: enquanto você lê, quem molda o rosto das personagens, a ambientação e outros detalhes é você (às vezes até independente do que o narrador descreve). E meu amigo, é evidente que superar nossa própria imaginação é bastante difícil. Mas aí você acha que já tem uma regra pronta e dá de cara com um caso como Submarino. Ao menos para mim, o filme é superior ao livro, muito embora a obra em si também seja legal. Aliás, note que acaba seguindo o caminho inverso do normal: “É legal, mas o filme é melhor”.

Meu primeiro contato foi com o filme, talvez valha a pena dizer, já até falei brevemente sobre ele aqui. Tinha lá um bom tempo que via imagens dele no tumblr, pensava “Hum, acho que vou gostar desse filme”, mas sempre me enrolava, até que finalmente assisti. Quando acabou, eu já estava fazendo uma busca por informações sobre o filme (incluindo aí o choque ao descobrir que o diretor era o Moss do IT Crowd), vi que era uma adaptação e naquela mesma noite já estava lendo o livro do Dunthorne. E olha, fora uma mudança aqui e outra acolá, a versão do Ayoade é BEM fiel ao original. Como é que pode ficar tão melhor? Bem, para responder isso acho melhor seguirmos aos poucos.

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Fim de Partida (Samuel Beckett)

fimdepartidaO cenário é pós-apocalíptico, marcado por um cinza e ausência de sons externos, como se ali fosse o último lugar que existia no meio de um nada. Neste abrigo vivem quatro pessoas, cada uma com uma deformidade que impede com que vivam plenamente (como se o fato de já estarem vivendo no meio do nada já não os impedisse). Quase não há alimentos, os medicamentos estão acabando, assim como uma boa parte da noção de tempo. É neste espaço que de desenvolverá toda a história de Fim de Partida, do dramaturgo irlandês Samuel Beckett, sujeito que tinha um estranho talento para botar o dedo fundo na ferida ao mesmo tempo que nos fazia rir com uma certa dose de humor negro (vide o caso da peça Esperando por Godot). Como diz uma das personagens da peça, “nada é mais engraçado do que a infelicidade“.

O centro da peça me pareceu ser a dinâmica entre Hamm e Clov. Não sou especialista em Beckett, não sei quais eram suas convicções políticas ou o que for, mas a relação do patrão com o trabalhador. Não quero arranhar teorias marxistas envolvendo burguesia e proletariado, o fato é que é difícil não perceber uma certa crítica ali. Hamm é um artista que na atual situação não consegue mais criar, já que está cego. Além de cego, ele também não pode mais andar – e é aí que entra Clov, que trabalha para ele como uma espécie de “enfermeiro”. Clov é seus olhos e seus braços, e ironicamente, sofre de uma condição que não o deixa sentar, nunca. E apesar dos abusos que sofre, das péssimas condições em que vive ali com Hamm, ainda assim Clov não vai embora. Repete centenas de vezes o aviso de que está partindo, mas nunca vai. É quase um eco de Vladimir e Estragon, que nunca vão embora porque precisam esperar Godot.

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A visita cruel do tempo (Jennifer Egan)

Capa_AvisitaCruelDoTempo

Há alguns anos em Hollywood existia um tipo de “febre” entre os lançamentos, que era a criação de filmes que mostravam recortes das vidas de diversos personagens que acabariam se cruzando em determinado momento, em uma tentativa de passar para a telona a grande teia de aranha que criamos vivendo em sociedade. 21 Gramas e Crash são só dois exemplos de outros tantos que se sustentavam nessa premissa, que hoje em dia já nem é vista com aqueles ares de novidade.

Na literatura, porém, são poucos os que se arriscam nesse complicado exercício de recriar as relações humanas em seus mais diferentes níveis. E é nisso que se sustenta a força de A visita cruel do tempo, de Jennifer Egan1, vencedora do prêmio Pulitzer de 2011. O romance poderia muito bem ser lido como uma série de contos, mas a ligação entre as personagens alinha a narrativa, que tem como palavra de ordem as relações. Fora isso nada é linear ou, digamos assim, lógico: o tempo avança e retrocede, o foco narrativo muda, há diferentes estilos de textos e por aí vai. Continue lendo “A visita cruel do tempo (Jennifer Egan)”


  1. presença confirmada na FLIP de 2012. 

Cidades de Papel (John Green)

CidadesDePapelEu sei que não vou contar nenhuma novidade, mas vá lá, você pode trocar o título do livro de John Green, mas parece que no fundo está sempre lendo a mesma coisa. Tipos de personagens recorrentes, temas que se repetem, ações de personagens que são similares. Pelo menos foi a sensação que tive ao ler mais um livro dele (agora a conta chega em três, fora Will Grayson, Will Grayson que eu abandonei logo no começo por motivos que agora não lembro). Cidades de Papel (Paper Towns) chegou agora ao Brasil mas foi lançado em 2008, dois anos depois de O Teorema Katherine. E antes que você pense  “aiquesaco, lá vai a Anica meter o pau no me autor favorito de novo”, calma aí. Acho indiscutível essa semelhança entre obras, coisa que até ele mesmo reconhece (dia desses em resposta para um anônimo no tumblr disse “They can get thematically obvious and repetitive“), mas isso não faz de um livro como Cidades de Papel algo ruim, daqueles que você sente que perdeu seu tempo lendo: é divertido e de certa maneira comove (calma, não tipo A culpa é das estrelas). É bom entretenimento, livro para te fazer se sentir bem.

A história aqui é sobre Quentin “Q” Jacobsen, que vive em Orlando. Na primeira parte eles nos descreve a amiguinha de infância Margo Roth Spiegelman, e um dia em que encontram em um parque o corpo um homem que se suicidara. Salto no tempo, agora ambos são adolescentes, mas aquela amizade da infância não existe mais: Q é platonicamente apaixonado por Margo, que virou uma das garotas populares da escola, em partes por causa de todas as histórias sobre sumiços e aventuras que ninguém duvida que sejam verdadeiras: Margo é uma lenda. E eis que uma noite esta “lenda” bate na janela de Q e pede ajuda para um plano de vingança. Só a noite em que os dois circulam pela cidade para dar o recado de Margo já valeria por si só o livro, tem aquele tom gostoso de Sessão da Tarde. Mas aí no dia seguinte Q, que tinha certeza que agora a amizade dos dois voltaria ao que era na infância, descobre que a menina desapareceu. Por conta da paixão que tem pela garota decide investigar por conta própria seu paradeiro, e é dessa investigação que temos a maior parte da história, e também a mais importante.

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Alta Fidelidade (Nick Hornby)

altafidelidadeDurante a semana enquanto relia Alta Fidelidade, fiquei em dúvida sobre quando foi que li pela primeira vez. Tive que dar uma de Rob Fleming e mergulhar no passado, em anotações deixadas nas agendas/diários que eu mantinha na época. Aí lembrei: primeira vez que ouvi falar do livro foi em uma reportagem da TV Cultura falando sobre a peça A vida é cheia de som e fúria, uma adaptação da Sutil Companhia. Se eu não me engano, a peça estreou em 2000, então foi provavelmente neste ano que vi um trechinho em que Guilherme Weber falava sobre a música e a dor e nossa, falava de Smiths, minha maior paixão musical. Sabe quando você pensa “Isso foi feito para mim, eu preciso assistir esta peça, ou no mínimo ler o livro”? Pois então. Só que eram outros tempos. Já tinha internet, mas a velocidade da informação ainda era praticamente inexistente se comparar com os dias de hoje (quando um artigo da wikipédia acaba de confirmar que Som e Fúria é mesmo de 2000), então acabou que o que chegou mais rápido foi a adaptação para o cinema dirigida por Stephen Frears com John Cusack no papel principal (por coincidência, também de 2000).

Fiquei apaixonada, de ter algumas citações do filme escritas na agenda e por muito tempo aquela cena em que o Rob atacava o Ian foi piada minha e do meu namorado na época. Foi em outubro de 2001 que finalmente li Alta Fidelidade de Nick Hornby. É uma edição de 1998 da Rocco, com uma capa meio xumbreguinha, papel branco toscão mas que depois da primeira leitura, só emprestei para três pessoas: Alex, Sol e Fábio. Medo tremendo de perder o livro, porque nunca antes eu tinha me reconhecido tanto em uma história, e queria tê-la sempre por perto. Não que eu fosse tão fissurada por música como o protagonista, era mais em pequenos trechos que eu me via ali. Na época, eu tinha largado Jornalismo e começado Letras, estava naquela fase em que o namoro começa a entrar em crise e você passa a se arrepender de ter se afastado tanto dos amigos. Eu não estava exatamente infeliz, mas era um reflexo pálido do que era minha vida um pouco tempo antes. Então eu entendia o que Rob queria dizer sobre os habitantes de Pompéia, porque me sentia petrificada naquela situação em que estava para sempre. Entendia Laura e seu “Estou cansada demais para não estar com você”. Ou o que era ter uma Charlie em seu passado. Ou como era ser “o cara mais patético do planeta”. Enfim.

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