127 Horas

Ok, vou virar groupie do James Franco. Depois que a atuação dele fez valer a pena um filme com um enredo bocó desses (sujeito sai para escalar, fica com o braço preso em um buraco por… ahn… 127 horas?) não tenho mais nada a dizer, entregue os prêmios para o rapaz, sim? Ok, os méritos não são só dele, é uma combinação de elementos. Mas que ele está muito bem  e dá conta de levar o filme praticamente sozinho, dá. É, apesar de que de forma mais leve, parecido com o caso da Natalie Portman em Cisne Negro: exigia muito do ator não só na questão da interpretação em si, mas fisicamente também.

Mas, como eu disse, 127 Horas é um bom filme não só por causa dele. Um dos fatores é a edição, que consegue fazer com que passemos da sensação de multidão para a solidão em um segundo, por exemplo. Isso para não falar do modo como os flashbacks são colocados (quase como alucinações de Aron), e o modo que cenas mais complicadas foram muito bem executadas (como quando Aron precisa beber a própria urina, ou bem, a famosa cena em que ele corta o braço).

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Scott Pilgrim Contra o Mundo

Divertidíssimo. Daquele tipo de filme que mesmo que você já tenha noção que meio que já passou da idade para gostar, ainda assim se diverte do começo ao fim sem culpa alguma. Baseado em uma HQ de Bryan Lee O’Malley, Scott Pilgrim Contra o Mundo mostra o garoto que dá título ao filme combatendo os sete “exes” para ficar com aquela que supostamente seria a garota da sua vida, Ramona Flowers.

Michael Cera acaba interpretando o estilo de personagem que ele tem feito desde sempre, embora eu ache que um pouco menos inocente do que o normal. Scott Pilgrim não é exatamente um garoto bobo, embora o efeito de Ramona sobre ele o deixe meio assim (a cena com ele esperando a entrega da Amazon é impagável). Mas ainda assim, a personagem tem aquele jeito meio loser como as outras de Cera: ele mora com um amigo gay num cubículo na frente da casa em que costumava viver, começou a namorar uma colegial e tem uma banda que ainda busca o sucesso.

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Uivo (Howl)

Confesso que poesia nunca foi o meu forte até começar a cursar Literatura Inglesa com a maravilhosa Luci Collin. Não que eu não gostasse, só não via “aquilo tudo”, especialmente no que havia de mais moderno (por moderno entenda-se: do século passado para cá, hehe). Foi por causa dela que conheci poetas como T.S. Eliot, William Carlos Williams e Allen Ginsberg. Então, se não fosse por ela, talvez nem me interessasse por esse filme que saiu ano passado lá fora e ainda não tem previsão de chegar aqui no Brasil. Até porque pelo título dá para saber que ele gira em torno do poema mais importante de Ginsberg, certo?

E aqui eu acho que conhecer um pouco da cultura Beat infelizmente é sim pré-requisito para acompanhar bem o filme, ou pelo menos para não se perder nas inúmeras referências aos escritores dessa geração, como por exemplo Jack Kerouac, ou mesmo Carl Solomon, para quem o poema Howl é dedicado. Mas acredite, mesmo que se perca nas referências, ainda assim Howl é um filme que pode mexer com você.

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A Rede Social

Acho tão triste quando vejo um filme que é todo redondinho, perfeito mas que simplesmente não me agrada da forma que deveria. Lembro de A Rainha, por exemplo, e Frost/Nixon. E agora coloco na galeria A Rede Social, de David Fincher. Talvez o maior problema nesse caso seja a personagem principal (Mark Zuckerberg) que não tem carisma algum. Aquela coisa, eu adoro personagem escroto, mas gente que, como a mocinha comenta mais para o fim “se esforça para ser escrota”, ahhh… não é tão legal assim.

Ele é desde o início retratado como um egoísta obcecado com uma ideia, ao ponto de não enxergar nada ao redor. E como é desde o começo, você meio que desde o começo quer mais é que ele se ferre. Mas as personagens que vão cruzando seu caminho também têm lá seu defeito: são fracas. Tão fracas ao ponto de você também não se importar (código de honra de Harvard? WTF?!).

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Cisne Negro

Ahááá, finalmente consegui assistir a algum filme após o nascimento do Arthur. Eeeeeeeee, viva o/ Comemorações à parte, o fato é que eu escolhi mal. Não que Cisne Negro seja ruim (está beeem longe de ser, diga-se de passagem), mas é que é um filme cuja trilha sonora e imagens são tão poderosas que é quase um pecado vê-lo em casa, tenho certeza que no cinema teria provocado ainda mais reações em mim. Então desde já eu deixo a dica: se está curioso sobre o filme, aguenta as pontas e deixa chegar nas telonas (aqui no Brasil a data de estreia está marcada para fevereiro), porque valerá MUITO a pena.

O enredo é até bem simples, se for pensar bem. O importante do filme é o modo como ele é conduzido, quase como um balé mesmo – e se essa sensação foi inspirada em mim, que não sou muito fã de dança, imagina de quem gosta. Temos Nina (Natalie Portman), uma bailarina desesperada para ser reconhecida como uma estrela. Ela vê sua chance chegar quando o diretor da companhia de balé procura por uma nova Swan Queen (Cisne Rainha) para sua montagem de O Lago dos Cisnes.

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Melhores filmes de 2010

A verdade é que este ano estou fazendo a lista apenas para manter a tradição. Desde a semana do nascimento do Arthur eu não assisti mais nadica de nada, e a lista de melhores de 2010 ficou bem chinfrim e, o que é pior, o melhor filme que eu assisti este ano não entra nela porque minha lista tem lá as firulas de que só valem filmes que foram lançados em território nacional.

De qualquer modo, seguem aí os links para as listas dos outros anos – eu faço isto desde 2004, então acho que dá para entender porque estou querendo manter a tradição mesmo com poucos filmes, hehe. Tem listas de 2004, 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009. O favorito ainda é 2004, vamos ver se de repente 2011 me surpreende, né? Vai a lista 2010 aí então:

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Quão perigoso é um zumbi?

Acabei de ver lá no Graph Jam: How Dangerous is a Zombie? Gráfico para os fãs de filmes de zumbi ;D

(clique na imagem para ampliar)

Edit: Esqueci disto aqui -> 7 Razões Científicas pelas quais uma epidemia de zumbis falharia rapidamente. Já tem um tempo que vi no Cracked, mas enfim, já que estamos falando de zumbis…

Two Thousand Maniacs! (1964)

Tem filme que volta e meia é citado em lista de referências e favoritos de pessoas que você considera ter bom gosto, ou ainda, que fazem filmes que você gosta. É o caso de Faster, Pussycat! Kill! Kill!, sobre o qual comentei brevemente tem coisa de um mês. Agora finalmente tive a oportunidade de conferir Two Thousand Maniacs!1, produção de 1964 com roteiro e direção de Herschell Gordon Lewis.

É aquela coisa, você espera uma certa inocência de filmes anteriores a década de 70. Inocência não no sentido do horror em si (oi, Os Inocentes, 13 Fantasmas e A Casa dos Maus Espíritos?), mas mais na ausência do gore. Eu pelo menos fico com a impressão que as coisas eram mais sutis, ficava mais naquela coisa de você imaginar do que você de fato ver as cenas cheias de sangue. Talvez por isso Two Thousand Maniacs! tenha me surpreendido (positivamente, é claro).

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  1. eu não tenho certeza se o título brasileiro ficou como Maníacos mesmo 

Mr. Nobody

Você tem que fazer a escolha certa. Enquanto você não escolhe, tudo é possível.” Eu poderia usar essa frase para resumir Mr. Nobody (sem data de estreia no Brasil, infelizmente), o problema dela é que deixaria de lado outros tantos detalhes que combinados fazem desse um dos melhores filmes que vi esse ano. Mr. Nobody é daqueles dramas com pinceladas de romance, sci-fi, fantasia. Aquela história que no final das contas acaba te pegando de jeito, das que você gostaria de ter contado para alguém.

Começamos com Nemo Nobody completando 118 anos, em um futuro daqueles bem clichezões (feche os olhos e pense em filmes futuristas que não são distopias e vai entender o que estou falando). Em conversa com um médico, começa a relembrar tudo o que viveu até aquele momento. E não demora muito para quem está assistindo ao filme perceber que o passado dele tem algo de atípico: parece ser vários, como se ele tivesse a permissão de viver várias vidas ao mesmo tempo.

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