E meu palpite estava certo, mas vamos por partes. Se a parte técnica não é uma novidade, o plot também não é: a ideia da transição do cinema mudo para o cinema falado já havia sido explorada por um grande clássico do cinema, o Dançando na chuva. Então você me pergunta: se o filme não tem realmente nada de novo, como pode ter agradado tanto? Bom, acho que porque as qualidades não são as supostas inovações, ao contrário do que se imagina. Os aspectos mais positivos de O Artista estão no fato de – assim como o cinema que está homenageando – saber mostrar que simplicidade nada tem a ver com má qualidade ou desleixo. É trazer novamente aquele gosto pelo cinema pelo que ele tem de melhor, a possibilidade de fazer com que acreditemos num mundo que não mais existe.
Categoria: Cinema
Cinema com mamadeira 2
Não deixa de ser engraçado que logo o número 2 do Cinema com mamadeira seja quase todo com filmes que revi, e não filmes novos. Se o tempo é curto, por que estou assistindo novamente alguns filmes? Bem, a resposta é óbvia: porque eles valem a pena. Ou porque esqueci que já tinha visto, há. De qualquer forma, vamos lá, um pouco sobre cada um deles.
Cinema com mamadeira 1
Porque eu sou mãe, e não tenho mais muito tempo nem para ver muito filme, nem para escrever grandes posts sobre cada um deles. Por isso resolvi fazer comentários breves sobre o que andei assistindo.
Jogos Vorazes
No começo do ano li a trilogia Jogos Vorazes de Suzanne Collins já sabendo que um filme estava para chegar ainda em 2012 (para saber o que achei dos livros, tem post aqui, aqui e aqui). E como gostei muito do que eu li (bateu até aquela deprê pós-leitura depois), óbvio que estava curiosa como seria a adaptação, especialmente por alguns aspectos visuais mesmo: como ficariam as roupas criadas por Cinna para Katniss? Como diabos parece aquela Cornucópia? E como fica a camuflagem do Peeta? Enfim, por aí vai. Não achava que Jogos Vorazes era infilmável, só que algumas ideias dele poderiam não funcionar na hora da troca de mídias e acabaria passando por algum tipo de reformulação (como no caso dos uniformes dos super-heróis das HQs, por exemplo).
E foi com um pouco de receio que eles esculhambassem tudo que comecei a assistir ao filme que, para minha surpresa, conseguiu dar conta muito bem dos desafios que a adaptação trazia. Para começar um ponto bem importante que é a narração em primeira pessoa. No livro temos Katniss narrando os eventos, o que é crucial para mostrar, por exemplo, a dúvida dela sobre como reagir com Peeta na arena; ou ainda do senso de responsabilidade que ela tinha para com a irmã e a mãe. Por isso achei que no filme usariam um voice-over, onde Katniss mostraria seus pensamentos tal e qual no livro. Não fizeram isso, partindo para a criação de cenas que nós leitores não teríamos acesso pelo ponto de vista de Katniss, como uma conversa entre o presidente Snow e Sêneca, Haymitch tentando convencer Sêneca a não matar Katniss ou ainda a ótima ideia dos locutores dos jogos – que explicam para quem não está familiarizado com o universo criado por Collins algumas questões da arena, ao mesmo tempo que servem para chamar a atenção para alguns aspectos que poderiam passar batido.
Namorados Para Sempre
Mesmo a forma com a qual somos apresentados ao casal é diferente do convencional. A história de Dean e Cindy começa já pela crise, de quando pequenos atos do cotidiano já parecem irritar como se fossem coisas importantíssimas, quando um não parece mais sequer tocar no outro. O amor que resta ali está em Frankie, a filha do casal – é quase como se todo o afeto que Dean e Cindy sentissem um pelo outro fossem canalizados unicamente para ela, não sobrando mais nada. E disso vem a crise do casal, o que consequentemente leva ambos a começarem a refletir sobre o passado, de como foi que eles chegaram até ali. Uma tentativa de tentar responder a pergunta número 1 de qualquer fim de relacionamento: onde foi que erramos?
A Hora do Espanto (2011)
O plot básico está lá: o garoto desconfiando que o vizinho é um vampiro. Além de Jerry e do garoto Charles, as personagens principais estão lá: a mãe de Charles, Peter Vincent e o amigo Ed. Mas eles parecem ter algumas diferenças que acabaram ajudando MUITO na construção da tensão da história que sim, é tensa bagarai. De todas as cenas eu tiraria apenas a perseguição de carro, porque né, ficou bocó (ninguém nunca superará Terminator 2 nesse quesito).
Um Dia
Eu realmente tenho uns motivos meio bizarros de ir atrás de filmes (e livros). No caso de Um Dia (o livro), eu estava bastante curiosa porque estava sendo bastaaaaante divulgado e comentado, mas como tinha lido opiniões tanto favoráveis quanto desfavoráveis ao livro, nunca me animava de comprá-lo. Aí acabei colocando na lista de pedidos de amigo secreto e ganhei (com uma dedicatória bem fofa do Gabriel lá do Meia Palavra), e tão logo o livro chegou, já comecei a ler. E meio que devorei, porque não era óóóó que obra de arte, mas era muito gostoso. Sobre ele eu falei no blog do Meia Palavra, e não vou me prolongar muito aqui. A questão é que também fiquei curiosa sobre o filme, e com aquela mesma sensação de vou ou não vou, mas aí o fato de ter momentos que se passam em Edimburgo falou mais alto e lá fui eu conferir.
Então, sobre o filme Um Dia. Achei que a proposta de mostrar um dia na vida das personagens ao longo de 20 anos. Porque no livro a cada capítulo há alguns parágrafos que meio que tentam colocar o leitor em dia sobre o que se passou durante o ano na vida de Emma e Dexter, e isso é meio que querer dar um migué na proposta do romance, entende? Desse jeito, não mostra um dia na vida deles, mas vááários dias. No filme não é assim: somos trasportados de um ano para outro realmente sentindo a diferença que esse período pode fazer em nossas vidas. Do nada tá o cara com um bebê no colo, ou a menina toda elegante em Paris. Quem está assistindo acaba subentendendo o que aconteceu no espaço de tempo que não aparece na tela.
Dylan Dog e as criaturas da noite
E aí chegou a notícia de Dylan Dog: Dead of Night, adaptação meeeeesmo do meu personagem do coração. Eu desde o começo estava um pouco cética, até porque nas primeiras informações já se sabia que personagens como o Groucho não estariam no filme (e desculpem, eu adoro o Groucho e acho que faz falta sim). Mas tudo bem, de qualquer forma eu tinha que conferir, até porque ao ver o trailer eu tinha ficado bem curiosa e até com alguma esperança de que não fosse de todo ruim.
X-Men: First Class
Mas então chegou uma versão boa de X-Men: First Class e eu fui lá matar minha curiosidade mórbida. Porque né, pelo menos considerando imagens da produção, sinopse e afins, não dava para pensar de forma muito positiva sobre o que viria ali. Entretanto, me conte: você tem horror a sangue, vai gastar minutos preciosos da sua vida com filme de horror só para falar mal depois? Não né. Aí vale o mesmo par aos fãs xiitas de x-men. Não adianta dizer qual era a primeira formação do grupo, que algumas situações ali seriam improváveis nas HQs, etc. etc. etc. O que você pode fazer é pensar que trata-se de um “E se…” versão cinematográfica e se divertir. Foi o que eu fiz.
Meia Noite em Paris
É por isso que dá para entender esse desejo de Gil de viver aqueles tempos. Porque deve ter sido simplesmente um daqueles momentos únicos para a arte, com tantas mentes brilhantes cruzando caminhos e trocando informações. O sujeito que sonha em produzir algo que faça diferença certamente deseja estar nesse meio, recebendo conselhos de pessoas que vê como mestres, exemplos. Somando a isso tem também o fato de que o presente de Gil era simplesmente chato: uma esposa que simplesmente não compreende suas vontades e com quem tem em comum o fato de gostarem de comida indiana. Preso entre viver na roda viva, escrevendo roteiros para Hollywood (o que dava dinheiro) ou desenvolvendo seu romance (o que daria satisfação pessoal).