You cannot conquer Time

antes-do-amanhecerMeu primeiro contato com Antes do Amanhecer (Before Sunrise) não foi dos melhores. Eu tinha lá meus 20 anos (pouco mais, pouco menos) e lembro que achei um filme chato. Tão chato que queria logo que amanhecesse para o filme acabar. Por conta disso, quando em 2004 saiu Antes do Pôr-do-Sol (Before Sunset) nem dei muita bola e não assisti. Vivia repetindo para mim que um dia daria novamente uma chance para o primeiro, até porque pessoas que têm um gosto parecido com o meu (Sol, Melian, etc.) simplesmente adoram esse filme. E aí que nas várias notícias sobre o lançamento do terceiro filme da trilogia de Linklater, Antes da Meia-Noite (Before Midnight) saiu uma contando a história da garota que inspirou Linklater para a criação de Celine e achei tão fofo que decidi que agora era o momento: faria uma Maratona Before para no dia seguinte ir ao cinema e conferir o lançamento.

Começando então com Antes do Amanhecer, que eu tinha odiado. Terminei o filme sem entender porque naquela época não gostei: não tem nada ali para não gostar. Os diálogos entre Jesse e Celine são dinâmicos e interessantes, daqueles que dá vontade de se meter no meio para conversar também. E Ethan Hawke e Julie Delpy estão tão bem nos papéis que dá para sentir a química entre eles como algo palpável, real e constante. A cena na roda gigante, que marca o primeiro beijo do casal é doce e encantadora justamente por causa dessa química entre os dois.

Continue lendo “You cannot conquer Time”

Meu namorado é um zumbi (Warm Bodies)

Eu não sei por que diabos fiquei tão brava quando vi que traduziram o título do filme Warm Bodies como Meu namorado é um zumbi aqui no Brasil. A questão é: me decepcionei um pouco com o livro Sangue Quente quando chegou ao Brasil, e passado um tempo ele “envelheceu” muito mal na minha memória. Sabe quando você pensa “Mas wtf, é um zumbi que se cura com o poder do amor? Isaac Marion, você está on drugs? Ou eu estava quando li e não me revoltei com o que foi feito do excelente conto I am a zombie filled with love?”. Enfim, divagações. O ponto é: o livro fica ali do médio para fraco, e a ideia central dele é realmente péssima, se você for pensar bem. Acho ok o fato de o ponto de vista ser de um zumbi, tudo bem ele se apaixonar, mas dezumbificar é fogo.

Então que quando vi a tradução do título, pensei que só podia ser zoação. Quando vi os trailers, ficou confirmado que sim, seria zoação mesmo. Mas como comentei em um post tem um tempo, foi justamente o fato de a adaptação ter partido para outro lado que salvou o filme. Desde o título ele já diz “Ei, não me leve à sério!” ou ainda “Olha só a tiração de sarro que estamos fazendo com filmes como Crepúsculo!” o que acaba mudando totalmente a forma de encarar a história. Continua sendo só para se divertir, e tem momentos de extrema vergonha alheia, mas o humor acaba salvando porque dá tintas de Sessão da Tarde para o que não tinha lugar nem em Cine Trash.

Continue lendo “Meu namorado é um zumbi (Warm Bodies)”

John Morre no Final (John Dies at the End)

Se tem uma palavra que pode definir o filme John Dies at the End ela é: ESTRANHO. Assim, com letras maiúsculas, itálico e negrito, para já ir logo avisando que se você tem problemas com suspensão de descrença, dá meia volta que esse não é para você. Digamos que em certo momento você verá um cachorro dirigindo um carro e isso será razoável perto do que você já viu até aquele momento.

Dito isso, vamos agora ao trabalhos: John Dies at the End é uma adaptação do livro de David Wong, pseudônimo de Jason Pargin, um dos editores do site Cracked. Acho que é uma informação relevante para lembrar que embora o gênero principal do filme seja sci-fi (viagens no tempo, para outras dimensões, etc), ainda assim não dá para negar que há muito de humor, inclusive gerado pelo óbvio clima nonsense da história.

Depois de um breve prólogo, conhecemos David Wong, um carinha aparentemente bem normal que marca um encontro com um repórter para dar a sua versão dos fatos envolvendo a morte de vários jovens que estavam presentes em uma festa. Logo alguns elementos são adicionados, como o Shoyu – uma espécie de droga que faz com que quem a utiliza consiga fazer coisas inimagináveis como saber o que outra pessoa sonhou e ver o futuro, por exemplo. Ficamos sabendo também que o tal do Shoyu é na verdade uma forma de uma raça alienígena (ou algo que o valha) dominar nosso mundo, e acaba que David e John são as únicas pessoas que poderão salvar a humanidade (eu avisei que o filme era estranho).

Continue lendo “John Morre no Final (John Dies at the End)”

Hotel da Morte (The Innkeepers)

Hotel da Morte. Hoteeeeel da Morte. Mais um título que constará na Grande Lista Valinor de Traduções Bizarras. Eu fico aqui lembrando dos tempos do VHS, quando ainda era obrigada a assistir os trailers dos filmes, se for puxar de memória, acho que os da Playarte eram sempre meio tosquinhos. Era Playarte que sempre tinha propaganda daquela pousada em Paraty? Não sei. O fato é que o filme chegou direto em DVD aqui no Brasil, pela Playarte, suponho então que ela seja a responsável pela tradução ruim do título. Tão ruim que só por acaso me dei conta que o filme acabou de chegar no catálogo do Netflix nacional, então fica o aviso para o caso de você também ter achado que The Innkeepers não ter dado as caras por essas bandas: calma, ele chegou. É só o título que ficou ruim.

Enfim, sobre Hotel da Morte (gakjhslalwkdq!). Eu sei que vai parecer estranho falando de filme de terror, mas o fato é que mesmo que tenha poucas cenas assustadoras (a coisa fica assustadora mesmo só na última meia hora), ainda assim eu gostei bastante. Tem lá seus furos, mas também tem alguns detalhes que amarram a história de um modo que não costuma aparecer em filmes do gênero, que convenhamos, costumam ser bastante óbvios sobre todo o enredo e ganham sua força só nos sustos mesmo. Então uma história que poderia ser mais uma de lugar assombrado como tantas outras que já saíram por aí, consegue ser original – o que é bem importante se formos considerar que o horror norte-americano nos últimos anos quase que sobrevive só a base de remakes de filmes estrangeiros e continuações.

Continue lendo “Hotel da Morte (The Innkeepers)”

Room 237

Se um dia eu e o Fábio participássemos daqueles programas de auditório em que o casal tem que responder perguntas um sobre o outro, na pergunta “Qual o filme de terror favorito da Anica?” Fábio acertaria com toda certeza, respondendo “O Iluminado“. Sei disso porque dia desses perguntei para ele, e a resposta foi correta, há. Enfim, eu sei que meu favoritismo oscila bastante entre esse e A espinha do diabo, mas no final das contas o longa de Stanley Kubrick sempre sai ganhando pelo fator nostalgia (já que a primeira vez que vi ainda era criança). E se estou falando tudo isso é só para dar a dimensão da minha curiosidade sobre o documentário Room 237, que busca dissecar algumas teorias de conspiração envolvendo a adaptação cinematográfica desta obra de Stephen King.

O filme é montado da seguinte maneira: imagens de O Iluminado e outros filmes (como De Olhos bem Fechados e A Lista de Schindler) formam uma espécie de colcha de retalhos, ilustrando os depoimentos de alguns entrevistados sobre as tais das teorias de conspiração. Algumas delas eu tenho certeza que você já ouviu por aí, como a de que O Iluminado é um jeito de Kubrick falar sobre a participação dele na falsa gravação dos primeiros passos do homem na Lua; ou a de como o filme conta de maneira subliminar o massacre sofrido pelos índios nos Estados Unidos. Confesso que nunca acreditei em nenhuma dessas teorias: vejo O Iluminado como um filme de horror, e se formulei alguma teoria a respeito do filme não foi sobre significados ocultos, mas mais sobre o que diabos o hotel Overlook fez com o Jack. E olha, continuo não acreditando. E aí que eu acho que o que é bacana nesse documentário não é a argumentação dos entrevistados, mas mais alguns detalhes que eles apontam.

Continue lendo “Room 237”

Mama (2013)

Começou de uma indicação da Nina lá no twitter, aí vi o trailer e fiquei morrendo de vontade de assistir. Problema era o de sempre: não vejo filmes de terror com crianças se estiver sozinha desde que o Arthur nasceu (por motivos mais ou menos explicados no post sobre Atividade Paranormal 2). Mas acabou que ontem conseguimos dar uma escapada e fomos ao cinema conferir o filme (que já está nos cinemas nacionais desde o dia 05 deste mês). Com um selinho de qualidade Guillermo de Toro (produtor), acho que não preciso nem dizer que estava com altas expectativas, certo?

E o filme até que respondeu bem. Na questão susto/tensão Mama é realmente muito bom, talvez até por ser uma história de fantasma onde o fantasma não é uma presença sutil, mas na realidade bem física, digamos assim. Já nos minutos que antecedem os créditos iniciais podemos ver a Mama e do que ela é capaz – o diretor (Andy Muschietti) não fica guardando o ouro, e talvez por isso mesmo em determinado momento do filme só com uma risadinha de Lilly você já sente calafrios, porque você já sabe o motivo do riso.

Continue lendo “Mama (2013)”

Night of the Creeps (1986)

Quando não está correndo atrás dos filmes do momento, é até engraçado o jeito que outros títulos chegam até você. De repente sai uma referência em um artigo de jornal, uma lista de favoritos, uma imagem de uma cena aleatória. É como se todo mundo estivesse falando dele sem nem se dar conta disso. Eu sempre tomo isso como um sinal de que está na hora de conferir, e foi o que aconteceu com Night of the Creeps, produção de 1986 que pode ser encontrada nas locadoras nacionais como A noite dos arrepios (mas como eu duvido muito que alguém ainda frequente locadoras, fiquemos com o título original que será mais fácil de localizar, sim?). Sabia pela sinopse que teria como elementos alienígenas invasores de corpos que transformavam as pessoas em zumbis, então já esperava alguma tosqueira mas nada, digo NADA me preparou para uma cena de abertura assim:

ETs cor-de-rosa pelados com um laser tipo Star Wars antes das mexidas do George Lucas, basicamente.

Aí você percebe pelos olhinhos brancos de um deles que ele é um zumbi, e ele consegue fazer com que um experimento seja lançado para fora da nave. Boooom! Corta, eis que começa uma musiquinha dos anos 50, imagem em preto e branco. Somos apresentados a alguns elementos típicos de filmes de terror com jovens: a fraternidade, a gatinha, o capitão do time que namora a gatinha, a galera namorandinho num lugar onde não deveria estar e bem, o básico, né: um louco fugitivo do hospício. Confesso que achei esses primeiros minutos meio estranhos (a legenda que confirmou que estava tudo ok e que as cores eram propositais, para começar), fiquei pensando “ué, louco com machado? Mas o filme não é de zumbis ets?”. Eis que uma estrela cadente aparece e os jovens (que nunca viram Scooby Doo e não sabem as implicações disso) resolvem ir investigar.

Continue lendo “Night of the Creeps (1986)”

Oscar 2013: O dia seguinte

Spoiler: Argo vence melhor filme. E também, eu queria começar o post com uma imagem do Ben Affleck.

Enquanto vou tomando minha segunda caneca de café para compensar a noite de pouco sono, vamos para alguns comentários sobre a cerimônia do Oscar ontem – que não, não teve nada de muuuito surpreendente. Foi uma noite morna, sem grandes surpresas e que em alguns momentos pareceu que iria se arrastar pela eternidade (quem mais aqui não pensou “Poutz, ainda nem apareceu o In Memorian?!!”).

Sobre o tapete vermelho, a real é que eu acompanho só para ver se acontecerá um grande desastre tipo a Bjork com aquele vestido de cisne, ou algo lindo demais, como aquele vestido da Halle Berry no ano em que ela ganhou o Oscar: não aconteceu. Tudo certinho e dentro da média, morninho como a cerimônia. Vi umas fotos da festa da Vanity Fair e pareceu que as moças guardaram o melhor para lá, saindo dos rosinhas sem graça para muito brilho, muito ouro, inshalá. Tentaram fazer uma piada com o farol aceso da Anne Hathaway, mas parece que era efeito do corte do vestido (mas convenhamos, escolher mal justo na noite em que você finalmente ganha? Aff). Enfim, melhor coisa desse tapete vermelho foi a barba do Ben Affleck.

Continue lendo “Oscar 2013: O dia seguinte”

Esquenta para o Oscar

Amanhã é dia de Oscar! Para quem tem tv a cabo, o evento será transmitido pelo canal TNT a partir das 20:30h. Para quem não tem, podem xingar muito a Globo no twitter, porque a transmissão só começará após o Big Brother (como tem acontecido nos últimos anos). Para quem vai acompanhar pela internet, tem a cobertura do Cinema em Cena. E tem bolão pipocando em todo canto, mas deixo como sugestão o organizado pelo Tisf lá na Valinor (ele organiza isso tem, sei lá, quase 10 anos), para quem quiser tentar a sorte, é só clicar aqui. Outros links relacionados com ao Oscar:

Continue lendo “Esquenta para o Oscar”

Filmes em 2013 (Parte I)

(Então que ainda não consegui pensar em um nome melhor do que “Cinema com mamadeira” para minha lista de rapidinhas cinematográficas, portanto ficaremos com o “Filmes em 2013” por enquanto.)

O Clube dos Cinco (The Breakfast Club, 1985): Então que um dos pontos positivos (ou negativos) do Netflix é que você revê MUITA COISA. Você vê o título x e pensa “Puxa, esse filme era tão legal!” ou ainda, “Nossa, faz tanto tempo que nem lembro se vi mesmo”. O Clube dos Cinco se enquadra no segundo caso. Juro que não marcou minha memória, embora seja quase certeza que eu assisti. A ideia de colocar cinco jovens que aparentemente nada tem em comum fechados em uma sala até que descubram como são parecidos é bem bacana, é o tipo de filme que não precisa nem de um remake, já que os esteriótipos são tão atemporais. Mas vá lá, o melhor mesmo é a conclusão com Simple Minds tocando Don’t you (forget about me). Continue lendo “Filmes em 2013 (Parte I)”