Só para deixar registrado

(Seguindo a mesma ideia deste post aqui e deste outro aquivamos lá para alguns comentários aleatórios sobre os filmes que tenho assistido)

Caindo na real (Reality Bites, 1994): Não me julgue por nunca ter assistido a este filme, quando ele saiu eu ainda não tinha idade para me interessar por esse tipo de história. Enfim, foi um daqueles casos de conjunção referencial: eu ainda estava empolgada com a trilogia do Linklater (que tem Ethan Hawke no elenco, como em Caindo na real), e eu estava empolgada com um filme que está para sair que foi dirigido pelo Ben Stiller (que também dirigiu Caindo na real) e como tinha acado de ver Romy e Michele lembrei de quanto gosto da  (que está no elenco de Caindo na real). Acabei resolvendo conferir e pans, é bacaninha. Não me diz muita coisa porque eu já saí da fase de pensar oh-gosh-agora-que-me-formei-farei-o-que-da-minha-vida, mas de qualquer forma há um efeito de nostalgia duplo ali, seja pelos anos 90 (porque este filme berra anos 90), seja por justamente descrever um período de vida pelo qual já passei. Enfim, o engraçado sobre o filme é que a personagem principal (interpretada por Winona Ryder), faz um documentário com depoimentos dos amigos, que depois é vendido para  (e deformado por) um canal de tv. Hm, ok, isso não é engraçado. O negócio é que em 1992 a MTV americana lançou o que seria um dos primeiros reality shows, o programa que aqui no Brasil chegou como Na Real. Não sei se houve uma inspiração ou se é só coincidência, mas é difícil assistir ao filme e não lembrar do programa (btw, eu assisti. Meu favorito era o Na Real em Londres).

The Bling Ring: A Gangue de Hollywood (The Bling Ring, 2013): Ai, que filme mais ou menos. A impressão que tive de ser superficial talvez seja porque as personagens assim o são, não sei. Mas passei a maior parte do tempo pensando “Caramba, Sofia. Você nos conta uma história linda como Lost in Translation, por que diabos resolveu contar essa história desses adolescentes idiotas?”. Crítica à sociedade, blablabla, ok, entendi. Mas eu acho que pelo menos neste caso em específico uma alegoria serviria melhor ao propósito de crítica do que mostrar os fatos tal como são. Um dos pontos positivos desse filme é que as personagens são detestáveis (como deveriam ser, já que estamos falando em crítica). A trilha sonora é um horror (e considerando isso já me arrependo de um dia ter falado mal de Maria Antonieta) e ai, tem Emma Watson lambendo a linguinha, que sexy. Sorry, eu não tenho essa pira pela atriz, portanto não tem lambeção de linguinha que me faça pensar que seja um filme daquele tipo imperdível. Pelo contrário: não dá nem um ano e tenho certeza de que já terei esquecido que um dia o assisti. Talvez sob efeito do filme eu tenha achado o começo do livro (lançado aqui no Brasil pela Intrínseca) um saco, daqueles que larguei sem dó.

Continue lendo “Só para deixar registrado”

Guerra Mundial Z (World War Z)

Então. Eu não tinha qualquer esperança sobre Guerra Mundial Z, na realidade, tinha é a certeza de que seria uma bomba, começando no fato de que nada tinha a ver com o livro do Max Brooks. Mas como a adaptação de Warm Bodies teve nada a ver com o livro e eu achei bacaninha, resolvi dar uma chance. Começam os créditos, que descrevem os eventos anteriores ao momento em que se passa a história, dando a entender que os zumbis aqui são pessoas infectadas por um vírus, provavelmente uma gripe que sofreu mutação. Hum, falam de aquecimento global também. Eu que já acho que a regra número um dos filmes de zumbis é não explicar como eles surgiram achei que o combo vírus + aquecimento global já é muita informação, mas olha, foi muito bem montado. Eu não sou muito de ficar dando trela para créditos, mas tem alguns fatores ali que já fizeram com que eu automaticamente ficasse mais otimista sobre o filme:

a) gostei de como usam imagens da tv para contar a história, mesclando notícias que já apontam para a catástrofe com banalidades como programas de variedade; até que finalmente fica certo que o vírus sofreu mutação, e aí as imagens (mesmo as dos animais) ficam mais fortes, a música PAM PAM PAM vai aumentando a tensão, etc. bom modo de deixar o espectador a par dos eventos, e prepará-lo para o clima geral do filme.

b) é bobagem, mas ainda sobre a trilha (e as letras usadas no crédito), lembrei dos filmes de zumbi da década de 70.

c) Isso:

Alooou? Douglas Adams? ” So long and thanks for all the fish?”

 

d) E isso:

Michio Kaku

 

Sim, adoro referências nérdicas. Ok, voltando ao Guerra Mundial Z. Cena típica, família acordando para mais um dia comum (tem algo de Dawn of the Dead naquela cena matutina na cama, btw),  e aí você já está tão escolado com filmes do gênero que sabe que vai dar merda aquele ursinho da menina e o inalador da outra em algum momento, mas ok, continuemos. Chega a cena que apareceu em vários trailers, com a família no carro bem no momento em que a coisa fica feia e então dá para ter uma noção de qual será a configuração do filme: 1) família tentando sobreviver, 2) Gerry (Brad Pitt) buscando o paciente zero/uma cura/whatever ao redor do mundo.

Continue lendo “Guerra Mundial Z (World War Z)”

Submarino (Dunthorne x Ayoade)

Volta e meia quando você assiste a um filme baseado em um livro, o comentário é qualquer coisa como “É legal, mas o livro é melhor”. É tão comum de acontecer que algumas pessoas chegam a dar de ombros, ou mesmo fazer uma cara de enfado, como se com a linguagem corporal quisesse dizer que é óbvio que o livro é melhor. A razão para isso é bastante simples: enquanto você lê, quem molda o rosto das personagens, a ambientação e outros detalhes é você (às vezes até independente do que o narrador descreve). E meu amigo, é evidente que superar nossa própria imaginação é bastante difícil. Mas aí você acha que já tem uma regra pronta e dá de cara com um caso como Submarino. Ao menos para mim, o filme é superior ao livro, muito embora a obra em si também seja legal. Aliás, note que acaba seguindo o caminho inverso do normal: “É legal, mas o filme é melhor”.

Meu primeiro contato foi com o filme, talvez valha a pena dizer, já até falei brevemente sobre ele aqui. Tinha lá um bom tempo que via imagens dele no tumblr, pensava “Hum, acho que vou gostar desse filme”, mas sempre me enrolava, até que finalmente assisti. Quando acabou, eu já estava fazendo uma busca por informações sobre o filme (incluindo aí o choque ao descobrir que o diretor era o Moss do IT Crowd), vi que era uma adaptação e naquela mesma noite já estava lendo o livro do Dunthorne. E olha, fora uma mudança aqui e outra acolá, a versão do Ayoade é BEM fiel ao original. Como é que pode ficar tão melhor? Bem, para responder isso acho melhor seguirmos aos poucos.

Continue lendo “Submarino (Dunthorne x Ayoade)”

Bibliotecas no cinema

Sim, normalmente elas são só parte do cenário, não tem grande relevância para a história em si, mas mesmo assim estão lá: as bibliotecas. Sejam as grandes bibliotecas públicas ou as confortáveis bibliotecas pessoais, o fato é que algumas ganharam um lugarzinho especial na minha memória, seja por serem belíssimas, seja porque a cena em que elas estavam presentes eram marcantes. E foi por causa disso que resolvi fazer aqui um top5 unindo duas coisas que adoro: livros e filmes. Vamos então para o meu…

TOP 5 CENAS EM BIBLIOTECAS!

5. Três formas de amar (Threesome, 1994)

Eu acho que o filme nem é assim tão imperdível (lembro de ter gostado, mas assisti apenas uma vez), mas é engraçado como anos e anos depois ainda lembro da garota dando uma de Sally na biblioteca da faculdade, é uma cena bem marcante, no final das contas. Sobre o filme, vale se você de alguma forma estiver sentido saudades dos anos 90, porque ele é a cara dessa década (a começar pela trilha sonora).

Continue lendo “Bibliotecas no cinema”

Filminhos (Ou: tentando colocar isto aqui em dia)

Atualizando, atualizando lá lá lá

Não vou ser nem doida de comentar aqui neste post sobre todos os filmes que vi e não registrei aqui no blog desde fevereiro. A realidade é que naquela época eu tinha planos de continuar com o “Filmes em 2013“, mas foi acumulando demais, então pensei em transformar em giffy reviews e quando notei, pans, já era setembro. Ano que vem eu tento fazer tudo bem bonitinho desde o começo, por enquanto vou comentar alguns aleatoriamente mais porque eu realmente sinto falta do registro por escrito. São dez anos escrevendo no blog, me acostumei com isso: por algum motivo um título é comentado, eu busco no blog para lembrar o que achei dele e prefiro muito mais algumas breves linhas do que um sistema obtuso de avaliação como o de cinco estrelas ou notas de um a dez. E esse parágrafo todo é na realidade um longo note to self, eu sei, então vamos logo aos filmes.

Intocáveis (Intouchables, 2011): Sabe aqueles filmes que você sabe exatamente o que vai acontecer, e mesmo assim você se emociona? Pois é. O enfermeiro de origem humilde vai cuidar de um homem rico que após um acidente ficou quadriplégico. Você sabe: choque cultural, choque de classes, o enfermeiro ensina o ricão a viver os prazeres simples da vida e yadda yadda yadda, mas de fato floresce uma amizade bonita entre eles e não tem como você não se envolver. E o Omar Sy está excelente no papel de Driss, com um sorriso fácil e cativante que realmente te convence. Gostei tanto do filme que fui ler o livro depois, o problema é que o livro é narrado sob o ponto de vista do Philippe, que vá lá, é um babacão. Acabei abandonando a leitura sem dó e não pretendo voltar para aquele livro tão cedo. Continue lendo “Filminhos (Ou: tentando colocar isto aqui em dia)”

Toda forma de amor (Beginners)

Oliver (interpretado por Ewan McGregor) chega aos trinta e tantos com uma série de revelações para lidar. A primeira é saber, um pouco após a morte da mãe, que seu pai era gay. A segunda, é que tão logo o pai conta este segredo para o filho, e decide finalmente viver, acaba recebendo um diagnóstico de câncer em estágio terminal. É ainda lidando com a perda do pai que Oliver conhece Anna, uma garota que também lá tem sua bagagem (e quem não tem?), e com quem ele aprenderá o quanto tem deixado o passado de outras pessoas tomar conta do seu presente. Isso é basicamente o que pode ser dito sobre Toda forma de amor (Beginners), filme de 2010 que chegou recentemente ao Netflix brasileiro. O problema do “basicamente” é que ele acaba deixando de lado uma série de detalhes que fazem com que o filme seja tocante sem ser piegas.

As atuações são fantásticas, com Christopher Plummer levando um Oscar por sua personagem Hal (o pai de Oliver), mas confesso que quem me encantou ali mesmo foi Ewan McGregor. Eu tinha até esquecido de como gostava deste ator. A personagem que ele interpreta requer que muito seja dito apenas com olhar e com poucas palavras, e mesmo assim ele consegue dar conta de tudo isso: a tristeza em uma festa cheia de pessoas, o encanto por conhecer alguém especial, a dor ao ver que o pai definhava aos poucos mas ainda assim lutava para que seus últimos momentos fossem felizes. A história simplesmente não funcionaria não fosse essa dupla de atores.

Continue lendo “Toda forma de amor (Beginners)”

Fenômenos Paranormais (Grave Encounters)

Sempre que sai um novo filme no estilo “found footage” eu lembro de A Bruxa de Blair. Eu sei que não foi o primeiro filme nesse formato, mas marcou bastante porque a primeira vez que ouvi falar dele foi uma amiga dizendo que ficou sabendo de uma história sobre um pessoal que se perdeu na floresta, que aí fizeram um filme com as imagens que foram encontradas em uma câmera encontrada perto de onde eles estavam acampando. Essa mistura entre ficção e realidade dava tintas de lenda urbana, deixando a coisa toda ainda mais assustadora. É fato que quando o filme finalmente chegou aos cinemas eu já sabia que era só um filme, mas ainda assim era inegável que a “moldura” para a história era bem interessante.

Pule aí mais de dez anos do já conhecido processo da indústria cinematográfica, de recriar/copiar fórmulas ou ideias que deram certo buscando novos sucessos de bilheteria, e é evidente que quando chega um filme como Fenômenos Paranormais (Grave Encounters) você pensa que ele não pode oferecer mais nada de novo: oras, não basta ser um “found footage“, ainda por cima a premissa básica é de um grupo de investigadores de eventos paranormais gravando um programa para a tv em um hospital psiquiátrico abandonado. Ou seja: todos os elementos das últimas décadas do que foi criado em horror norte-americano. Mããããs… tanto blog de horror que eu acompanho falando desse filme, tive que conferir. E uou, não é que a mistura de clichês dá liga?

Antes de continuar a comentar, duas coisas: primeiro, estou falando só do primeiro filme, não vi o segundo (e ouvi falar muito mal do segundo, então…). Segundo, se for assistir, tenta seguir as condições normais de temperatura e pressão: veja sozinho e à noite. Duvido que você vá dormir tranquilo depois.

Continue lendo “Fenômenos Paranormais (Grave Encounters)”

A Morte do Demônio

Eu não sei até que ponto é possível para algum fã do original de 1981 assistir o remake que saiu este ano sem pensar em compará-los. Eu, que tentei ao máximo “desligar” o botão da comparação, ainda assim ficava pensando de vez em quando “ESTE LOSER É O ASH?!!”, mas acho que minhas implicâncias com o filme foram bem menores do que eu esperava. Não tinha gostado do fato de o livro não ser mais chamado de Necronomicon, mas Naturom Demonto, só que aí fui pesquisar e descobri que o engano era meu, já que o livro só passa a ser chamado de Necronomicon nas continuações da trilogia do Sam Raimi. Enfim, deixando isso claro, a verdade é que dá para ver A Morte do Demônio e gostar, mesmo que ele seja obviamente inferior ao original.

Nesta versão, o motivo que faz os cinco jovens se isolarem em uma cabana em uma floresta é que Mia está tentando se livrar das drogas. Para tal, ela chama o irmão (que vem com a namorada) e mais um casal de amigos, que tentarão ajudá-la. Falem o que quiser dessa trama, mas achei que aqui houve um acerto em comparação ao original: quando Mia começa a aloprar por causa do cold turkey, a amiga avisa o irmão da garota que ela já tinha feito uma tentativa anterior e que não deu certo, e que agora era o tudo ou nada e ela não poderia voltar para casa mesmo que pedisse. Pronto, está aí a explicação de porque mesmo com a garota bem loca ainda assim eles não pegavam as tralhas e voltavam para casa.

Continue lendo “A Morte do Demônio”

O Segredo da Cabana

Quando assistíamos mais filmes de terror juntos, eu e o Fábio tínhamos como ‘nota de corte’ um cinco no IMDB. Abaixo de 5 era pouco provável que assistiríamos ao filme. 5 estava liberado, 6 ficávamos curiosos. Acima de 7 era certeza de que veríamos algo bom. É por isso que ao ver O Segredo da Cabana com 7 no IMDB (e aparecendo em um punhado de listas de sugestões de filmes do gênero) fiquei bem curiosa. Ok, a sinopse falava de cinco amigos em uma cabana na floresta (dá para ser mais clichê que isso?), mas muitos artigos elogiavam o filme por ter reinventado histórias desse tipo. Uou, expectativas lá no alto, vamos lá.

Eis que nos primeiros minutos…. AHNNNN?? Sério que estão apresentando os cinco esteriótipos típicos de qualquer filme com adolescentes/jovens no cinema? Piadinhas com maconha, meninas pagando calcinha nos primeiros minutos? E isso era para ser uma reinvenção? Olha lá, olha lá! Tem até o tiozão sinistro do posto de gasolina no meio do nada falando qualquer coisa que é para deixar o pessoal com medo do lugar para onde eles estão indo! Clichezãoooo! Já estava achando que tinha sido enganada pelos sites de cinema que costumo ler quando a história paralela, em uma espécie de laboratório-quartel-seja-lá-o-que-for, começa uma reviravolta que fez de O Segredo da Cabana um ótimo filme (e tive que concordar com o que eu tinha lido sobre ele). Atenção, spoilers a partir daqui (e é um filme que vale a pena ver sem saber muito sobre ele, vai por mim).

Continue lendo “O Segredo da Cabana”

Liberal Arts

Jesse (Ted Mosby Josh Radnor) está ali na casa dos trinta e poucos, aquele momento em que os sonhos da adolescência deveriam estar se concretizando, mas a realidade mostra que não é algo assim tão fácil. Seu diploma em língua inglesa não lhe rendeu o futuro cheio de conversas com pessoas que amassem os livros como ele, não há nem sinal de um relacionamento estável em sua vida (pelo contrário, acabou de tomar um fora) e seu emprego não parece lá muito interessante. É quando ele recebe uma ligação de um antigo professor da faculdade, o convidando para um jantar onde seria homenageado já que está se aposentando. Jesse prontamente aceita o convite e seu retorno à pequena faculdade de artes no Ohio acaba trazendo aquela óbvia nostalgia de um tempo em que tudo parecia possível.

Com este plot parece que o público do filme Liberal Arts (dirigido por Josh Radnor) se restringiria a pessoas na mesma faixa etária do protagonista, mas o fato é que chegando em sua alma mater Jesse conhece (e se encanta por) Zibby, uma adolescente de dezenove anos que está justamente vivendo o período do qual ele sente tanta saudades. Zibby surge um  pouco como a representação de tudo que ficou em Ohio assim que ele se graduou, aquela avidez por novas experiências e ao mesmo tempo uma certa inocência sobre o que está por vir. Sim, ela também é uma manic pixie dream girl (aparentemente todo cara na casa dos trinta e poucos sonha com uma guria assim), mas vá lá, deixando de lado a birra pelo que já é um clichê do cinema atual, a personagem é até bem interessante, rendendo bons diálogos ao longo da história.

Continue lendo “Liberal Arts”