Como ser mulher (Caitlin Moran)

comoser(Atrasei o post para o dia 08/03 de propósito, há.)

Então que eu tinha me apaixonado por How To Build a Girl da Caitlin Moran e resolvi não me enrolar muito para ler o How To Be a Woman, que chegou aqui no Brasil em 2012 pela Paralela (Companhia das Letras) com o título Como ser mulher.1 Comecei a ler e senti um certo déjà vu: a chegada à adolescência de uma garota que vivia em uma família enorme e de baixa renda, que passava longe dos padrões de beleza típicos e estava desesperada para ter suas primeiras experiências sentimentais/sexuais. Ou seja: How to Build a Girl pode ser um romance, mas tem MUITA coisa da vida da Moran ali.

Tanta que ler Como ser mulher poderia ser até um pouco de desperdício de tempo, não fosse a estrutura do livro: apresentação de uma anedota do passado da autora para então passar a discutir o tema de um modo mais geral, enfatizando a abordagem feminista de diversos momentos que qualquer mulher atravessou da adolescência à fase adulta – mudanças no corpo, menstruação, primeiro beijo, primeira vez, gravidez, etc.

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  1. Ignoro o subtítulo que ganhou no Brasil. E fiquei curiosa aqui sobre o que fez com que a tradução perdesse aquele ‘uma’ 

O Mês da Marmota (Ou: o que assisti em fevereiro)

tumblr_nj4rqogNdg1r90ooxo1_500Tinha muitas esperanças de ver todos os filmes do Oscar, ou pelo menos os principais, mas aí dei de cara com a dura realidade: não tenho saco nem tempo para isso. Por exemplo: toda vez que ia colocar American Sniper, pensava em como tenho uma má vontade tremenda com filmes de guerra pós-11 de setembro e ok, com o Bradley Cooper, e aí acabaria assistindo só para falar mal. Perda de tempo.

E o pior é que aí nessas de tentar seguir a promessa relacionada ao Oscar, quase não vi nada, há. Então vou deixar o registro para o ano que vem: Anica, não seja monga.

Ok, registrado, vamos para os filmes de fevereiro.

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Ayoade on Ayoade (Richard Ayoade)

onay(Antes que alguém pergunte: sim, é o Moss do IT Crowd)

Aproveitando que finalmente O Duplo está chegando aos cinemas do Brasil (vão ver, é muito bom!), me parece um bom momento para comentar sobre Ayoade on Ayoade, de Richard Ayoade. Ao ficar sabendo que o livro consiste basicamente em um diretor de cinema se entrevistando, não tenho dúvidas que você deve pensar que as definições de punheta foram atualizadas.

Mas calma. É o Ayoade. Em mais de 300 páginas ele consegue falar muito mais de cinema (e cultura pop) do que sobre si mesmo – até porque, como responde em determinado momento, tudo o que está dito ali sobre ele é mentira (ou, talvez usando um termo mais apropriado, ficção).

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Por Lugares Incríveis (Jennifer Niven)

porlugaresVou confessar uma coisa: embora eu viva dizendo que não tenho preconceitos sobre YA, que tenho 30 e poucos mas leio merrrmo, que adoro e me divirto horrores e etc. etc. etc., a verdade é que eu andava meio sem paciência para esse tipo de livro. Pegando minha lista de leituras do ano passado, fora Isla and the Happily Ever After que achei fofo, o resto (do pouco) que li variou do mais ou menos para o simplesmente ruim. Então comecei a achar que eu que estava ficando crica, que logo ia virar aquele tipo chato que diz que não lê bestseller e só lê clássicos (seria uma recaída, eu já fui assim, haha), mas Por Lugares Incríveis de Jennifer Niven chegou para me salvar. Ufa.

Lançado por aqui pela Seguinte, o livro entrou no meu radar por causa da capa (essa que ilustra o post). É, a capa. Achei tão colorida, tão linda, e aqueles bloquinhos do kit pequeno engenheiro, que nostálgico! Enfim, parecia cute, e depois da paulada que foi The First Bad Man eu estava precisando de algo assim e lá fui eu.

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Oscar 2015: O dia seguinte

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E aqui estou eu com minha canequinha de café para comentar o que aconteceu ontem na cerimônia de entrega do Oscar. Foi dormir cedo? É, tem momentos que eu também acho que deveria ter ido, mas já são o quê? 20 anos acordando zureta na segunda-feira seguinte, eu acho que é o tipo de coisa que vou fazer mesmo depois de velha (e aí meus netinhos vão dizer “Vó, você tá vendo o Troféu Imprensa, vai dormir, vó“).

Enfim. Nenhuma graaaaande surpresa, se você pegar os vencedores dos prêmios dos sindicatos já tinha lá uma tendência a dar isso mesmo. Eu só acho que não tinha feito as contas direito, porque achava que Boyhood iria um pouco melhor (foi o tchibum da noite: o mais indicado, voltando só com o Oscar de atriz coadjuvante da Patricia Arquette).

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Esquenta para o Oscar 2015

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Seguindo a tradição, vale lembrar que amanhã é noite de Oscar! Com apresentação de Neil Patrick Harris (e um monte de apresentações musicais, aposto), a transmissão está prevista para começar às 23:45 na Globo (sim, aquela velha história, não dá para tirar uns poucos minutos de Faustão, Fantástico e BBB para passar toda a cerimônia dane-se quem gosta de acompanhar e só pode ver pela tv aberta). Para quem tem tv a cabo, na TNT a previsão é de que a transmissão comece às 20:30.

E agora alguns links relacionados:

Guia para seu Bolão do Oscar, lá no Vida Ordinária

Palpitando o Oscar 2015, por Ana Maria Bahiana

Também da Ana Maria Bahiana, um artigo no Blog da Companhia: O prêmio, essa força estranha

As 10 pessoas que mais receberam agradecimentos no Oscar (para surpresa geral, Harvey Weinstein está em segundo)

Oscars Bingo!, no Guardian

E continuando os joguinhos, o Guardian também tem esse: You don’t know Oscar

O Hollywood Reporter publicou como no ano passado entrevistas “brutalmente honestas” com membros da academia comentando seus votos. Tem aqui parte 1, 2, 3, 4, 5.

E quando você terminar de ler esses artigos, vai achar que o Oscar é decidido desse jeito.

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The First Bad Man (Miranda July)

TFBM_book__together_01_02Lançado em janeiro deste ano lá fora, The First Bad Man é o primeiro romance de Miranda July. Ênfase para romance, ela já publicou outros livos, um deles o ótimo O Escolhido Foi Você (que chegou por aqui pela Companhia das Letras). Somando aí os filmes, dá para dizer que ela é uma artista multimídia com uma grande bagagem e muitos fãs, mas eu (vergonhosamente) ainda conheço só esses dois trabalhos dela (nem os filmes eu vi, gente, socorro). Então o que for comentar aqui é meio que baseado só nisso, hmkay?

O fato é que eu notei uma semelhança grande na forma de desenvolver a história nessas duas obras, por mais que O Escolhido Foi Você não seja ficção. Duh, sim, óbvio, é a mesma autora, Anica. Calma, já explico. Quando você compara The First Bad Man com O Escolhido Foi Você dá para perceber que Miranda July não tem lá muita pressa de chegar onde realmente interessa. Para quem já leu o Escolhido, vale lembrar: páginas e páginas com boas histórias sobre os vendedores do PennySaver, para finalmente chegar na do velhinho que a tocou de tal maneira que ela até quer incluí-lo no filme que estava fazendo. Não que as outras histórias não fossem boas ou não estivessem conectadas ao encontro em questão. É só que o livro pareceu se transformar e ganhar uma força enorme a partir dali.

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Trigger Warning: Short Fictions and Disturbances (Neil Gaiman)

Ler Trigger Warning (coletânea de contos e poemas de Neil Gaiman que saiu recentemente lá fora) é um pouco como reencontrar um velho amigo querido. Ok, um velho amigo querido, mas que provavelmente tem uma mania chata que 10 minutos após o reencontro te faz lembrar porque, no final das contas, você não retornou aquela ligação ou deixou a coisa no “vamos marcar!” sem nunca marcar nada.

Não entenda mal, não é que o livro seja ruim. É só que por conta de alguns textos fica um tanto irregular. Eu entendo o que Gaiman fala logo na Introdução sobre o conto ser o lugar onde o autor pode experimentar mais, o negócio é que em uma coletânea supostamente houve uma seleção e o que sai ali pode ser resultado de experimentos, mas suponho que sejam os melhores resultados. Não é o caso. Tem coisa ali que eu teria definitivamente deixado de fora, mesmo que o livro ficasse um tanto menor do que as 350 páginas da edição gringa.

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Dois Lados do Amor (The Disappearance of Eleanor Rigby)

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Se tem algo que eu adoro em literatura é quando o autor se dá ao trabalho de explorar diferentes pontos de vista para a mesma situação. De como uma história pode ser outra completamente diferente dependendo de quem conta. E foi por ter a oportunidade de ver esse exercício repetido no cinema que fiquei tão empolgada quando fiquei sabendo sobre The Disappearance of Eleanor Rigby (que no Brasil passou no Festival do Rio com a horrenda tradução ‘Dois Lados do Amor‘).

É um projeto audacioso: um filme mostrando a visão do homem, outro mostrando a da mulher e finalmente um terceiro que mescle essas duas versões. Não sei bem por qual motivo, achei que seria uma história típica montada do começo do relacionamento até o fim, mas não é bem por aí: os filmes abordam o modo como Connor (James McAvoy) e Eleanor (Jessica Chastain) lidam com a perda do filho.

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Janeiro é o mais cruel dos meses (Ou Filmes que vi em janeiro)

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Quicksilver também aprovou.

Mentira, nem é não. Melhor época para quem gosta de cinema. Por causa da temporada de premiação, o pequeno pirata mirim pode fazer a festa sem ter que ficar frustrado porque os multiplexes da sua cidade quase que só passam filme para a gurizada de férias (e dublados ¬¬). E tem o Netflix também, que está sendo bem esperto e investindo um bocado em filmes que por aqui quase que foram lançados direto em (dvd? blu-ray? a locadora aqui de perto de casa fechou, nem sei mais o que as locadoras alugam).

Enfim, foi um ótimo mês. E tanta coisa boa, que aí você até entra naquelas de sempre COOOOOMO NÃO FOI INDICAAAAADO PARA O OOOOOOSCAAAAR? e tudo o mais. E sim, você já deve ter adivinhado: post com comentários rápidos sobre o que assisti agora em janeiro.

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