Agora no fim do ano bateu uma preguiça e um cansaço de tudo, então acho que vou acabar fechando minhas listas de favoritos mais cedo. Por causa da pandemia eu achava que teríamos em 2020 um problema parecido com o da greve dos roteiristas – que pela impossibilidade de gravar novos episódios teríamos um monte de reprise e pouca coisa nova – mas não foi o caso.
Das que eu acompanhava deu para perceber um corte em número de episódios, e acho que só uma não teve temporada nova lançada (Younger, minha novelinha de mercado editorial favorita, mas assisti Romance is a Bonus Book e meio que deu para matar saudades?). Resumindo: Mais um ano que eu não dou conta de ver tudo o que sai por aí, há.
2020 foi também o ano em que acabaram duas das minhas séries favoritas, Bojack Horseman e The Good Place. O encerramento das duas foi perfeito, e de vez em quando eu me pego voltando para alguns episódios, algumas falas, alguns momentos. No meio de tanta coisa que a gente vê sabendo que passada a febre do lançamento provavelmente ninguém mais comentará, é bom saber que por uma série de fatores eu acabei apostando em coisas tão legais, que seguirão comigo.
Das que eu já acompanho, What We Do in the Shadows continua excelente. The Boys eu achei que deu uma ligeira caída, mas a personagem interpretada pela Aya Cash ( <3 ) rendeu os melhores momentos. Doom Patrol deu uma piorada grande, muito episódio eu acabei assistindo mais porque com a pandemia a temporada foi mais curta e então eu pensava “ok, falta pouco”. Não sei se volto para a terceira.
E chegamos então ao top5 das novidades de 2020. Eu acho que a maior parte dos títulos da lista são minisséries ou antologias, algumas não chegaram a ganhar o sinal verde para a segunda temporada ainda. Enfim, é uma lista esquisita para um ano esquisito. Fora de ordem, pense que se chegou aqui é porque gostei tudo igual.
High Fidelity: Cheguei a falar dela aqui no bró, então não é surpresa aparecer no top5 do ano. Quando escrevi sobre a série, comentei que não sabia se teria nova temporada, mas achava que o desfecho era satisfatório e que até torcia para que ela encerrasse só com uma temporada mesmo. E mesmo tendo dito isso, fiquei meio chateada com a notícia do cancelamento. Ainda que a história da Rob estivesse amarrada, dava para explorar as das outras personagens? Sei lá, sensação de que não é sempre que dá para juntar tanta gente legal em um projeto bacana assim, e que é uma oportunidade perdida não tentar algo mais.
Normal People: Quando saiu o primeiro livro da Sally Rooney (Conversas entre amigos) eu fui do grupo “Ei, é bom, mas não entendi o barulho todo”. Aí saiu Pessoas Normais e eu adorei, tanto que quando anunciaram a adaptação fui correndo conferir. Eu acho que se fica algum porém sobre a minissérie é mais sobre o passado da Marianne – porque quando mudamos para a fase adulta, algumas coisas ficam parecendo superficiais demais, aquele “mas por que diabos vocês não ficam logo juntos?”, quando no livro não são. A começar pelo abuso que ela sofria em casa, que repercutia na imagem que fazia de si. Mas não foi nada que tenha estragado a série para mim, inclusive os atores que fazem a Marianne e o Connell são ótimos e quero vê-los em muito mais coisa daqui para frente (mas ao contrário de High Fidelity, não, não acho que tenha mais o que explorar ali, acabou, já deu).
The Great: Que série espetacular! Eu quero rever, porque é linda, linda demais. E tão divertida, e tão atual. É até assustador, porque na realidade a série é uma adaptação de uma peça de teatro de mais de dez anos, mas fala tanto, tanto sobre o que estamos vivendo agora. Eu assisti em maio, no meio da pandemia – imagina como foi chegar ao episódio sobre a varíola. E tem o visual, que é um negócio acima da média. Algumas cenas parecem pinturas em movimento, mesmo quando Catherine aparece com um vestido rosa meio anacrônico (e lindíssimo, haha), tudo parece contribuir para a ideia de um quadro em uma galeria. Enfim, boa demais, se você não viu ainda deveria ver. E tem o Voltaire, minha paixão platônica da oitava série <3
A Maldição da Mansão Bly: Era o Mike Flanagan, era adaptação de A Outra Volta do Parafuso, não tinha como dar errado. Eu sei que a reclamação número um de quem assistiu A Maldição da Residência Hill e depois a da Mansão Bly é que a segunda é menos assustadora. De fato, como diz uma personagem, é uma história de amor, não uma história de fantasmas. Mas isso não tira o brilho do projeto, ainda mais se você pensar que, como quase todo fantasma dos filmes do Flanagan, eles aparecem quando você ainda nem tem ideia de que o lugar é assombrado. Eu só sei que comecei a ver pelo susto e nos minutos finais estava chorando de nem conseguir disfarçar. Por mim a Netflix que continue botando dinheiro nos projetos do Flanagan, para ele trazer mais e mais casas assombradas para nós.
The Morning Show: Que série tensa, é aquele tipo que você engata um episódio no outro porque está realmente curiosa para saber no que vai dar. E é legal porque as personagens não são maniqueístas, não é aquela coisa de bem contra o mal. Jennifer Aniston está ótima, e acho que nela que vemos maior complexidade – a tentativa de se manter relevante dentro de uma indústria em que mulheres nunca têm qualquer poder de fato. São mil reviravoltas e muita trairagem, com personagens surpreendendo mesmo quando você já está quase no final da temporada. E agora com toda essa história das denúncias contra o Marcius Melhem, eu acho que fica ainda mais evidente que quando você pensa “etaaa, pesaram a mão, não há de ser assim na vida real”, bem, às vezes pode ser pior.
E é isso. Acabei de notar o padrão das minhas favoritas que são todas com mulheres como protagonistas. Não foi de propósito. Inclusive ia colocar Run na lista, mas ainda tenho sentimentos meio contraditórios sobre Run, porque o primeiro capítulo foi perfeito, e eu gostei do final, mas teve muita embromation no meio que me faz pensar que talvez devesse ser filme, e não série.