iZombie

izombieEu poderia estar com Better Call Saul em dia, poderia ter terminado a primeira temporada de Constantine e começado a segunda de Hemlock Grove, mas aqui estou eu, conferindo mais uma série de zumbis. E sabe, dois episódios ainda não bastam para afirmar com toda certeza, mas o negócio é que eu curti o que vi até agora.

Criada por Rob Thomas (não o do Matchbox 20, o da série Veronica Mars) iZombie é basicamente um mexidão do que se tem na tv atualmente. Sabe, como se as séries mais populares tivessem todas se unido e formando um megazord ou coisa assim. É baseada em HQ, passa na CW, envolve investigações e “o caso do dia”, tem humor, tem drama, tem casal para shippar e sim, o óbvio, tem zumbi. Não vou ficar surpresa se de repente do nada aparecer um dragão na tela. Na falta de tempo para ver de tudo, de repente investir em iZombie pode ter sido uma boa escolha.

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Station Eleven (Emily St. John Mandel)

Apesar de todo o barulho sobre Station Eleven, eu tinha lá um certo pé atrás com o título. Futuro pós-apocalíptico? DE NOVO? Séééério? Por isso nunca engrenava muito além dos primeiros parágrafos, descrevendo uma apresentação de Rei Lear no que eu imaginava já ser esse futuro. Mas quando finalmente engatei a leitura, só pela quebra de expectativas a Emily St. John Mandel já conquistou minha confiança para seguir em frente até o fim.

Acontece que a tal da apresentação se passa no que seriam os dias de hoje, é anterior ao evento que praticamente apaga a humanidade do mapa. Um ator famoso sofre um ataque cardíaco enquanto encenava Rei Lear, é acudido por um cara obviamente meio perdido na vida (mas que naquele momento decide que quer ser paramédico) chamado Jeevan. Está seguindo tudo dentro do esperado, nada demais, mesmo que o ponto de partida não seja como dos outros livros – até que no capítulo seguinte, quando após o brinde ao ator falecido feito por membros da companhia de teatro vem esta frase:

“Of all of them there at the bar that night, the bartender was the one who survived the longest. He died three weeks later on the road out of the city.”

PAM, PAM, PAAAAAM!! (Insira aqui a imagem do “That escalated quickly“). Então que fique claro desde já: essas frases com pequenas noções das proporções assustadoras da nova realidade vivida pelas personagens é uma constante durante todo o romance. St. John Mandel poderia se demorar descrevendo todo um cenário de fim do mundo, como livros no estilo costumam fazer. Mas ela economiza nesse ponto, deixa o leitor criar uma falsa sensação de segurança, de “nem é tão ruim assim” para então chegar com um punhado de frases como essas que servem quase como uma marretada e nos colocam de novo nos eixos: nada mais é como costumava ser.

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Dias de abandono (Elena Ferrante)

Capa da edição brasileira

(ATUALIZADO 15/07/2016: Esqueci completamente de editar aqui quando chegou a tradução no Brasil (pela Biblioteca Azul, assim como os outros livros da autora). Vou colocar no post a capa da edição brasileira, até porque caramba, que capa linda. Como não li a tradução, as citações permanecem em inglês.)

Antes de começar a falar sobre The Days of Abandonment acho que cabe falar um pouco sobre a autora, a italiana Elena Ferrante. Ainda um pouco fora do radar dos leitores brasileiros (o que é justificável, já que ainda não há tradução de seus livros por aqui), lá fora ela já conseguiu inclusive um espaço de respeito até mesmo na crítica anglófona (não sei para vocês, mas para mim um escritor de língua latina ganhando espaço por lá ainda é algo meio raro).

De qualquer forma, o que mais se fala sobre Ferrante é que ninguém sabe quem é Elena Ferrante. Palpites aqui e acolá, mas nada definitivo. Reza a lenda que no início da carreira ela já chegou dizendo para a editora que não participaria de qualquer evento de publicidade relacionado ao livro:

“I’ve already done enough for this long story: I’ve written it. (…) If the book is worth something, it should be enough. I will not participate in debates and conferences, if I am invited. I will not go to accept prizes, if I am given any. I will never promote the book, above all on television, in Italy or, should the need arise, abroad. I will only participate through writing, but I will also try to keep this to the bare minimum.”

O que não deixa de ser um tico presunçoso, eu sei, mas ao mesmo tempo não dá para deixar de pensar que ela tem razão. E que bom que ela pode se dar ao luxo de continuar escrevendo e sendo publicada e traduzida sem ter que investir em publicidade, embora vá lá, a própria reclusão acaba virando um tipo de propaganda, caso contrário eu não teria gastado quase 300 palavras só para comentar sobre a autora.

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Suíte em quatro movimentos (Ali Smith)

Não sou pessoa do tipo que acredita em magia. Mas acho que livros têm, em alguns casos, um poder de encantamento, quase um feitiço. Poderia dizer que isso se dá pela escolha das palavras, pelo ritmo – mas aí no caso das traduções, o efeito acabaria, não? Então não é isso. Só sei que vez ou outra cai um livro em minhas mãos e penso “Ok, esse é diferente”. É quando você se envolve de tal maneira com a leitura que nem percebe o tempo passar. Quando nada do “mundo de fora” parece te distrair, quando você quer logo voltar para dentro daquele mundo tão logo o abandona para executar as tarefas mais triviais (como, ahn, comer e dormir).

Com Suíte em quatro movimentos de Ali Smith foi assim – e tenho certeza que eu não fui a única a ficar encantada. Conheço pelo menos mais duas pessoas que falaram sobre terem lido a primeira e a segunda parte de um dia para o outro (o que é uma porção considerável do livro).

E aí quem chega aqui pensa “Mas nossa, deve ser uma história extraordinária certeza que eu vou amar também!” e beeeeem, não é por aí. Não acho que seja o tipo de leitura que agradará todo tipo de leitor porque, apesar do inusitado do enredo – em um jantar um convidado sobe e se tranca no quarto de hóspedes, se recusando a sair- é um daqueles livros que muita gente reclamaria que não gostou porque “nada acontece”.

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Touch (Claire North)

(Mesmo sendo desnecessário dizer que muito do meu julgamento sobre esse livro pode ter sido afetado pela (altíssima) expectativa, deixarei registrado aqui porque com o tempo costumamos esquecer o contexto da leitura.)

Então que um dos meus livros favoritos do ano passado foi The First Fifteen Lives of Harry August, de Claire North. Mas assim, favoritão mesmo, de virar a chata que fica indicando para todo mundo e ansiosa para que terminem logo para perguntar o que acharam do livro. É bom, é muito bom. Estou errada em achar que a autora poderia entregar algo no mesmo nível, ainda mais não sendo iniciante?

E o triste é que Touch não passa nem perto de Harry August. A começar que a premissa não é exatamente original: essa ideia de ‘fantasmas’1 que tocam uma pessoa e passam a habitar o corpo dela eu já vi em várias histórias, com variações aqui e acolá (lembram de Possuídos, o cara cantando Time is on my side?). Piora o fato de que o conjunto de eventos para colocar a trama em movimento é forçadíssima: Kepler, o ‘fantasma’ que conta a história, quer saber quem mandou assassiná-lo e por que também mataram a mulher que ele estava hospedando no momento. Pensa numa história com fugas, investigações pela Europa, uma organização secreta. Enfim, é um mexidão de ação.

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  1. vou usar o termo entre aspas porque para o livro eles não são exatamente os fantasmas como os da nossa cultura, vagando por aí depois de mortos. Eles habitam corpos de pessoas vivas, abandonam quando não tem mais interesse para ocupar o de outra pessoa 

Como ser mulher (Caitlin Moran)

(Atrasei o post para o dia 08/03 de propósito, há.)

Então que eu tinha me apaixonado por How To Build a Girl da Caitlin Moran e resolvi não me enrolar muito para ler o How To Be a Woman, que chegou aqui no Brasil em 2012 pela Paralela (Companhia das Letras) com o título Como ser mulher.1 Comecei a ler e senti um certo déjà vu: a chegada à adolescência de uma garota que vivia em uma família enorme e de baixa renda, que passava longe dos padrões de beleza típicos e estava desesperada para ter suas primeiras experiências sentimentais/sexuais. Ou seja: How to Build a Girl pode ser um romance, mas tem MUITA coisa da vida da Moran ali.

Tanta que ler Como ser mulher poderia ser até um pouco de desperdício de tempo, não fosse a estrutura do livro: apresentação de uma anedota do passado da autora para então passar a discutir o tema de um modo mais geral, enfatizando a abordagem feminista de diversos momentos que qualquer mulher atravessou da adolescência à fase adulta – mudanças no corpo, menstruação, primeiro beijo, primeira vez, gravidez, etc.

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  1. Ignoro o subtítulo que ganhou no Brasil. E fiquei curiosa aqui sobre o que fez com que a tradução perdesse aquele ‘uma’ 

O Mês da Marmota (Ou: o que assisti em fevereiro)

Tinha muitas esperanças de ver todos os filmes do Oscar, ou pelo menos os principais, mas aí dei de cara com a dura realidade: não tenho saco nem tempo para isso. Por exemplo: toda vez que ia colocar American Sniper, pensava em como tenho uma má vontade tremenda com filmes de guerra pós-11 de setembro e ok, com o Bradley Cooper, e aí acabaria assistindo só para falar mal. Perda de tempo.

E o pior é que aí nessas de tentar seguir a promessa relacionada ao Oscar, quase não vi nada, há. Então vou deixar o registro para o ano que vem: Anica, não seja monga.

Ok, registrado, vamos para os filmes de fevereiro.

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