Se eu Ficar (Gayle Forman)

if-i-stayEu tenho certeza que o Book Riot fez uma lista semelhante, mas semana passada vi uma lista no BuzzFeed com 14 livros para ler antes que chegassem às telonas, e alguns títulos chamaram minha atenção, mais especificamente os três últimos: If I Stay, The Spectacular Now e Reconstructing Amelia. Ok, kindle carregado, vamos lá. Comecei por If I Stay, não sei bem por qual razão. Escrito por Gayle Forman e publicado lá fora em 2009, ele chegou aqui no Brasil no mesmo ano pela editora Rocco, com o título Se eu Ficar. A adaptação para o cinema ainda está naquele limbo de pré-produção, com mais rumores do que notícias, sabe como é. Entre os tais rumores, há o de que a Hit Girl Chloë Grace Moretz interpretará a protagonista, e até que o brasileiro Heitor Dhalia (de O Cheiro do Ralo) assumiria a direção, que no momento está por conta de R. J. Cutler, de quem nunca ouvi falar mas o IMDb diz que dirigiu alguns episódios de Nashville (que eu também nunca vi, há!). Enfim, se você quer ler “antes que chegue às telonas”, pode ficar tranquilo que antes de 2014 não chega, não.

Então, sobre o livro. Se eu ficar conta a história de Mia, uma adolescente de dezessete anos que sofreu um acidente de carro bem feio com sua família. Ela está em coma e passa por uma daquelas experiências fora do corpo, viagem astral, projeção de consciência ou seja lá como chamam isso. Enfim, ela vê o corpo dela lá, todo entubado. Vê as pessoas conversando com ela, e aos poucos vai percebendo que ela terá que tomar uma decisão: a de viver (ou seja, “ficar”, sacou o título, ahn, ahn?) ou desistir e morrer. Aos poucos vão aparecendo os argumentos para cada uma das opções, que é o que de forma segura a atenção do leitor até o fim da narrativa: o que aconteceu com sua família? Como o namorado Adam reagirá ao acidente?, etc.

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Love Is a Mix Tape: Life and Loss, One Song at a Time (Rob Sheffield)

LADO A

Muito embora meu contato com música no último ano seja mais Interpol/Paul Banks em eterno repeat no player, a verdade é que gosto de música. Muito. Cresci em uma família de pessoas apaixonadas por música, durante um bom período da minha adolescência música era o que movia meus dias e portanto eu sei bem o que Rob Sheffield quer dizer quando comenta sobre nossa capacidade de conversar através da música em sua autobiografia Love is a Mix Tape: Life and Loss, One Song at a Time, publicado em janeiro de 2007 nos Estados Unidos e, pelo menos após uma rápida googlada, aparentemente sem tradução no Brasil (ainda). Mais do que nos ajudar a falar, a música também tem outra característica (também reconhecida por Sheffield e muito, muito apreciada por mim) de permitir viagens no tempo. Toca Bitter Sweet Symphony e lá estou eu, caminhando pelos corredores da PUC. Escuto Love Me Do e estou em uma viagem de carro com a família quando ainda era criança. Toca Qualquer coisa e tenho quinze anos e estou voltando do colégio com minha amiga e juntas cantamos a música bem alto. E por aí vai. Não tem a ver com o ano de lançamento da canção, mas com o momento em que você conheceu a canção. Quem estava com você. O que você estava fazendo. Quem te apresentou. Quem ouvia muito com você.

E Love is a Mix Tape toma emprestada essa característica da música para que o autor resgate as lembranças do tempo em que conheceu e viveu com sua esposa, Renée Crist. Ambos eram jovens recém-formados e obcecados por música (e mix tapes, é óbvio), casaram cedo mas, infelizmente, tiveram apenas cinco anos para compartilharem essa paixão. Renée faleceu em maio de 1997, vítima de embolia pulmonar.1

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  1. Sei que isso parece ser um spoiler, mas lembrem, é uma autobiografia centrada justamente na morte de Renée. Tem coisas que não tem como não dizer, mas de qualquer forma, comento um pouco mais sobre isso um pouco para frente 

Black Books

Eu sei que o esqueminha de sugestões do Netflix normalmente não funciona (ou você acha que um perfil assim surgiu por nada?), mas logo que acabei The IT Crowd sugeriram Black Books, também uma série cômica britânica. E vendo a premissa básica (o dia a dia de um dono de uma loja de livros super mal humorado), meu lado book nerd falou mais alto e lá fui eu conferir. Criada por Dylan Moran (que também interpreta o protagonista Bernard Black) e por Graham Linehan (um dos nomes por trás de The IT Crowd), a série foi ao ar em 2000 e terminou em 2004, com um total de três temporadas, com seis episódios de cerca de 25 minutos cada.

Confesso que achei os dois primeiros episódios engraçadinhos, mas não via muito bem onde aquilo poderia parar. Neles são apresentados além de Bernard os outros dois personagens principais, Manny Bianco (um contador que um dia surta e passa a trabalhar para Black) e Fran Katzenjammer, dona da loja ao lado da Black Books. Hmkay, nada espetacular, fui para o terceiro por pura teimosia. E aí que começou a ficar bom, “Grapes of Wrath” é simplesmente hilário.

O negócio é que como quase sempre acontece em sitcoms, Black Books não nos prende por causa de algum segredo não revelado ou uma trama elaboradíssima: é porque vamos nos apegando às personagens, começando a prever reações e, no caso dessa série em específico, saber que o negócio é realmente esperar o inesperado. O estilo de humor é completamente nonsense, com mini-bares embaixo de mesas de restaurantes até um funcionário sendo contratado por uma empresa e quase chegar em cargo de gerência sem ter a menor ideia do que tinha que fazer lá. Ah, sim, ao contrário do que se imagina, não é o mundinho literário que é o principal foco de zoação, mas simplesmente o cotidiano em uma cidade grande.

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Liberal Arts

Jesse (Ted Mosby Josh Radnor) está ali na casa dos trinta e poucos, aquele momento em que os sonhos da adolescência deveriam estar se concretizando, mas a realidade mostra que não é algo assim tão fácil. Seu diploma em língua inglesa não lhe rendeu o futuro cheio de conversas com pessoas que amassem os livros como ele, não há nem sinal de um relacionamento estável em sua vida (pelo contrário, acabou de tomar um fora) e seu emprego não parece lá muito interessante. É quando ele recebe uma ligação de um antigo professor da faculdade, o convidando para um jantar onde seria homenageado já que está se aposentando. Jesse prontamente aceita o convite e seu retorno à pequena faculdade de artes no Ohio acaba trazendo aquela óbvia nostalgia de um tempo em que tudo parecia possível.

Com este plot parece que o público do filme Liberal Arts (dirigido por Josh Radnor) se restringiria a pessoas na mesma faixa etária do protagonista, mas o fato é que chegando em sua alma mater Jesse conhece (e se encanta por) Zibby, uma adolescente de dezenove anos que está justamente vivendo o período do qual ele sente tanta saudades. Zibby surge um  pouco como a representação de tudo que ficou em Ohio assim que ele se graduou, aquela avidez por novas experiências e ao mesmo tempo uma certa inocência sobre o que está por vir. Sim, ela também é uma manic pixie dream girl (aparentemente todo cara na casa dos trinta e poucos sonha com uma guria assim), mas vá lá, deixando de lado a birra pelo que já é um clichê do cinema atual, a personagem é até bem interessante, rendendo bons diálogos ao longo da história.

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