Eu falo bastante da semelhança entre a obra do Joe Hill e do Neil Gaiman, eu sei. Mas ler NOS4A2 (o mais recente livro do autor, ainda sem tradução no Brasil) logo depois de O Oceano no Fim do Caminho e não estabelecer uma relação entre os dois é praticamente impossível. Não que o Joe Hill vá te fazer chorar copiosamente como Neil Gaiman fez, mas parte do horror construído em seu novo romance tem como base a mesma ideia do livro de Gaiman, de ser criança e se ver sozinho em uma situação difícil, principalmente porque os adultos que deveriam apoiá-lo (ou ainda, protegê-lo) não acreditam em você, ou estão preocupados demais com suas próprias vidas para perceber o que está se passando com você. O efeito causado por esse tipo de situação é interessante porque, mesmo falando de fantasmas, vampiros e assassinos seriais, ainda assim o que mais assusta não é a ficção, mas a realidade.
De qualquer modo, comparações ficando de lado, vamos ao NOS4A2 (pronuncia-se “nosforatchu” ou, como é a intenção do dono do carro que apresenta esta placa, “nosferatu”). Eu me enrolei um pouco para começá-lo (saiu no final de abril lá fora) porque as 700 páginas me desanimavam um tanto. Calma, não é preguiça de ler livro grande. É só que eu estava achando que o Hill acabaria pegando uma mania chata do pai dele de escrever livros desnecessariamente prolixos, que estragam muito o clima do horror. Não vou dizer que não exista um tico de “gordura” em NOS4A2 (aquelas divagações de personagens secundárias que te fazem rolar os olhos e pensar em pular algumas páginas, por exemplo), mas logo entendi o motivo para o tamanho do livro: ele segue a história de Vic “The Brat” McQueen desde a infância, quando descobre que tem um dom especial para “encontrar” objetos perdidos.
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