Nesta versão, o motivo que faz os cinco jovens se isolarem em uma cabana em uma floresta é que Mia está tentando se livrar das drogas. Para tal, ela chama o irmão (que vem com a namorada) e mais um casal de amigos, que tentarão ajudá-la. Falem o que quiser dessa trama, mas achei que aqui houve um acerto em comparação ao original: quando Mia começa a aloprar por causa do cold turkey, a amiga avisa o irmão da garota que ela já tinha feito uma tentativa anterior e que não deu certo, e que agora era o tudo ou nada e ela não poderia voltar para casa mesmo que pedisse. Pronto, está aí a explicação de porque mesmo com a garota bem loca ainda assim eles não pegavam as tralhas e voltavam para casa.
No meio da alopração da personagem, eles encontram o livro do mal (cabiiiiiiiiin in the woods), liberam o demônio (cabiiiiiiiiin in the woods) que precisa de cinco almas para iniciar o fim do mundo (cabiiiiiiin in the woods). Tá. Parei. Mas só para deixar claro, eu não fui a única pessoa que não parava de pensar em The Cabin in the Woods enquanto assistia ao filme, está aqui um tópico no IMDb que não me deixa mentir. Enfim, não precisa muito para antecipar que o demônio vai acabar possuindo Mia, certo? E é aí que a coisa começa a ficar tensa.
E por tensa eu quero dizer tensa MESMO. Daquele tipo de filme que se você está assistindo à noite e sozinho em casa, eu duvido que você não vá se encolher no sofá. Não digo nem para as cenas mais gore do filme, tipo a que Mia enfia o estilete na língua ou Olivia cortando o rosto com um pedaço de espelho, até porque nessas horas nossa vontade é de olhar pro lado ou simplesmente tapar os olhos, certo? Mas há uma combinação de elementos ali que dão muito medo. Não é nem pelo básico das portas batendo ou dos momentos em que alguém surge do nada. É até pelo que sabemos inconscientemente, que o demônio não está apenas dentro de Mia.
Das falhas: ok, como disse, o lance das drogas foi um ponto positivo. Mas não precisava do drama com o irmão. A cena perto do final envolvendo uma tentativa de ressuscitação foi simplesmente ridícula, beirando à vergonha alheia, até porque ali a tensão estava no máximo, não tinha espaço para chororô. Aliááás, chega um determinado momento em que você até se questiona sobre o quão necessário era aquele David na história. O carinha surge como um falso protagonista (a história é toda de Mia, no final das contas), cheio de problemas porque, no geral, é um covarde babaca. Não dá para simpatizar com uma criatura dessas.
Outra coisa é que não ficou bem claro para mim quais são as cinco almas que o Abomination conseguiu, porque a conta não fecha. Fui fuçar aqui e acolá e dizem que é provável que a mãe da garota do começo do filme seja uma das almas, mas de qualquer modo, se você não vai deixar isso bem explicado ou ainda, se isso se transformará em um furo no seu roteiro, por que diabos colocar um número exato de almas? Diz que o demônio precisa de almas e buenas, oras bolas.
Mas certo, aqui já é ranzinzice falando mais alto. Acho que para um filme de terror, A morte do demônio está acima da média, em diversos aspectos. E se você ainda não viu mas já assistiu The Evil Dead, sugiro que faça um real esforço para evitar comparações (até porque aí entra o fator nostalgia também, e ficaria tipo comparar o cuque feito pela vovó e um cuque de uma padaria, convenhamos).
Observações finais:
- Já encheu o saco aquela coisa de golpe certeiro no monstro seguido de um “die, bitch”.
- Para não trocar as bolas, o original é “The” Evil Dead, o remake é Evil Dead.
- Artigo bacaninha (em inglês): From Lovecraft to Evil Dead: the history of the Necronomicon.
- Caso você não tenha ficado no cinema até o final dos créditos: