A melhor sacada de Tharp foi não ter pressa de desenvolver o narrador-protagonista, Sutter Keely. Através de algumas ações que (aparentemente) nada terão a ver com o plot principal (estamos esperando a chegada da geek, lembra?), ele vai se revelando uma personagem não só (extremamente) carismática, mas também crível. Todo mundo conhece um Sutter Keely, aquele sujeito legal que se dá bem com todo mundo, está sempre feliz, consegue fazer graça de si mesmo e das situações mais constrangedoras. Enfim, estar perto dele te faz bem. Não tem a ver com inocência como alguns protagonistas de YA tipo o Charlie de As vantagens de ser invisível, é mais o modo como ele encara a vida e o modo de se relacionar com as pessoas.
Mês: julho 2013
Foras da lei barulhentos, bolhas raivosas etc. (Vários)
E então vou virando as páginas e vejo que os contos contam com ilustrações legais, que o livro mantém a proposta de levar tudo com senso de humor até quando chega lá no final, com “palavras cruzadas tremendamente difíceis” e, puxa, que vontade de ler tudo logo de uma vez. Foi o que fiz. Aí começaram as decepções. A número um foi ver que o conto de Neil Gaiman não era inédito, já foi publicado no Brasil na coletânea Coisas Frágeis, que saiu pela Conrad. O conto em questão é Pássaro-do-sol, que honestamente nem é meu favorito do Gaiman. Sobre ele falarei além, mas continuemos com minha segunda decepção: descobrir que o que tem do Snicket não é propriamente um conto, mas uma introdução (embora eu ache que possa ser lido como conto, apesar do aspecto fragmentado). Sim, é muito bem sacada e tenho certeza que falará muito bem com o público-alvo do livro, mas convenhamos, não é algo exatamente original: Neil Gaiman na introdução de Fumaça e Espelhos inclui um conto dentro da introdução, como um prêmio para os que leem introduções. Snicket faz algo parecido, e até divertido, mas eu sinceramente esperava algo diferente (embora sim, um sorriso tenha aparecido no meu rosto quando li o trecho “Socorro!” gritou o Rei da Terra dos Ursinhos. “Paul Revere está me batendo com uma caixinha feita de madeira brilhante!” Continue lendo “Foras da lei barulhentos, bolhas raivosas etc. (Vários)”
Fenômenos Paranormais (Grave Encounters)
Pule aí mais de dez anos do já conhecido processo da indústria cinematográfica, de recriar/copiar fórmulas ou ideias que deram certo buscando novos sucessos de bilheteria, e é evidente que quando chega um filme como Fenômenos Paranormais (Grave Encounters) você pensa que ele não pode oferecer mais nada de novo: oras, não basta ser um “found footage“, ainda por cima a premissa básica é de um grupo de investigadores de eventos paranormais gravando um programa para a tv em um hospital psiquiátrico abandonado. Ou seja: todos os elementos das últimas décadas do que foi criado em horror norte-americano. Mããããs… tanto blog de horror que eu acompanho falando desse filme, tive que conferir. E uou, não é que a mistura de clichês dá liga?
Antes de continuar a comentar, duas coisas: primeiro, estou falando só do primeiro filme, não vi o segundo (e ouvi falar muito mal do segundo, então…). Segundo, se for assistir, tenta seguir as condições normais de temperatura e pressão: veja sozinho e à noite. Duvido que você vá dormir tranquilo depois.
Reconstructing Amelia (Kimberly McCreight)
Mas… Embora McCreight pareça seguir cuidadosamente a cartilha do thriller-que-o-leitor-não-consegue-parar-de-ler, infelizmente ela derrapa em alguns pontos importantes da história, que fazem com que a sensação geral após a conclusão da leitura seja de que você foi enganado como leitor (ou, no mínimo, subestimado). Fosse só algumas más escolhas envolvendo a estrutura, eu ainda poderia dizer que é um livro para quem gosta mais do enredo e não se importa muito pelo modo como foi escrito. Negócio é que o próprio enredo tem lá seus problemas. E lógico que para comentá-los eu terei que falar de alguns spoilers, acredito que devidamente sinalizados, mas aí o post fica meio incompleto, então caso ainda não tenha lido o livro, o que eu posso dizer é que Reconstructing Amelia tem p* nenhuma a ver com Garota Exemplar, hmmmmkay?
NOS4A2 (Joe Hill)
De qualquer modo, comparações ficando de lado, vamos ao NOS4A2 (pronuncia-se “nosforatchu” ou, como é a intenção do dono do carro que apresenta esta placa, “nosferatu”). Eu me enrolei um pouco para começá-lo (saiu no final de abril lá fora) porque as 700 páginas me desanimavam um tanto. Calma, não é preguiça de ler livro grande. É só que eu estava achando que o Hill acabaria pegando uma mania chata do pai dele de escrever livros desnecessariamente prolixos, que estragam muito o clima do horror. Não vou dizer que não exista um tico de “gordura” em NOS4A2 (aquelas divagações de personagens secundárias que te fazem rolar os olhos e pensar em pular algumas páginas, por exemplo), mas logo entendi o motivo para o tamanho do livro: ele segue a história de Vic “The Brat” McQueen desde a infância, quando descobre que tem um dom especial para “encontrar” objetos perdidos.
A Morte do Demônio
Nesta versão, o motivo que faz os cinco jovens se isolarem em uma cabana em uma floresta é que Mia está tentando se livrar das drogas. Para tal, ela chama o irmão (que vem com a namorada) e mais um casal de amigos, que tentarão ajudá-la. Falem o que quiser dessa trama, mas achei que aqui houve um acerto em comparação ao original: quando Mia começa a aloprar por causa do cold turkey, a amiga avisa o irmão da garota que ela já tinha feito uma tentativa anterior e que não deu certo, e que agora era o tudo ou nada e ela não poderia voltar para casa mesmo que pedisse. Pronto, está aí a explicação de porque mesmo com a garota bem loca ainda assim eles não pegavam as tralhas e voltavam para casa.
O Segredo da Cabana
Eis que nos primeiros minutos…. AHNNNN?? Sério que estão apresentando os cinco esteriótipos típicos de qualquer filme com adolescentes/jovens no cinema? Piadinhas com maconha, meninas pagando calcinha nos primeiros minutos? E isso era para ser uma reinvenção? Olha lá, olha lá! Tem até o tiozão sinistro do posto de gasolina no meio do nada falando qualquer coisa que é para deixar o pessoal com medo do lugar para onde eles estão indo! Clichezãoooo! Já estava achando que tinha sido enganada pelos sites de cinema que costumo ler quando a história paralela, em uma espécie de laboratório-quartel-seja-lá-o-que-for, começa uma reviravolta que fez de O Segredo da Cabana um ótimo filme (e tive que concordar com o que eu tinha lido sobre ele). Atenção, spoilers a partir daqui (e é um filme que vale a pena ver sem saber muito sobre ele, vai por mim).
Os (não) casais favoritos
Eu não vou entrar nos méritos de definições e afins, tenho certeza que já falaram muito sobre shipping por aí (se você não faz ideia do que estou falando, pula na wiki e depois volta para cá). A questão é que de uns tempos para cá percebi o quanto eu sou azarada nessa coisa de shippar. Tão azarada que dia desses, ao perceber que mais uma vez torcia por um casal que nunca ficaria junto, até cantarolei no twitter:
O que acho engraçado é que isso não acontece tanto com filmes ou livros, meu lado noveleira só fala mais alto quando estou assistindo séries (e quando eu era mais nova, com o X-Men, hehe). Pensando aqui, acho que desde Brenda e Dylan em Barrados no Baile, minha torcida nunca deu certo. NUNCA. E nem é só questão de dois personagens que eu achava que tinham algo a ver nunca ficarem juntos, porque até quando finalmente engatavam um relacionamento, acontecia algo e pans, eles se separavam/morriam/insira aqui um outro final infeliz. Quer ver como sou pé frio? Está aí o meu top5 que não me deixa mentir.
Trilogia Jogos Vorazes (Suzanne Collins)
Então que há tempos toda vez que vou mencionar Jogos Vorazes eu lembro que não coloquei os posts que publiquei no Meia Palavra aqui no Hellfire, tenho só meus comentários sobre o filme. Eu li os livros entre fevereiro e março do ano passado, daquele jeito meio imerso que depois dá até uma ressaca literária depois. No Meia escrevi separadamente sobre cada um deles, mas convenhamos, sendo isso aqui só uma republicação, não vejo motivo para separar em três posts. Portanto senta que lá vem história, porque aqui vou falar de Jogos Vorazes, Em chamas e A Esperança.
JOGOS VORAZES
Confesso que comecei a ler Jogos Vorazes com uma certa carga de preconceito que tenho sobre o que se publica ultimamente para o público infantojuvenil. Pensei “Lá vem mais uma história romântica com um casal improvável…”. Mas estava dando um crédito mesmo assim para o primeiro livro da série escrita por Suzanne Collins porque pessoas cujo gosto é parecido com o meu falavam muito bem do livro. Primeiras páginas, fico conhecendo Katniss Everdeen, adolescente que vive em um futuro para lá de distópico: o mundo se organiza em distritos, cada qual com sua matéria-prima principal, todos tendo que servir a Capital sem perguntas. A última vez que uma revolta aconteceu, a Capital acabou com quem ia contra seu poder e criou a partir daí os Jogos Vorazes. Continue lendo “Trilogia Jogos Vorazes (Suzanne Collins)”
Escolhas, escolhas…
Fico tão ansiosa com essa ideia de que não poderei ler tudo o que foi publicado que acabo encontrando dificuldades na hora da escolha. Quem vem primeiro na fila dos ‘n’ livros para ler? Aquele livro recomendadíssimo por um amigo com gosto similar ao seu? O outro que tem sido elogiadíssimo em várias resenhas? O novo do seu autor favorito? Qual o critério para quem não tem qualquer obrigação com a leitura? Pois é. Eu não tenho. Ou às vezes até tenho, mas são bizarríssimos ou completamente contraditórios, do tipo “Leia antes que chegue o filme” (como fiz com O lado bom da vida) e “Leia porque você gostou do filme” (como fiz com As aventuras de Pi). No final é tão aleatório que não dá para dizer que há um critério (ou um método nessa loucura, como dizia o tio Will).
O problema disso tudo é que na ansiedade, você acaba largando livros mais rápido do que normalmente abandonaria. Ou ainda, quando você não tem critério fica muito fácil começar a tender para um só tipo de leitura. Porque a gente se acomoda. Gosta de um autor em específico e aí quer ler tudo dele (oi, Gillian Flynn!), fica confortável com um determinado tipo de livro e aí basicamente só troca de autor (ou título), mas o enredo continua sempre o mesmo. E mesmo assim, a tal da ansiedade de não poder ler tudo continua, dando espaço para um sentimento que faz com que eu lembre muito de uma cena em especial do filme Quase Famosos: Continue lendo “Escolhas, escolhas…”