Então que quando vi a tradução do título, pensei que só podia ser zoação. Quando vi os trailers, ficou confirmado que sim, seria zoação mesmo. Mas como comentei em um post tem um tempo, foi justamente o fato de a adaptação ter partido para outro lado que salvou o filme. Desde o título ele já diz “Ei, não me leve à sério!” ou ainda “Olha só a tiração de sarro que estamos fazendo com filmes como Crepúsculo!” o que acaba mudando totalmente a forma de encarar a história. Continua sendo só para se divertir, e tem momentos de extrema vergonha alheia, mas o humor acaba salvando porque dá tintas de Sessão da Tarde para o que não tinha lugar nem em Cine Trash.
Para quem não sabe do que se trata: R é um zumbi que arrasta pé de lá para cá até que conhece Julie, uma humana. Ele se apaixona instantaneamente, e decide salvá-la dos outros zumbis do seu grupo. Com o tempo Julie logo percebe que R não é como os outros caras zumbis, o amor surge e pans, com ele começa o processo de dezumbificação de R. Consigo até ver uma leve metáfora de como estamos mortos sem o amor e yadda yadda yadda, além de toda uma brincadeira envolvendo o nome das personagens e Romeu e Julieta, mas convenhamos, zumbi que se cura com o poder do amor. ‘Nuff said.
Mas aí tendendo para a comédia, dá para se divertir. É óbvia a piada que faz com filmes como Crepúsculo, aliás, nada tira da minha cabeça que a escalação da Teresa Palmer para Julie não foi por acaso, já que ela é quase uma Kristen Stewart loira. Tem também a cena que mostra o momento em que R conhece Julie, com uma música romântica tocando ao fundo enquanto zumbis atacavam os humanos e Julie atirava em vários deles. A mensagem é clara: “Viram, meninas, é isso que você faz quando vê um morto-vivo”. Falando em música romântica, a trilha sonora, é bem bacana. Lamentei o fato de terem deixado de lado o que o livro tinha de melhor (na obra, Julie é apaixonada por Beatles), mas as músicas da trilha foram bem escolhidas, até o momento em que toca Patience do Guns acaba ficando legal.
Do que eu não gostei: a maquiagem, péssima. Tão, tão ruim que chega a distrair. A ideia de uma maquiagem é que não pareça maquiagem, certo? Tem uns closes na cara do R que você para e pensa “Por que diabos esse cara tá usando sombra preta?”. E acho que já que em adaptação dá para cortar algo aqui e acolá, eu deixaria de fora os ossudos – o conflito com o pai de Julie já era suficiente. Se há uma decisão de seguir para a comédia, não tinha motivo para emprestar uma falsa profundidade com mais de um antagonista.
Então assim: é engraçadinho e bobinho, como uma Sessão da Tarde mesmo. Não acho que seja imperdível nem para quem é apaixonado por filmes de zumbi como eu, mas no final das contas para mim será um daqueles raros casos em que a adaptação foi melhor do que o livro. Porém, na dúvida, nem pense duas vezes: fique só com o conto do Marion, que esse sim, é lindo e imperdível até para quem não gosta de zumbis.
ATUALIZADO (01/02/2016): Se você foi uma das ‘n’ pessoas que chegaram aqui procurando pela trilha sonora do filme ou nomes de músicas que tocaram em determinadas cenas, vou dar uma ajudinha compartilhando este link aqui: what-song-warm-bodies.
beijos, de nada.