Tweets que valem o clique (4)

E já que amanhã é feriado, vamos lá continuar com a sequência de tweets que valem o clique. Para quem chegou agora, aqui tem o primeiro, aqui o segundo e aqui o terceiro. Atualizado: sempre assim, termino de colocar o post e vem coisa nova.

Para quem acha que Sherlock é tiozão:

Para quem gostou de Miss Peregrine’s Home for Peculiar Children:

Continue lendo “Tweets que valem o clique (4)”

Sintomas (Paulo Leminski)

Leminski

– Doutor, estou sentindo uma rima terrível.

É assim que o curitibano Paulo Leminski abre o conto Sintomas, presente na deliciosa coletâneaGozo Fabuloso. Conto? Mas Leminski não era poeta? Calma, meu pequeno gafanhoto, porque essa nossa mania de rotular o sr. Leminski aplicou um golpe e nos colocou no chão.

Era poeta sim, e dos bons. Mas foi tanto mais: escreveu romance, escreveu conto. Compôs música, traduziu, escreveu ensaios. É tanto que alguma coisa acaba sempre passando batida, o que é uma pena, porque ele parecia circular muito bem em qualquer área que pedisse um punhado de linguagem misturado com criatividade. Falo de Sintomas numa escolha aleatória, porque essencial mesmo é todo o Gozo Fabuloso.

O conto é breve, um recorte. Mostra o diálogo entre paciente e médico, fazendo uma brincadeira entre a condição de ser poeta como se isso fosse um mal, uma doença. Carregado de traços autobiográficos, acaba sendo um caldo em que o escritor coloca para fora o que sente sobre ser um poeta. Não só poeta, vale lembrar. “Quando eu não agüento mais, eu faço um poema.“, diz ele em resposta ao médico sobre o que faz quando dói demais, levantando a velha questão de que é preciso ser um pouco triste para fazer poesia.

Continue lendo “Sintomas (Paulo Leminski)”

Top5: Novelas

Não, eu não vou falar de novelas da tv, até porque eu acho que a última que assisti do começo ao fim foi A Usurpadora.  Negócio é que notei que volta e meia falo sobre novela (em literatura) e aí fico sentindo falta de um linkezinho que traga uma (tentativa de) explicação sobre o que é novela e alguns exemplos disso. Então veio uma ideia de voltar para o bom e velho top5 do Hellfire, trazendo uma seleção com minhas novelas favoritas, ieiii! Ok, primeiro as (tentativas de) explicações. Normalmente as pessoas resumem toda a lenga lenga em “Novela é um texto mais longo que um conto, porém mais curto do que um romance”. Você já deve ter lido isso por aí, inclusive no Hellfire mesmo. O negócio é que é um tanto chato fazer uma definição que vá além disso, porque na realidade: 1) ninguém liga para esses detalhes, e aí todo mundo prefere dividir entre curto (conto) e longo (romance); 2) editoras e autores também não facilitam o trabalho, já que às vezes chamam de conto o que é novela, e de romance o que é novela e 3) a definição curtinha até que é boa, no final das contas.

Traçando um paralelo, romances seriam 11.

Mas tudo bem, vamos aos detalhes. Há quem diga que novela seja um texto que tenha algo entre 20 ou 40 mil palavras, o que é só uma versão com números da definição curta, se você for pensar bem. Negócio é que há concursos literários que premiam contos e novelas, e aí a diferenciação entre categorias fica justamente por conta do número de palavras, caso do Prêmio Nebula, que premia além de  roteiros, também contos, novelas, noveletas (sim, a coisa complica) e romances, levando em consideração o número de palavras. O conto, por exemplo, tem menos de 7.500 palavras, se tiver pouco mais do que isso já é noveleta. Continue lendo “Top5: Novelas”

How I Met Your Mother (S08E11 até Season Finale)

Se o grande evento é o casamento dele, então essa temporada foi…

No episódio anterior de Anica fala da oitava temporada de How I Met Your Mother

Certo, não parece muito animador. De qualquer forma, uma boa notícia: o episódio da semana que vem durará uma hora (daquele tipo “dois episódios em um”). E, segundo a notícia que eu li, uma coisa muito importante acontece. E parece que parte da equipe chorou em algumas cenas . Parece promissor. Negócio é esperar pelo dia 17, que poderá marcar o momento em que a série voltou aos trilhos.

O episódio em questão foi The Final Page (com parte 1 e 2). A coisa importante era o desenvolvimento do plano de Barney para pedir Robin em casamento, uma cena fofinha e toda nhooooum e bem legal porque brinca um pouco com a “mitologia” da série, já que o pedido envolve o famoso playbook do Barney. Mas a cena que fez parte da equipe chorar acho que foi a do Ted sozinho no final do grande evento. E cheesus, como o Ted sofreu nessa temporada – pelo menos a partir do rompimento com a Victoria. Não só por esse momento em The Final Page, mas com outros dois em episódios seguidos,  The Time Travelers (S08E20) e Romeward Bound (S08E21). Em Romeward Bound tem aquele baita xulépt que o Barney dá nele, dizendo “Eu vou casar com Robin, não você”. Aquilo foi tão seco, tão não-Barney que achei que iria repercutir de alguma forma nos episódios seguintes, mas ficou por aquilo mesmo.

Continue lendo “How I Met Your Mother (S08E11 até Season Finale)”

Not a Star and Otherwise Pandemonium (Nick Hornby)

Então que eu estava lá sofrendo minha crise de abstinência de Nick Hornby e fui fuçar nas livrarias gringas se tinha alguma novidade, o pelo menos algo que fizesse com que eu apagasse da memória o péssimo Everyone’s Reading Bastard. Acabei encontrando na Amazon não exatamente algo novo, mas pelo menos um livro que nunca tinha lido: Not a Star and Otherwise Pandemonium. Publicado em 2009 (viu, eu disse que não era novo), o livro saiu pela Riverhead Books, como parte da Penguin eSpecials. Nunca ouviu falar da Penguin eSpecials? Pois é, eu também não conhecia. Diz o site que “eSpecials são para leitores de ebooks que querem mais de um autor que já admiram”. Uou, gente, é bem o meu caso. Vem ni mim, Hornby.

O livro abre com Not a Star, um conto (ou novela, parece um pouco longo mas o fato de eu estar lendo de madrugada e com sono pode ter afetado o meu julgamento) originalmente publicado em 2000. Conta a história de uma mãe que um dia descobre que o filho é ator de filme pornô. Achou ruim? Calma, piora: ela descobre também que o rapaz é extremamente avantajado. É até um conto bacaninha, gostei principalmente das divagações da narradora mais para o final. Vale lembrar também que Lynn é uma narradora feminina até bem razoável, o que acho um ponto positivo, já que o na minha opinião o Hornby não é muito feliz nas histórias com narradoras femininas.

Continue lendo “Not a Star and Otherwise Pandemonium (Nick Hornby)”

O Psicopata Americano (Bret Easton Ellis)

Perto do final do romance O Psicopata Americano, de Bret Easton Ellis, temos um capítulo chamado “Fim da década de 1980″. A verdade é que este bem que podia ser um título para a obra de Ellis, já que resume tão bem o espírito geral do que se lê ao longo das quase 500 páginas, em uma narrativa sob o ponto de vista de Patrick Bateman. Bateman é o “psicopata” da história, mas inicialmente aparece apenas como mais um yuppie (termo usado para se referir a jovens adultos de classe média ou alta), com uma rotina tão próxima do esteriótipo que chega quase a ser um clichê. Ele se preocupa com a marca das roupas que usa, repara nas que seus colegas de trabalho usam, quer frequentar os lugares da moda, é mimado, egoísta e completamente desprovido de grandes sentimentos pelas pessoas próximas. É quando ele começa a falar em cabeças decepadas no congelador que o leitor passa a perceber que cheirar cocaína não é o único ato criminoso que Bateman comete.

Eu poderia seguir comentando sobre os assassinatos, mas durante a leitura resolvi tomar outro caminho. Explico: à medida que Bateman vai perdendo o controle sobre suas vontades e ficando cada vez mais violento, a narrativa fica pesadíssima. Torturas envolvendo choque elétrico, uma ratazana sendo colocada dentro da vagina de uma mulher, pedaços de outra sendo cozidos, etc. E acreditem, eu estou sendo breve e poupando os detalhes. Tem que ter estômago mesmo, e quem fala aqui é uma fã de filmes slashers, para ter ideia. Mas apesar de toda a piração do narrador ao descrever seus atos, não consigo deixar de ficar com uma certa pulga atrás da orelha sobre se os crimes realmente aconteceram, ou se ele estava apenas imaginando coisas. Algumas passagens colocam isso em dúvida, e por isso que foquei em outro aspecto, o de ninguém prestar atenção em ninguém.

Continue lendo “O Psicopata Americano (Bret Easton Ellis)”

O futuro de nós dois (Carolyn Mackler, Jay Asher)

Estava eu lendo uma matéria qualquer na Folha quando reparei na lateral da página a propaganda de um livro cuja capa lembrava, de certa maneira, o pôster de Nick and Norah’s Infinite PlaylistComo tinha gostado do filme, resolvi clicar no link para ver qual é do livro. Dizia a sinopse: “É 1996, e menos da metade dos alunos das escolas de ensino médio nos Estados Unidos já tinham usado a internet. Emma acaba de ganhar o primeiro computador e um CD-ROM da America Online de Josh, seu melhor amigo. E ao instalar o programa, logo no primeiro acesso, descobrem que acabam de entrar no Facebook, dali a quinze anos. Todos se perguntam como será o futuro. Josh e Emma estão prestes a descobrir…”. Uou! 1996!!! Internet das antigas!!! Prato cheio para uma criatura que adora nostalgia como eu.  Logo comecei a ler o livro e… que decepção.

Pois é. Decepção. A ideia é muito bem sacada, mas muito, muito, MUITO mal desenvolvida. Se você tira o fator “piadas sobre nosso futuro/nosso passado”, pans, o livro é chato. Não é só questão de chatice, é de ser vazio ou ainda, mais do mesmo. Melhores amigos que se apaixonam. Sério? Sério meeeeesmo? Chegou num ponto que eu já estava até querendo pular as páginas com momentos de Josh e Emma quando não estavam checando o Facebook, de tanto que parecia que aquelas páginas tinham sido escritas no piloto automático.  Sei que terá quem se encante, sei que pessoas acharão o Josh fofo e blablabla, mas duvido que alguém termine de ler o primeiro capítulo sem já saber tudo o que acontecerá dali para frente.

Continue lendo “O futuro de nós dois (Carolyn Mackler, Jay Asher)”

Viajando pelo olhar do outro: Londres e Paris

Semana passada começou a rolar pela internet um vídeo bem legal mostrando alguns lugares mais conhecidos de Londres. Hum, ok, eu sei que falando assim fica parecendo que não há nada de legal, já que o Discovery Travel já deve dar conta de muitos videos com imagens de Londres. O negócio é que esse é um video de 1926. Sim, quase 90 anos atrás. E mais bacana ainda é que ele é um video COLORIDO de Londres. A história por trás da gravação é de que o cineasta Claude Friese-Greene utilizou as imagens para o que seria uma espécie de “diário de viagem” de sua jornada cruzando a Grã-Bretanha chamada “The Open Road“. O video foi preservado mas esquecido, sendo que em 2007 ele foi completamente restaurado.

Continue lendo “Viajando pelo olhar do outro: Londres e Paris”

Meu namorado é um zumbi (Warm Bodies)

Eu não sei por que diabos fiquei tão brava quando vi que traduziram o título do filme Warm Bodies como Meu namorado é um zumbi aqui no Brasil. A questão é: me decepcionei um pouco com o livro Sangue Quente quando chegou ao Brasil, e passado um tempo ele “envelheceu” muito mal na minha memória. Sabe quando você pensa “Mas wtf, é um zumbi que se cura com o poder do amor? Isaac Marion, você está on drugs? Ou eu estava quando li e não me revoltei com o que foi feito do excelente conto I am a zombie filled with love?”. Enfim, divagações. O ponto é: o livro fica ali do médio para fraco, e a ideia central dele é realmente péssima, se você for pensar bem. Acho ok o fato de o ponto de vista ser de um zumbi, tudo bem ele se apaixonar, mas dezumbificar é fogo.

Então que quando vi a tradução do título, pensei que só podia ser zoação. Quando vi os trailers, ficou confirmado que sim, seria zoação mesmo. Mas como comentei em um post tem um tempo, foi justamente o fato de a adaptação ter partido para outro lado que salvou o filme. Desde o título ele já diz “Ei, não me leve à sério!” ou ainda “Olha só a tiração de sarro que estamos fazendo com filmes como Crepúsculo!” o que acaba mudando totalmente a forma de encarar a história. Continua sendo só para se divertir, e tem momentos de extrema vergonha alheia, mas o humor acaba salvando porque dá tintas de Sessão da Tarde para o que não tinha lugar nem em Cine Trash.

Continue lendo “Meu namorado é um zumbi (Warm Bodies)”

The IT Crowd

Clica aqui e vamos lá!

Uma mulher que entende lhufas sobre o universo geek por algum motivo aleatório passa a se relacionar com nerds. Não, eu não estou falando de The Big Bang Theory (que olha, até achava engraçadinha no começo, mas piiiiuf), mas de uma série britânica que foi lançada um ano antes, chamada The IT Crowd. Ok, paremos com as comparações aqui, porque The IT Crowd toma um outro rumo (e talvez por isso me agrade mais): não é só sobre ser nerd, e,  embora algumas piadas façam referência à cultura geek, a base do show não é essa, mas a relação entre Roy, Moss e Jen e seu cotidiano como empregados de uma grande empresa. E a graça é que os três são fantásticos, nenhum usa o outro de muleta ou brilha mais. Quando você pensa “Jen é minha personagem favorita”, vem um episódio impagável com o Roy, e aí depois o Moss e assim segue.

Como toda boa comédia britânica, muito do humor vem de situações completamente nonsense em que as personagens acabam se metendo, cito por alto aqui uma em que na empresa pensam que Jen morreu e um dos funcionários acaba achando que ela é um fantasma quando a vê, ou ainda um em que Moss fica preso dentro de uma daquelas máquinas de “pescar” brinquedos. Alguns episódios são claramente montados de modo a criar essas situações inusitadas, com acontecimentos aparentemente bobos que chegam em um momento completamente hilário, como quando no começo de um episódio Moss está assistindo a um comercial que informa que o número da emergência mudou de três dígitos para vários dígitos, e aí quando precisa ligar para a emergência um tempo depois, ele não consegue recordar do número.

Continue lendo “The IT Crowd”