Começou de uma indicação da Nina lá no twitter, aí vi o trailer e fiquei morrendo de vontade de assistir. Problema era o de sempre: não vejo filmes de terror com crianças se estiver sozinha desde que o Arthur nasceu (por motivos mais ou menos explicados no post sobre Atividade Paranormal 2). Mas acabou que ontem conseguimos dar uma escapada e fomos ao cinema conferir o filme (que já está nos cinemas nacionais desde o dia 05 deste mês). Com um selinho de qualidade Guillermo de Toro (produtor), acho que não preciso nem dizer que estava com altas expectativas, certo?
E o filme até que respondeu bem. Na questão susto/tensão Mama é realmente muito bom, talvez até por ser uma história de fantasma onde o fantasma não é uma presença sutil, mas na realidade bem física, digamos assim. Já nos minutos que antecedem os créditos iniciais podemos ver a Mama e do que ela é capaz – o diretor (Andy Muschietti) não fica guardando o ouro, e talvez por isso mesmo em determinado momento do filme só com uma risadinha de Lilly você já sente calafrios, porque você já sabe o motivo do riso.
Ontem o Tuca me apresentou o que achei um dos tumblrs mais bem sacados dos últimos tempos: Giffy Reviews. A ideia é, através de uma imagem (sim, no formato gif, Sherlock) “resenhar” um livro. Pense assim: é quase um Como eu me sinto quando, só que para livros. E achei tão engraçado que em pouco tempo já tinha visto todas as Giffy Reviews da página, e estava morrendo de vontade divulgar aqui no blog e também de fazer ao semelhante. Não, calma: não vou criar um tumblr assim, nem mudar o formato dos meus posts sobre livros. Mas resolvi entrar na brincadeira e fazer “giffy reviews” de alguns livros que li este ano, mas não comentei por aqui (o plano original, jogado na lixeira do wordpress, era falar deles no formato de um tweet, mas concisão não é bem uma qualidade minha, digamos assim). Vamos lá então, de janeiro até agora, temos:
Quando não está correndo atrás dos filmes do momento, é até engraçado o jeito que outros títulos chegam até você. De repente sai uma referência em um artigo de jornal, uma lista de favoritos, uma imagem de uma cena aleatória. É como se todo mundo estivesse falando dele sem nem se dar conta disso. Eu sempre tomo isso como um sinal de que está na hora de conferir, e foi o que aconteceu com Night of the Creeps, produção de 1986 que pode ser encontrada nas locadoras nacionais como A noite dos arrepios (mas como eu duvido muito que alguém ainda frequente locadoras, fiquemos com o título original que será mais fácil de localizar, sim?). Sabia pela sinopse que teria como elementos alienígenas invasores de corpos que transformavam as pessoas em zumbis, então já esperava alguma tosqueira mas nada, digo NADA me preparou para uma cena de abertura assim:
Aí você percebe pelos olhinhos brancos de um deles que ele é um zumbi, e ele consegue fazer com que um experimento seja lançado para fora da nave. Boooom! Corta, eis que começa uma musiquinha dos anos 50, imagem em preto e branco. Somos apresentados a alguns elementos típicos de filmes de terror com jovens: a fraternidade, a gatinha, o capitão do time que namora a gatinha, a galera namorandinho num lugar onde não deveria estar e bem, o básico, né: um louco fugitivo do hospício. Confesso que achei esses primeiros minutos meio estranhos (a legenda que confirmou que estava tudo ok e que as cores eram propositais, para começar), fiquei pensando “ué, louco com machado? Mas o filme não é de zumbis ets?”. Eis que uma estrela cadente aparece e os jovens (que nunca viram Scooby Doo e não sabem as implicações disso) resolvem ir investigar.
A Piada Mortal foi publicada originalmente em 1988, mas ainda hoje volta e meia alguma editora acaba republicando a revista aqui no Brasil. E isso não é por acaso. Falando de histórias de Batman, a obra criada por Alan Moore e o artista Brian Bolland está sem sombra de dúvida entre as grandes, daquelas que servem de inspiração até os dias de hoje. É importante também por trazer um evento que acabou repercutindo no universo DC, e mais ainda, por junto com outros tantos títulos não só de Moore mas também de Gaiman e outros autores da época, acabar de vez com aquela imagem de que quadrinhos são só para crianças. A Piada Mortal está longe, bem longe de aventuras mais inocentes, e talvez com O Asilo Arkham, de Grant Morrison e Dave McKean, forma a dupla de histórias mais sombrias do morcegão.
Considerando outras HQs de Moore, como Do Inferno, Watchmen e V de Vingança, A Piada Mortal é extremamente (e infelizmente!) curta. Por conta disso, os eventos são todos rápidos, concisos, sem qualquer enrolação, o que de maneira alguma quer dizer sem complexidade. E é aí que dá para ficar ainda mais admirado com o trabalho de Moore, de como com tão pouco ele conseguiu fazer tanto por uma personagem que aparece como favorito até na frente de heróis da DC se você questionar algum fã. O Coringa depois de Moore não foi mais o mesmo. Continue lendo “A Piada Mortal (Alan Moore)”
Um dos motivos que fizeram com que eu desse uma pausa no Hellfire há um ano foi o fato de passar boa parte do meu tempo no twitter, de modo que às vezes os tais do 140 caracteres sintetizavam o que seria um post por aqui, especialmente quando queria só compartilhar algum link interessante. O problema que não percebi na época é que nem todo mundo que lê o Hellfire frequenta o twitter (e mesmo quem frequenta, convenhamos que às vezes acabamos perdendo uma coisa ou outra na timeline). Bem, problema resolvido: agora de quando em quando (por de quando em quando quero dizer “este pode ser o primeiro e único, ou mês que vem eu volto com mais, ou… etc.) trarei uma seleção de tweets para quem ainda não está por lá (ou mesmo sugestão de gente para seguir caso você esteja por aquelas bandas também). Vamos lá:
Para o pessoal que entende bem inglês e adora Neil Gaiman:
Para quem ainda está na dúvida se compra um e-reader ou não:
Nunca tinha ouvido falar do livro The Little Stranger de Sarah Waters (lançado aqui no Brasil pela Record como Estranha Presença). O que chama minha atenção para a total ignorância sobre o título foi basicamente o fato de que eu adoro histórias de casas assombradas por fantasmas e bem, The Little Stranger tem uma casa assombrada por fantasmas. Junte aí o fato de que a obra foi finalista do Man Booker Prize de 2009 e pans, wtf Anica, por onde anda sua cabeça? Ok, voltamos à ordem natural das coisas, já li o dito cujo. É realmente uma ótima história de fantasmas, mas ela não é só uma história de fantasmas, e daí justamente o seu charme. De certa maneira lembrei muito de A outra volta do parafuso enquanto lia, já que muito dos recursos utilizados por Waters são bastante parecidos com os da obra de Henry James.
As semelhanças começam com a presença de um narrador não confiável, Faraday. Logo de cara ele descreve seus sentimentos sobre a primeira vez que esteve na mansão Hundreds Hall, quando ainda era criança: uma grande admiração e desejo de ser parte daquilo. Faraday era filho de pessoas humildes, ainda jovem perdeu a mãe e com esforços do pai conseguiu seguir carreira na medicina, e é como médico que retorna à mansão, para cuidar da empregada da família Ayres. Quando chega ao local, descobre que ele não tem mais nada a ver com as memórias de sua infância: decadente e caindo aos pedaços, Hundreds Hall aparece como um símbolo do que as Guerras fizeram com as famílias mais ricas da Inglaterra.
Já tem alguns dias que terminei O Teorema Katherine de John Green, mas quis esperar alguns dias para ver se envelhecia bem na minha cabeça. Não entenda mal: o livro é divertidíssimo, gostoso de ler, engraçado e cheio de referências bacanas (se você já assistiu a algum episódio do Mental Floss com o John Green vai sacar logo o que quero dizer com isso). Mas… mas… chegou por aqui depois de A culpa é das estrelas. E é até injusto julgar O Teorema Katherine tendo como critério de comparação A culpa é das estrelas, porque há um intervalo de seis anos (e três livros) entre eles, porém, por mais que você repita o mantra “não eleve suas expectativas, não eleve suas expectativas”, o final da leitura deixa um gosto meio agridoce, digamos assim.
Logo de cara para o que eu não gostei para que depois eu vá para o que eu gostei: o livro é MUITO previsível. Ridiculamente previsível. Previsível do tipo: personagem entra na história e você já sabe qual será o desfecho do livro, porque já viu ‘n’ filmes e leu ‘n’ livros assim. Pode ser falta de jeito de um escritor até então não tão experiente (lembrando, este foi o segundo livro publicado do Green lá fora), mas enquanto ele consegue ser bastante sutil e surpreender quando já maduro em A culpa é das estrelas, em O Teorema Katherine ele entrega apenas mais do mesmo. Não tem nada aqui que você já não tenha lido (ou visto) em histórias para adolescentes já contadas nos últimos anos. Além disso, acho que os conflitos das personagens são extremamente rasos, sem profundidade, quando o próprio enredo oferecia uma ótima oportunidade para falar dos desafios de tornar-se adulto de um modo mais sutil. E se usei a palavra “sutil” duas vezes em um mesmo parágrafo acho que dá para resumir a coisa toda como “falta de sutileza”. Mas veja bem, não estou me contradizendo sobre não poder comparar um com outro pelo intervalo de tempo. É um defeito do livro independente do que Green publicou depois. O problema é que pela ordem de publicação nem todo mundo aqui no Brasil ficará sabendo que O Teorema veio antes de A culpa, e para muitos ficará parecendo que a qualidade da escrita dele caiu, ao invés de evoluir. Então fica o aviso: Teorema veio antes. Não se esqueça disso. E sim, é previsível. Tente não se irritar com isso e leve em consideração os outros aspectos, e você terá algumas horas de diversão, posso garantir.